Fairphone 2 será atualizado pela última vez após quase dez anos de suporte

Fabricante vai encerrar o suporte oficial ao Fairphone 2 em 2023; usuários que optarem pela reciclagem do celular vão ganhar um voucher de 50 euros

Bruno Gall De Blasi
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RIP Fairphone 2 (Imagem: Divulgação/Fairphone)
RIP Fairphone 2 (Imagem: Divulgação/Fairphone)

Em 2015, a Fairphone apresentou a segunda geração do seu celular ético e sustentável, mantendo-o de pé até os dias atuais. Mas agora é hora de dizer adeus: nesta segunda-feira (9), a fabricante europeia alertou que o suporte do Fairphone 2 chegará ao fim em breve. Dessa forma, o smartphone não vai mais receber atualizações do Android depois de quase uma década de atenção.

Pois é, nunca imaginei que iria escrever uma notícia dessas. Afinal, o celular com Snapdragon 801 foi revelado em dezembro de 2015 com Android 5 (Lollipop) e, em 2020, atualizado para o Android 9 (Pie). Depois, em 2021, a fabricante iniciou os testes para o Android 10 e liberou a versão final em 2022.

Sete anos depois, a empresa está se preparando para deixar o celular de lado: a Fairphone informou, em uma publicação no seu próprio blog, que vai parar de atualizar o celular.

“Em março de 2023, compartilharemos uma atualização final do software Fairphone 2 para Android 10”, explicaram.

Esta decisão não impede o uso do celular, que permanecerá funcional. Todavia, a empresa não se responsabilizará por correções para impedir bugs ou falhas de segurança que vão aparecer no futuro.

A própria fabricante ressaltou esta preocupação. Segundo a companhia, após o encerramento do suporte, “o celular começará a ficar para trás em termos de atualizações de segurança. Portanto, o dispositivo ficará mais inseguro com o tempo”.

Por isso, é importante evitar o uso de softwares com dados sensíveis, especialmente aplicativos de bancos.

Celular da Fairphone (Imagem: Reprodução)
Celular da Fairphone (Imagem: Reprodução)

Fairphone vai dar voucher para quem reciclar o celular

Diante desse cenário, manter o uso do celular não é lá uma opção exatamente recomendada. Afinal, sem as atualizações, os usuários estão expostos a riscos. Portanto, o que fazer com o smartphone?

Bem, a Fairphone tem uma solução: pensando no meio ambiente, a empresa está oferecendo um voucher de 50 euros (cerca de R$ 280 em conversão direta) para quem enviar o celular para reciclagem.

Para receber o bônus, basta se registrar no programa até 31 de março de 2023.

Se ainda quiser mantê-lo em suas mãos, não há problemas. Você poderá continuar o uso, mesmo ciente que os riscos serão por sua conta.

Os usuários também podem optar por ROMs customizadas, como o LineageOS.

Outra alternativa é utilizá-lo completamente desconectado para tarefas offline. E esta é uma opção interessante, pois já cansei de utilizar celulares antigos para rodar jogos que não dependem de internet para funcionar.

Assim, você não corre riscos e ainda se diverte.

Assim como o Fairphone 4 (foto), os demais celulares da marca podem ser facilmente reparados em casa (Imagem: Divulgação)
Assim como o Fairphone 4 (foto), os demais celulares da marca podem ser facilmente reparados em casa (Imagem: Divulgação)

Fairphone 2 ainda tem peças à venda pela fabricante

Parte da proposta da Fairphone é oferecer celulares modulares. Dessa forma, os próprios usuários podem fazer o reparo do smartphone em casa ao adquirir peças no site da fabricante, expandindo o tempo de vida útil dos aparelhos.

Se você é dono de um Fairphone 2, é bom ficar atento. Em nota, a companhia informou que tem um suprimento limitado de peças de reposição no site virtual.

“Esperamos poder continuar oferecendo esse hardware enquanto durarem os estoques ou enquanto tivermos uma quantidade razoável de usuários ativos”, explicaram.

Todavia, nem todos componentes podem ser comprados. É o caso do módulo inferior, que está disponível apenas para dispositivos ainda na garantia.

Android 13
Android 13 (Imagem: Vitor Pádua/Tecnoblog)

Celular prova que é possível oferecer mais tempo de suporte

A Fairphone é uma empresa que chama a atenção por fugir do convencional. Por exemplo, antes mesmo de a Apple pensar em remover o carregador do iPhone, a fabricante já realizava esta prática. E ia além: nem sequer entregava o cabo USB.

Os smartphones, no entanto, vinham com um acessório inusitado: uma chave de fenda. Afinal, graças ao formato modular adotado desde a primeira geração, os usuários têm a liberdade para comprar as peças do celular no site da empresa para fazer o reparo em casa, sem depender de terceiros.

Essa combinação traz dois benefícios. Em primeiro lugar, ajuda o meio ambiente, pois os celulares se tornam menos descartáveis.

Essa prática também prolonga a duração do aparelho. Afinal, a empresa vende desde a porta USB-C até a tela do Fairphone 4 em sua loja virtual, por exemplo, para você fazer a reposição das peças por conta própria.

O Fairphone 2 ainda quebrou o recorde entre os demais celulares Android. Claro, o smartphone não tinha a versão mais recente do Android. Por outro lado, a fabricante vai manter o foco e a atenção no aparelho por sete anos e três meses.

Enquanto isso, a Motorola lançou um celular com bom desempenho e só prometeu uma versão do Android.

Por outro lado, a Fairphone não é única com essa preocupação. A Samsung, por exemplo, liberou uma atualização para o Galaxy S7 e S8 do nada, em agosto de 2022, para otimizar o GPS. Os smartphones foram lançados em 2016 e 2017, respectivamente.

O iPhone 5S é outro guerreiro de longa data. Em setembro, o celular da Apple lançado em 2013 (!) recebeu uma atualização para o iOS 12.5.6 para tapar brechas de segurança.

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Bruno Gall De Blasi

Bruno Gall De Blasi

Ex-autor

Bruno Gall De Blasi é jornalista e cobre tecnologia desde 2016. Sua paixão pelo assunto começou ainda na infância, quando descobriu "acidentalmente" que "FORMAT C:" apagava tudo. Antes de seguir carreira em comunicação, fez Ensino Médio Técnico em Mecatrônica com o sonho de virar engenheiro. Escreveu para o TechTudo e iHelpBR. No Tecnoblog, atuou como autor entre 2020 e 2023.

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