Huawei recebe mais 90 dias para atualizar celulares e redes nos EUA

Huawei poderá enviar atualizações de segurança para celulares Android e fazer manutenção de rede; prazo pode ser renovado

Felipe Ventura
• Atualizado há 3 anos
Foto por Kārlis Dambrāns/Flickr

Os EUA ofereceram uma licença temporária para a Huawei continuar alguns de seus negócios com empresas americanas, incluindo manutenção de equipamentos de rede, atualizações de segurança para celulares Android, e contribuições para a tecnologia 5G. A empresa tem um prazo de 90 dias que pode ser renovado no futuro.

Vale notar que a Huawei só tem autorização para oferecer suporte a produtos já vendidos. “Essa licença permitirá que as operações continuem para os usuários de celulares e redes de banda larga rurais existentes da Huawei”, diz o secretário de Comércio Wilbur Ross em comunicado.

A empresa continua basicamente proibida de comprar chips da Qualcomm e Intel, e de obter acesso antecipado ao Android Q do Google. Para reabrir esses contratos, ela teria que solicitar uma nova licença ao governo americano, cuja chance de aprovação é praticamente nula.

A licença temporária dos EUA contempla quatro itens:

  • manutenção e suporte de redes móveis e equipamentos da Huawei já existentes e totalmente operacionais;
  • suporte a celulares Android, incluindo atualizações de software ou correções de segurança, para aparelhos disponíveis ao público até 16 de maio de 2019;
  • divulgação de vulnerabilidades de segurança em produtos da Huawei, incluindo redes móveis e celulares;
  • envolvimento com a Huawei através de um órgão de padrões — como o ITU, 3GPP e GSMA — para desenvolvimento do 5G.

A Licença Geral Temporária emitida pelos EUA vale para a Huawei Technologies e suas 68 afiliadas fora dos EUA, incluindo a Huawei do Brasil Telecomunicações sediada em São Paulo. Ela entrou em vigor em 20 de maio e se estenderá até 19 de agosto, podendo ser renovada.

Em nota à imprensa, a Huawei diz que “continuará a fornecer atualizações de segurança e serviços de pós-venda para todos os produtos Huawei, cobrindo todos aqueles que já foram vendidos ou ainda estão em estoque”. A fabricante completa: “continuaremos empenhados em construir um ecossistema de software seguro e sustentável, a fim de fornecer a melhor experiência para todos os nossos usuários globalmente”.

CEO da Huawei comenta licença temporária dos EUA

Ren Zhengfei, CEO e fundador da Huawei, disse ao jornal estatal Global Times nesta terça-feira (21) que essa licença temporária não significa muito para a empresa; e que ela está bem-preparada para as sanções dos EUA. Segundo a Bloomberg, a fabricante estocou componentes e peças suficientes para três meses de produção.

“Até onde eu sei, as empresas americanas vêm fazendo esforços para persuadir o governo dos EUA a permitir que elas cooperem com a Huawei”, explica Ren. “Sempre precisamos de chipsets desenvolvidos nos EUA, e não podemos excluir produtos americanos.”

Em entrevista à CCTV, o CEO também diz que as restrições comerciais dos EUA não afetarão o lançamento do 5G ao redor do mundo, pois ninguém deve alcançar a tecnologia da Huawei nos próximos dois a três anos. Ren raramente dá entrevistas.

A China vem adotando algumas medidas de retaliação contra os EUA. Canais estatais passaram a transmitir filmes antiamericanos; o governo barrou o último episódio de Game of Thrones no país; e o presidente Xi Jinping visitou nesta semana um local para extração de metais raros usados na fabricação de eletrônicos — o país é o maior exportador do mundo nesse setor.

O instituto de pesquisa ITIF (Information Technology and Innovation Foundation) estima que as restrições dos EUA à exportação de produtos podem custar até 74 mil empregos e US$ 56,3 bilhões em prejuízo para a economia americana, dependendo de sua escala.

Com informações: TechCrunch.

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Felipe Ventura

Felipe Ventura

Ex-editor

Felipe Ventura fez graduação em Economia pela FEA-USP, e trabalha com jornalismo desde 2009. No Tecnoblog, atuou entre 2017 e 2023 como editor de notícias, ajudando a cobrir os principais fatos de tecnologia. Sua paixão pela comunicação começou em um estágio na editora Axel Springer na Alemanha. Foi repórter e editor-assistente no Gizmodo Brasil.