Com 5G, TV aberta via satélite pode migrar para banda Ku

Se não houver filtro eficiente, TV aberta via satélite (TVRO) poderá migrar para banda Ku para que 5G seja implementado no Brasil

Lucas Braga
• Atualizado há 3 anos
Antena parabólica. Foto: LoggaWiggler/Pixabay

Um dos principais impasses e motivos que atrasaram o leilão de frequências para 5G é a interferência causada no serviço de TV aberta via satélite (TVRO). O presidente da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel), Leonardo Euler de Morais, afirma que a reguladora deve optar pela transição para a banda Ku caso não haja filtros que mitiguem a interferência causada por dispositivos usando a nova tecnologia.

Para a adoção do 5G em 3,5 GHz, a Anatel prevê duas alternativas para o serviço de TVRO: mitigação ou migração. A mitigação prevê o uso de um filtro LNBF (bloco de conversão de baixo ruído) nas parabólicas que atenuaria interferências das torres e dispositivos móveis; já a migração envolve a adoção da banda Ku para o serviço de TV aberta via satélite.

Euler diz que a área técnica da Anatel ainda não se sentiu “confortável” com os filtros LNBFs apresentados. Alguns testes já foram realizados, mas os resultados não agradaram.

Morais aponta que as fabricantes têm apresentado protótipos baseado nos resultados apresentados pela agência, mas que deve seguir com a migração para a banda Ku caso não haja uma solução de mitigação até o leilão de frequências, que deve ocorrer no primeiro trimestre de 2021.

Migração para banda Ku é a solução mais cara

A banda C compreende a frequência de 3,7 GHz a 6,4 GHz. Cerca de 11 satélites brasileiros adotam a faixa, mas outros 26 estrangeiros também possuem autorização para atender o Brasil. Já a banda Ku usa a faixa de 10,7 GHz a 18 GHz. A migração seria complexa e onerosa, envolvendo mudanças de posições dos satélites e utilização de novas antenas parabólicas. Também seria necessário substituir receptores e LNBs dos cerca de 12,5 milhões de usuários.

No passado, o SindiTelebrasil calculou que a migração da TVRO para a banda Ku custaria em torno de R$ 7,7 bilhões, enquanto uma solução de mitigação sairia por R$ 455,7 milhões. A conta da distribuição dos kits deve ficar para as operadoras que arrematarem o espectro da quinta geração.

A situação lembra o desligamento da TV analógica: a Anatel precisou liberar a frequência do serviço para a adoção do 4G de 700 MHz, e as operadoras de celular tiveram de arcar com os custos da distribuição de conversores ISDB-T e antenas UHF.

Com informações: Telesíntese

Leia | O que é Banda Ku, Banda Ka e Banda C?

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Lucas Braga

Lucas Braga

Repórter especializado em telecom

Lucas Braga é analista de sistemas que flerta seriamente com o jornalismo de tecnologia. Com mais de 10 anos de experiência na cobertura de telecomunicações, lida com assuntos que envolvem as principais operadoras do Brasil e entidades regulatórias. Seu gosto por viagens o tornou especialista em acumular milhas aéreas.