Apple rejeita apps de iOS que rastreiam usuários via fingerprint

Regras de privacidade trazidas com o iOS 14 exigem que fingerprint (técnica de rastreamento) seja autorizado pelo usuário

Emerson Alecrim
• Atualizado há 2 anos e 11 meses
iPhone 12 Mini (imagem: Emerson Alecrim/Tecnoblog)
Tela do iPhone 12 Mini (imagem: Emerson Alecrim/Tecnoblog)

Com o lançamento do iOS 14 e atualizações dessa versão, a Apple adotou uma política de privacidade tão restrita que incomodou até o Facebook. Mas a companhia de Mark Zuckerberg não é a única afetada pela mudança: com base nas novas regras, a Apple vem rejeitando aplicativos que rastreiam usuários por meio de técnicas de fingerprint.

As regras da nova política vêm sendo implementadas progressivamente. O iOS 14.5, prestes a ser liberado, é a versão que efetivamente exigirá que o aplicativo que rastreia o usuário exiba a tela que pede a este autorização para esse tipo de atividade.

O efeito já é sentido. Alguns aplicativos já estão sendo rejeitados na App Store por não cumprirem esse requisito. Nas notificações enviadas aos desenvolvedores, a companhia explica que a rejeição se baseia no fato de o app “aplicar algoritmos e dados de uso para criar um identificador único com o intuito de rastrear o usuário”.

A Apple se refere ao fingerprint. Essa é uma técnica que, basicamente, coleta uma grande quantidade de dados sobre um dispositivo que permite identificá-lo de maneira única. É como montar um quebra-cabeça para distinguir um usuário dos outros.

Os dados analisados incluem versão do sistema operacional, localização geográfica, fuso horário, status da bateria, capacidade de armazenamento do dispositivo e muitos outros.

A técnica de fingerprint pode ser usada então para exibir anúncios direcionados, identificar como determinado recurso de um aplicativo é usado, qual a efetividade de uma campanha publicitária e assim por diante.

Embora as novas regras de privacidade não proíbam o fingerprint, elas restringem o uso da técnica por condicionarem o rastreamento à autorização concedida explicitamente pelo usuário. Nesse sentido, o acesso ao IDFA (identificador para publicidade da Apple), recurso usado para rastreamento, não exigia consentimento. Agora é diferente.

Aplicativos como Radish Fiction e Heetch estão entre os primeiros rejeitados, mas outros 50 mil apps também podem ter problemas. Isso porque todos eles são baseados em um kit de desenvolvimento (SDK) da Adjust, empresa especializada em métricas para o segmento móvel.

É justamente esse SDK que viola as regras. Ou era. A Adjust agiu rápido e mudou o kit para remover as funções que acessavam dados como tipo de CPU, quantidade de memória disponível e status da bateria do dispositivo. Cabe aos desenvolvedores aplicarem a atualização.

Mas a companhia já tratou de avisar que a nova política de privacidade da Apple “terá um impacto significativo sobre como os anunciantes direcionam anúncios para usuários do iOS”.

Para o mercado como um todo, o episódio serve de alerta: a Apple está mesmo levando as novas regras a sério.

Com informações: Bloomberg.

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Repórter

Emerson Alecrim cobre tecnologia desde 2001 e entrou para o Tecnoblog em 2013, se especializando na cobertura de temas como hardware, sistemas operacionais e negócios. Formado em ciência da computação, seguiu carreira em comunicação, sempre mantendo a tecnologia como base. Em 2022, foi reconhecido no Prêmio ESET de Segurança em Informação. Em 2023, foi reconhecido no Prêmio Especialistas, em eletroeletrônicos. Participa do Tecnocast, já passou pelo TechTudo e mantém o site Infowester.