Forte crise pode fazer Intel vender divisões e cortar custos

Intel já anunciou plano de demissões; redução de custos pode envolver até venda de divisão que fabrica chips para terceiros

Emerson Alecrim
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Intel (Imagem: Vitor Pádua/Tecnoblog)

A Intel está enfrentando uma forte crise financeira. Para lidar com ela, a companhia deve anunciar medidas drásticas em breve. Entre elas pode estar a venda de unidades de negócio sob seu controle. Há o risco até de a divisão de fabricação de chips para terceiros ser vendida.

Pat Gelsinger, CEO da Intel, deve se unir a outros executivos do alto escalão da companhia para apresentar um plano de recuperação, de acordo com a Reuters. A previsão é a de que esse plano seja apresentado até o final do mês.

Já há pistas sobre o que deve ser anunciado. As medidas mais importantes devem envolver a venda de divisões que exigem altos investimentos, mas não são críticas para o futuro da Intel. Especializada em chips programáveis (FPGA), a Altera pode ser uma dessas divisões. Ela pertence à Intel desde 2015.

De acordo com a Bloomberg, existe também a possibilidade de a Intel se desfazer de um negócio que ainda está em construção: a divisão que fabrica chips sob encomenda para terceiros que, em seu auge, concorreria com companhias como TSMC e Samsung.

Chamada de Intel Foundry, essa divisão poderia ajudar companhias americanas a depender menos de fabricantes asiáticas na produção de chips avançados. Mas ela vem custando caro à Intel. Somente no segundo trimestre de 2024, a Intel Foundry apresentou prejuízo de US$ 2,8 bilhões.

Ainda que as fontes próximas à companhia consultadas pelo Reuters não tenham previsto nenhum anúncio sobre a Intel Foundry no plano a ser apresentado até o fim do mês, a possibilidade de esse negócio ser totalmente separado da companhia não está descartada.

Isso porque a a Intel Foundry exige altos investimentos para ser estruturada e mantida. Além disso, a divisão ainda não obteve pedidos volumosos o suficiente para deixar o negócio em situação favorável. Não há perspectiva de reversão dos prejuízos nos próximos meses, portanto.

Fábrica da Intel em Oregon (imagem: divulgação/Intel)
Fábrica da Intel em Oregon (imagem: divulgação/Intel)

Fato é que a Intel precisa mesmo agir. Além dos recentes prejuízos operacionais, a companhia está atrasada no âmbito da inteligência artificial na comparação com rivais como a Nvidia.

No momento, a Intel vem tentando manter um delicado equilíbrio entre a reorganização de suas estratégias futuras e a redução de gastos. Instituições financeiras como Morgan Stanley e Goldman Sachs já teriam sido contratadas para orientar a companhia sobre quais negócios se desfazer.

Intel já anunciou demissões

Algumas decisões drásticas já foram tomadas. Entre elas está a demissão de 15 mil funcionários como parte de um plano de redução de US$ 10 bilhões em custos até 2025. A decisão foi tomada depois de a Intel registrar prejuízo líquido de US$ 1,6 bilhão no último trimestre.

A redução de custos pode envolver ainda a paralisação ou cancelamento da construção de uma fábrica de semicondutores na Alemanha, projeto cujos custos são estimados em US$ 32 bilhões.

Para piorar, a empresa ainda tem que lidar com um abalo de sua imagem causado pela falha que afeta chips Core de 13ª e 14ª gerações para desktops. No intuito de evitar mais complicações, a Intel até soltou uma nota recentemente para reafirmar que chips Core para notebooks não são suscetíveis ao problema.

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Emerson Alecrim

Repórter

Emerson Alecrim cobre tecnologia desde 2001 e entrou para o Tecnoblog em 2013, se especializando na cobertura de temas como hardware, sistemas operacionais e negócios. Formado em ciência da computação, seguiu carreira em comunicação, sempre mantendo a tecnologia como base. Em 2022, foi reconhecido no Prêmio ESET de Segurança em Informação. Em 2023, foi reconhecido no Prêmio Especialistas, em eletroeletrônicos. Participa do Tecnocast, já passou pelo TechTudo e mantém o site Infowester.

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