Facebook é risco para segurança nacional e democracia, diz delatora

Ex-gerente de produto do Facebook, Frances Haugen prestou depoimento ao Senado dos EUA e disse que empresa prioriza lucros e não age para proteger usuários

Giovanni Santa Rosa
• Atualizado há 3 anos

Frances Haugen, ex-gerente de produto do Facebook, decidiu denunciar as práticas nocivas do Facebook e divulgar pesquisas internas que mostravam que a companhia sabia dos danos que causava. Ela depôs nesta terça-feira (5) ao Senado dos EUA e disse que as redes sociais da empresa “fazem mal para crianças, causam divisão e enfraquecem nossa democracia”.

À subcomissão de comércio do Senado americano, a delatora também afirmou que a empresa sabe como tornar o Facebook e o Instagram mais seguros, mas não faz as mudanças necessárias por priorizar seus lucros astronômicos.

A ex-funcionária pediu que o Congresso agisse para enfrentar a questão, comparando a gigante das redes sociais às indústrias de tabaco e fabricantes de opioides, que foram alvo da ação do governo depois que os prejuízos causados por elas vieram à tona.

“Nós podemos ter uma rede social para nos divertimos, que nos conecte uns aos outros, sem destruir nossa democracia, colocar nossos filhos em risco e semear violência étnica ao redor do mundo. Dá para melhorar.”

Frances Haugen, ex-gerente de produto do Facebook

Haugen declarou que o modo como o Facebook opera representa um risco à segurança nacional. Ela mencionou a espionagem chinesa contra populações da minoria étnica uigur e do governo iraniano contra outros agentes de Estado. A ex-gerente se mostrou disposta a colaborar com outras comissões do Congresso dos EUA para tratar desses assuntos.

Haugen colaborou com reportagens investigativas

Frances Haugen revelou sua identidade no último domingo (3) no programa 60 Minutes. Antes, ela havia compartilhado uma série de documentos com autoridades e com o Wall Street Journal.

App do Instagram (Imagem: Brett Jordan/Unsplash)
App do Instagram (Imagem: Brett Jordan/Unsplash)

A publicação fez uma série de reportagens investigativas mostrando que o Facebook tinha ciência dos problemas de seus aplicativos, como desinformação e danos na saúde mental de garotas. As revelações fizeram o Instagram suspender os planos de uma versão para crianças de seu aplicativo.

A ex-gerente de produto também teria registrado oito reclamações contra o Facebook na SEC (comissão que regulamenta o mercado financeiro dos EUA) por esconder de investidores e da população pesquisas internas que mostram suas falhas.

Facebook: delatora não tinha contato com a chefia

Em reação ao depoimento e às acusações de Haugen, Andy Stone, porta-voz do Facebook, disse em seu Twitter que a ex-funcionária trabalhou menos de dois anos na empresa, não se reportava diretamente à chefia e não participou de reuniões de tomada com executivos da chefia.

“Nós não concordamos com a forma como ela descreve as muitas questões mencionadas no depoimento”, acrescentou Stone. “Mesmo assim, concordamos que é hora de começar a criar regras padronizadas para a internet.”

Com informações: CNN

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Giovanni Santa Rosa

Giovanni Santa Rosa

Repórter

Giovanni Santa Rosa é formado em jornalismo pela ECA-USP e cobre ciência e tecnologia desde 2012. Foi editor-assistente do Gizmodo Brasil e escreveu para o UOL Tilt e para o Jornal da USP. Cobriu o Snapdragon Tech Summit, em Maui (EUA), o Fórum Internacional de Software Livre, em Porto Alegre (RS), e a Campus Party, em São Paulo (SP). Atualmente, é autor no Tecnoblog.