Elon Musk processa OpenAI e acusa Sam Altman de “trair missão” da empresa

Musk diz que OpenAI não se preocupa mais com o bem da humanidade e virou uma subsidiária da Microsoft, sua maior investidora

Giovanni Santa Rosa
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Elon Musk sentado com braços cruzados olhando para o lado esquerdo
Elon Musk é um dos cofundadores da OpenAI, mas deixou empresa em 2018 (Imagem: Kim Shiflett / NASA e Vitor Pádua / Tecnoblog)

Elon Musk está processando a OpenAI, Sam Altman (CEO) e Greg Brockman (presidente). Musk diz que a empresa e seus líderes traíram o objetivo de desenvolver a inteligência artificial para o bem da humanidade, sem fins lucrativos. O argumento é que a desenvolvedora do ChatGPT se tornou uma subsidiária da Microsoft, sua principal investidora.

Musk, Altman e Brockman são cofundadores da OpenAI. O argumento do processo (PDF) remonta a este período. Musk alega que Altman e Brockman o convenceram a ajudar na fundação e investir na empresa com a promessa de que ela não teria fins lucrativos. O acordo de fundação teria definido que a tecnologia desenvolvida pela OpenAI deveria ser disponibilizada gratuitamente.

ChatGPT e Sam Altman, CEO da OpenAI
Sam Altman é o CEO da OpenAI (Imagem: Vitor Pádua / Tecnoblog)

Musk diz que Altman e Microsoft fizeram complô

Na ação, Musk argumenta que a OpenAI “foi transformada em uma empresa de código fechado, subsidiária de facto da maior companhia de tecnologia do mundo: a Microsoft”.

Aqui, cabe uma explicação: existem duas OpenAI. A OpenAI, Inc. é uma organização sem fins lucrativos. Para conseguir recursos para o desenvolvimento da IA, ela criou a OpenAI Global, LLC, empresa com lucro limitado. A Microsoft investiu cerca de US$ 13 bilhões na OpenAI Global, LLC, e detém 49% da sociedade, sendo os outros 51% da OpenAI, Inc.

Sam Altman e Satya Nadella
Sam Altman e Satya Nadella, CEO da Microsoft, em 2019, quando começaram os investimentos (Imagem: Divulgação/Microsoft)

A desenvolvedora do Windows está colocando tecnologias de IA generativa em muitos de seus produtos, do Azure ao Bloco de Notas. Mesmo assim, Brad Smith, presidente da Microsoft, garante que ela não controla a OpenAI.

O processo menciona o episódio da demissão de Altman e Brockman, em novembro de 2023. Dias depois, eles voltaram a seus cargos, e o conselho da OpenAI passou por grandes mudanças. Musk acusa os dois e a Microsoft de trabalharem juntos para dispensar o conselho, que estaria lutando para garantir a missão original da empresa.

Processo visa impedir benefícios financeiros

O processo visa obrigar Altman, Brockman e a OpenAI a voltarem a cumprir as promessas do acordo de fundação. Isso inclui disponibilizar ao público as pesquisas e tecnologias desenvolvidas e proibir Altman, Brockman e a Microsoft de terem benefícios financeiros com a OpenAI.

Musk também pede que o juiz considere que o GPT-4 é uma inteligência artificial geral (AGI, em inglês), o que o removeria do acordo de licenciamento com a Microsoft. O empresário também quer que isso valha para tecnologias atualmente em desenvolvimento.

A ação ainda solicita que seja feita uma contabilidade das doações feitas à OpenAI por Musk e outras pessoas, quais tecnologias foram desenvolvidas graças a esse dinheiro e quanto Altman, Brockman e outros tiveram de benefícios pessoais por causa disso.

Por fim, Musk pede que possíveis indenizações sejam doadas a entidades sem fins lucrativos ou a instituições de caridade.

Com informações: TechCrunch, Bloomberg

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Giovanni Santa Rosa

Giovanni Santa Rosa

Repórter

Giovanni Santa Rosa é formado em jornalismo pela ECA-USP e cobre ciência e tecnologia desde 2012. Foi editor-assistente do Gizmodo Brasil e escreveu para o UOL Tilt e para o Jornal da USP. Cobriu o Snapdragon Tech Summit, em Maui (EUA), o Fórum Internacional de Software Livre, em Porto Alegre (RS), e a Campus Party, em São Paulo (SP). Atualmente, é autor no Tecnoblog.

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