Mastodon quer continuar sem fins lucrativos e já rejeitou cinco propostas

Desde que Elon Musk comprou Twitter, número de usuários do Mastodon cresceu de 300 mil para 2,5 milhões, atraindo olhares dos investidores

Giovanni Santa Rosa

Sempre que o assunto é alternativa ao Twitter, o nome do Mastodon surge na conversa. De fato, há similaridades, como as mensagens curtas, as hashtags e a rapidez. No entanto, uma diferença vai continuar, no que depender de Eugen Rochko, criador da rede. Ele recusou mais de cinco propostas de compra e deseja manter o projeto sem fins lucrativos.

Rochko revelou essas informações ao jornal Financial Times. Ele conta que as abordagens vieram de investidores com operações nos EUA e aconteceram nos últimos meses.

A ideia de Rochko é manter o Mastodon sem fins lucrativos e sem um dono. “O Mastodon não vai se transformar naquilo que você odeia no Twitter. Ele não pode ser vendido para um bilionário polêmico, não pode ser fechado, não pode ir a falência, e assim por diante. É a diferença de paradigmas entre as plataformas.”

Desde que Elon Musk comprou o Twitter, o Mastodon recebeu muita gente nova. Em outubro e novembro, a rede teve 2,5 milhões de usuários ativos mensalmente. Antes, eram apenas 300 mil.

Atualmente, o projeto conta com mais de 9,2 mil contribuintes no Patreon. Mensalmente, a soma chega a 28 mil libras esterlinas, cerca de R$ 177 mil, em conversão direta.

“Redes centralizadas podem impor limites arbitrários e injustos ao que pode ou não ser dito”, escreveu Rochko, quando Musk proibiu links para o Mastodon e baniu a conta que “seguia” a localização de seu jato particular.

“No Mastodon, acreditamos que não deve haver intermediários entre você e sua audiência”, continua o texto. “Jornalistas e instituições governamentais, especificamente, não deveriam depender de uma plataforma privada para se comunicar com a população.”

Parecido, mas diferente

Fundado em 2016, o Mastodon pode se parecer com o Twitter na experiência de uso e interface, mas é estruturado de uma maneira diferente.

Ele é uma rede social federada, que tem diversas instâncias, também chamadas de servidores.

Pense nisso como os diferentes provedores de e-mail: cada provedor tem suas próprias regras, mas quem tem Gmail pode mandar e-mail para o Yahoo, quem tem Yahoo pode mandar para o Outlook e assim por diante.

No Mastodon, é parecido: você se cadastra em uma instância, mas consegue seguir, interagir e enviar mensagens para usuários de outras.

Como cada instância tem suas próprias regras de moderação, algumas podem ser mais lenientes com conteúdos indesejados ou até mesmo ilegais. Por outro lado, se o usuário não quiser interagir ou ser importunado, ele pode bloquear uma instância inteira.

Os servidores podem fazer o mesmo e limitar interações entre seus usuários e usuários de outros servidores.

Rochko comanda duas das instâncias mais populares. Uma delas é o mastodon.social, que tem uma longa lista de servidores limitados ou suspensos por teorias da conspiração, desinformação, assédio, spam e atividade de bots.

Isto quer dizer que as pessoas que usam estes servidores podem continuar postando normalmente, mas não podem interagir com quem criou conta no mastodon.social.

Com informações: Ars Technica, The Guardian.

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Giovanni Santa Rosa

Giovanni Santa Rosa

Repórter

Giovanni Santa Rosa é formado em jornalismo pela ECA-USP e cobre ciência e tecnologia desde 2012. Foi editor-assistente do Gizmodo Brasil e escreveu para o UOL Tilt e para o Jornal da USP. Cobriu o Snapdragon Tech Summit, em Maui (EUA), o Fórum Internacional de Software Livre, em Porto Alegre (RS), e a Campus Party, em São Paulo (SP). Atualmente, é autor no Tecnoblog.