Clientes de fundo do Nubank têm prejuízo com crise na Americanas

Investidores que tinham dinheiro no Nu Reserva Imediata ficaram com rendimentos negativos; fundo tem papéis de dívida da Americanas

Giovanni Santa Rosa
• Atualizado há 1 ano
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Nubank (Imagem: Vitor Pádua / Tecnoblog)

As inconsistências contábeis de R$ 20 bilhões nas dívidas da Americanas não estão afetando apenas a empresa. Entre quinta (12) e sexta (13), clientes do Nubank que tinham dinheiro no fundo Nu Reserva Imediata se depararam com rendimentos negativos, já que ele aplicava em papéis da varejista.

Segundo o Estadão Conteúdo, o valor da cota do Nu Reserva Imediata caiu de R$ 1,147577 para R$ 1,138968, o que dá um prejuízo de cerca de 0,76% em um dia.

O jornal O Globo acessou dados da Comissão de Valores Imobiliários e apurou que cerca de 1% do total do dinheiro sob gestão estava empenhado em dois papéis da Americanas, LAMEA7 e LAMEA4.

Ao longo da semana passada, a Americanas divulgou que seus balanços tinham uma inconsistência contábil de R$ 20 bilhões em suas dívidas

A varejista conseguiu na Justiça uma medida de tutela cautelar, que suspende por 30 dias o pagamento de dívidas. A companhia diz que elas chegam a R$ 40 bilhões.

Segundo o InfoMoney, as debêntures da Americanas passaram a ser negociadas por até metade do valor. Isso afetou o Nu Reserva Imediata, e também fundos de outros gestores que possuíam papéis da empresa em suas carteiras.

Nu Reserva Imediata inclui crédito privado

O Nu Reserva Imediata é um fundo de renda fixa que investe em crédito privado. Isso quer dizer ele aplica o dinheiro dos clientes em títulos da dívida pública, emprestando para o governo, e também em títulos privados, emprestando para bancos e empresas.

Incluir crédito privado no fundo tem como objetivo buscar rendimentos mais altos. Para financiar suas operações, bancos e empresas podem oferecer juros acima da média do mercado. Por outro lado, isso traz riscos: a chance de tomar um calote sempre existe, por menor que seja.

O regulamento (PDF) do Nu Reserva Imediata define que até 50% do seu dinheiro pode ir em operações privadas. Segundo a documentação disponível (PDF) no app do Nubank, 26% do patrimônio estão em papéis desse tipo.

Nubank sugeria fundo para reserva de emergência

Especialistas em finanças costumam indicar a reserva de emergência como o primeiro investimento a ser feito por qualquer pessoa. Ele serve para cobrir gastos imprevistos.

Por isso, deve ficar em alguma aplicação que possa ser sacada a qualquer momento e que não fique negativa.

O Nu Reserva Imediata se qualifica no primeiro critério, já que permite o resgate no mesmo dia útil. No entanto, ele pode ficar no prejuízo, devido ao risco que os papéis de empresas privadas representam.

Mesmo assim, o banco digital mencionava o fundo como opção para reserva de emergência em suas páginas de ajuda.

Na Nu Invest, corretora do Nubank, a informação continua online:

Isso o torna um investimento de baixo risco, que pode inclusive ser uma opção para guardar uma reserva de emergência — aquele dinheiro que você pode precisar de repente e, portanto, precisa estar investido em um lugar seguro e com acesso rápido. Ele também pode ser um primeiro fundo para quem ainda não tem o costume de investir.

Já a página do Nubank sobre as Caixinhas — contas virtuais em que os clientes guardam dinheiro para objetivos específicos — foi atualizada e ganhou uma seção explicando sobre possíveis oscilações do Nu Reserva Imediata. Antes, isso não estava no texto.

O que diz o Nubank

Ao Estadão Conteúdo, o Nubank diz que cerca de 10% das “Caixinhas” têm recursos no Nu Reserva Imediata. A empresa diz o impacto “tende a ser amenizado ao longo do tempo pela estratégia de gestão do fundo”.

Já a Nu Asset Management, gestora dos fundos do Nubank, diz que a parcela de investimentos nas debêntures das Lojas Americanas era considerada AAA, mas foi revista.

Com informações: O Globo, Estadão Conteúdo.

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Giovanni Santa Rosa

Giovanni Santa Rosa

Repórter

Giovanni Santa Rosa é formado em jornalismo pela ECA-USP e cobre ciência e tecnologia desde 2012. Foi editor-assistente do Gizmodo Brasil e escreveu para o UOL Tilt e para o Jornal da USP. Cobriu o Snapdragon Tech Summit, em Maui (EUA), o Fórum Internacional de Software Livre, em Porto Alegre (RS), e a Campus Party, em São Paulo (SP). Atualmente, é autor no Tecnoblog.