Apple vai mostrar mais propagandas em seus aplicativos do iPhone

Após prejudicar setor de publicidade com medidas contra rastreamento, Apple aposta em anúncios para ter uma nova fonte de receita

Giovanni Santa Rosa
Por
Apple iPhone SE (2022) (Imagem: Darlan Helder/Tecnoblog)

A Apple quer novas fontes de receita para não depender das vendas de aparelhos. Isso não é novidade: já faz algum tempo que a empresa passou a investir em serviços, e daí nasceram iniciativas como o Apple TV+ e o Fitness+. A próxima jogada promete ser polêmica: a empresa colocará mais propagandas nos seus aplicativos.

Na última reunião com investidores, Todd Teresi, vice-presidente de anúncios, disse que a ideia é expandir os negócios significativamente. A área gera US$ 4 bilhões anualmente, e o objetivo é chegar aos dois dígitos.

Mark Gurman, jornalista da Bloomberg especializado em Apple, acredita que a empresa vai colocar propagandas no Maps — os anúncios apareceriam nos resultados de busca. Outros lugares que podem receber conteúdo publicitário são as páginas iniciais do Apple Books e do Apple Podcasts.

Em todos os casos, a mecânica seria parecida: quem já está presente nestas plataformas paga para aparecer. Restaurantes e lojas poderiam anunciar no Maps para ficar no topo da busca, por exemplo. Editoras poderiam contratar o serviço para colocar seus livros em lugar de destaque na loja, e assim sucessivamente.

Na App Store, isso já acontece: desenvolvedores podem pagar para seus apps aparecerem na busca. O que a Apple poderia fazer é colocar propagandas nas páginas de cada aplicativo — na área de programas relacionados, por exemplo.

Até mesmo um plano do Apple TV+ com propaganda não está descartado.

Além da loja de aplicativos, a empresa também conta com propaganda no aplicativo de Notícias (não disponível no Brasil) e no aplicativo Bolsa.

Apple já atrapalhou negócios de concorrentes

Procurar novas fontes de receita faz parte dos negócios de toda a empresa, mas um esforço maior em propaganda seria, no mínimo, irônico para a Apple.

Em 2021, a companhia adotou uma ferramenta chamada App Tracking Transparency (ATT), que obrigou os aplicativos a perguntarem se o usuário concorda em ter seu aparelho rastreado. A medida visava aumentar a privacidade de seus produtos, um ponto que a Apple sempre explora em seu marketing.

Quem trabalha com publicidade, porém, saiu muito prejudicado. Gigantes como a Meta perderam dinheiro: uma queda de US$ 10 bilhões no faturamento por causa da mudança. Pequenos desenvolvedores também sentiram o impacto no bolso, e anunciantes relatam maior dificuldade para converter (como a área chama quando o usuário clica no anúncio).

A situação fica um pouco pior para a Apple porque ela usa dados de outros serviços para direcionar propagandas. É possível desativar esse rastreamento nas opções de segurança e privacidade do aparelho, mas informações como operadora, tipo de dispositivo e o que você lê continuam sendo enviados para a companhia.

Com informações: Bloomberg.

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Giovanni Santa Rosa

Giovanni Santa Rosa

Repórter

Giovanni Santa Rosa é formado em jornalismo pela ECA-USP e cobre ciência e tecnologia desde 2012. Foi editor-assistente do Gizmodo Brasil e escreveu para o UOL Tilt e para o Jornal da USP. Cobriu o Snapdragon Tech Summit, em Maui (EUA), o Fórum Internacional de Software Livre, em Porto Alegre (RS), e a Campus Party, em São Paulo (SP). Atualmente, é autor no Tecnoblog.

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