Chefe do WhatsApp diz que Telegram tem “problema real de privacidade”

Para Will Cathcart, presidente global do WhatsApp, falta de criptografia no chat comum do Telegram é desvantagem

Emerson Alecrim
• Atualizado há 2 anos e 11 meses
Aplicativo do Telegram (Imagem: André Fogaça/Tecnoblog)
Telegram no iPhone (imagem: André Fogaça/Tecnoblog)

Nas últimas semanas, a procura por mensageiros como Telegram e Signal aumentou em função das mudanças na política de privacidade do WhatsApp. Essa situação fez Will Cathcart, presidente global da plataforma, “sair da toca” para dar algumas explicações e cutucar a concorrência. Ele afirma, por exemplo, que o Telegram tem um “problema real de privacidade e segurança”.

A declaração foi dada em entrevista recente à Folha de S.Paulo. Cathcart afirma que o Telegram não possui criptografia ponta a ponta e que o serviço mantém uma cópia das mensagens em servidores. São esses dois aspectos que são vistos pelo executivo como pontos negativos da plataforma.

Já faz algum tempo que o Telegram é criticado por isso. Não por acaso, Pavel Durov, um dos criadores do serviço, veio a público em 2017 para explicar que essa percepção de que o Telegram é menos seguro do que plataformas concorrentes não é realista.

Na verdade, o Telegram tem criptografia ponta a ponta — recurso em que somente o remetente e o destinatário podem ler as mensagens —, mas ativada por padrão apenas nos chamados chats secretos.

Os chats comuns do Telegram é que não contam com esse tipo de proteção. No lugar desse recurso, o serviço implementa uma criptografia de “servidor para cliente”.

A explicação para essa diferença está no fato de os chats comuns serem armazenados na nuvem do Telegram para permitir que o usuário tenha acesso às mensagens a partir de dispositivos diferentes, por exemplo. Chats secretos não vão para a nuvem e só podem ser acessados pelos dispositivos de origem e destino.

Aplicativo do Telegram (Imagem: Christian Wiediger/Unsplash)

Aplicativo do Telegram (imagem: Christian Wiediger/Unsplash)

Ao comentar o assunto em 2017, Pavel Durov explicou que essa distinção existe para permitir que o Telegram ofereça funcionalidades adicionais, como possibilidade de o usuário recuperar mensagens de chats comuns a partir da nuvem da plataforma, acesso às mensagens a partir de múltiplos dispositivos e conversas em grupos ou canais com milhares de membros.

Signal foi menos criticado

As afirmações de Will Cathcart contra o Telegram vieram em resposta à pergunta sobre o que ele diria para o usuário que estiver indeciso sobre qual serviço de mensagens instantâneas escolher.

Quando questionado sobre o Signal, o executivo disse apenas que o WhatsApp tem funcionalidades adicionais, como chamadas por vídeo, e é muito confiável.

A última afirmação vem em alusão ao fato de o Signal ter ficado offline neste mês. Mas, quanto a isso, é necessário levar em conta que o WhatsApp também já teve seus momentos de pane.

Leia | Como tirar o visto por último no Telegram

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Emerson Alecrim

Emerson Alecrim

Repórter

Emerson Alecrim cobre tecnologia desde 2001 e entrou para o Tecnoblog em 2013, se especializando na cobertura de temas como hardware, sistemas operacionais e negócios. Formado em ciência da computação, seguiu carreira em comunicação, sempre mantendo a tecnologia como base. Em 2022, foi reconhecido no Prêmio ESET de Segurança em Informação. Em 2023, foi reconhecido no Prêmio Especialistas, em eletroeletrônicos. Participa do Tecnocast, já passou pelo TechTudo e mantém o site Infowester.