Google adia testes de substituto de cookies de terceiros para 2022

Cronograma do Google para o FLoC, proposta da empresa para substituir cookies, dá mais três meses para discussão e empurra testes para ano que vem

Giovanni Santa Rosa
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• Atualizado há 2 anos e 4 meses
Google deve eliminar cookies de terceiros apenas em 2023 (Imagem: Tati Tata/Flickr)

O plano do Google para substituir os cookies de terceiros vai ficar no forno por um pouco mais de tempo. Um novo cronograma divulgado pela empresa prevê que os testes do FLoC devem começar apenas em 2022. As discussões sobre o assunto ganharam mais um trimestre na programação.

No cronograma anterior da Privacy Sandbox — um conjunto de novas tecnologias do Google para garantir a privacidade e, ao mesmo tempo, o direcionamento de propagandas — a discussão sobre o FLoC deveria se estender até o terceiro trimestre de 2021, mas, agora, ela vai até o fim do ano. Já os testes do substituto dos cookies, marcados para começar agora, no quarto trimestre, ficaram para 2022.

A timeline anterior também previa que a tecnologia deveria estar pronta para adoção já no quarto trimestre de 2022, antes da primeira fase de transição. Agora, este período está reservado para a continuidade dos testes.

Novo cronograma de implementação do FLoC
Novo cronograma de implementação do FLoC (Imagem: Google/Reprodução)

FLoC quer substituir cookies de terceiros

A sigla FLoC significa “aprendizagem federada de coortes” (coortes são conjuntos de pessoas que têm algo em comum). Essa tecnologia é a proposta do Google para substituir os cookies de terceiros, pequenas partes de informação não têm relação direta com o site que o usuário visita. Esses cookies servem para identificar usuários e fornecer informações para redes de anúncios (como a do próprio Google) para direcionamento de propaganda.

O problema com os cookies é a privacidade, já que eles podem ser usados para identificar um indivíduo. A anonimização de dados, usada para proteger as pessoas, não garante muita coisa: o cruzamento de algumas informações basta para revelar quem são as pessoas rastreadas.

Por isso, navegadores como Firefox, Brave e Safari passaram a vir com recursos nativos para bloquear estes cookies de terceiros, deixando liberados por padrão apenas aqueles que são usados pelo próprio site visitado para salvar configurações e manter logins ativos, entre outros recursos realmente úteis. 

Isso, como você pode imaginar, prejudica os negócios do Google, tornando os Google Ads menos relevantes.

Navegadores Firefox, Chrome e Edge no Android (Imagem: Ana Marques/Tecnoblog)
Navegadores Firefox, Chrome e Edge no Android (Imagem: Ana Marques/Tecnoblog)

Ninguém se empolgou com a ideia

Os planos do Google para o Chrome envolvem desativar o suporte para cookies de terceiros e colocar o FLoC no lugar. Afinal de contas, a publicidade direcionada é uma fonte importante de receitas para a empresa.

Outras companhias, porém, não gostaram da ideia. A Fundação Mozilla, responsável pelo Firefox, diz que o FLoC pode seguir grupos de usuários da mesma forma que os cookies, podendo inclusive afunilar o rastreamento em um nível individual. 

Brave, Vivaldi e Edge, — navegadores que também usam como base o Chromium, versão de código aberto do Chrome — também disseram que vão bloquear o recurso. 

Mesmo empresas que não desenvolvem navegadores, como WordPress e DuckDuckGo, se posicionaram contra a nova ferramenta.

Com informações: Privacy Sandbox, Android Central

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Giovanni Santa Rosa

Giovanni Santa Rosa

Repórter

Giovanni Santa Rosa é formado em jornalismo pela ECA-USP e cobre ciência e tecnologia desde 2012. Foi editor-assistente do Gizmodo Brasil e escreveu para o UOL Tilt e para o Jornal da USP. Cobriu o Snapdragon Tech Summit, em Maui (EUA), o Fórum Internacional de Software Livre, em Porto Alegre (RS), e a Campus Party, em São Paulo (SP). Atualmente, é autor no Tecnoblog.

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