Oi deixa clientes de telefone fixo sem suporte e força migração para fibra

Rede de cobre é antiga, dá prejuízo e vem sendo desativada; clientes de telefone fixo reclamam de falta de conserto

Giovanni Santa Rosa Lucas Braga
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• Atualizado há 6 meses
Loja da Oi
Loja da Oi (Imagem: Divulgação)

A tecnologia avança, mas as infraestruturas do passado não desaparecem. É o que vem acontecendo com a Oi. A empresa ainda tem assinantes de serviços baseados em sua rede de cobre, com telefone fixo e internet banda larga. Aos poucos, a companhia está migrando esses clientes, mas o processo está longe de agradar a todo mundo.

Telefone que não funciona sem luz

A rede de cobre é cara e dá prejuízo para companhia. Por isso, ela vem sendo desativada aos poucos. Nas áreas onde isso está para acontecer, a Oi oferece a migração para fibra ótica, quando está disponível.

Neste caso, quem tem telefone fixo passa a contar com uma linha conectada ao modem, por VoIP (voice over IP, ou voz sobre IP). Não é todo mundo que gosta da ideia, porém.

Um dos problemas dessa linha fixa é que ela depende do aparelho de internet. Se acaba a luz, o modem não funciona e o telefone fica sem linha. Alguns clientes já vêm se queixando disso em plataformas como o Reclame Aqui.

Obviamente, esse problema não é exclusivo da Oi. O fixo daqui de casa é de outra operadora, mas também é ligado no modem e não funciona quando falta luz. Telefones fixos que ainda usam a rede de cobre, por outro lado, operam normalmente quando a energia acaba.

A questão, porém, fica mais confusa quando não há fibra na região.

Site da Oi dá informações sobre migração
Site da Oi dá informações sobre migração (Imagem: Reprodução/Oi)

WLL da Oi deixa dúvidas

Em casos assim, a Oi oferece um telefone fixo com a tecnologia WLL. WLL é a sigla para wireless local loop. Originalmente, o nome era dado à tecnologia que usava uma estação de rádio em postes para transmitir o sinal de telefone para as casas.

O WLL não é novidade: em uma busca rápida no Google, você encontra notícias do começo dos anos 2000 sobre o assunto, e era preciso um verdadeiro trambolho dentro de casa, do qual saía um fio de telefone para o aparelho fixo.

Hoje em dia, a sigla tem um significado mais amplo, e se refere a um formato de serviço de telefonia fixa que não depende de fios de cobre nem de fibra ótica. Em alguns casos, é um aparelho com cara de telefone fixo, mas que usa um chip GSM.

A Oi, porém, não explica qual o modelo fornecido para os clientes, nem se ele funciona sem energia elétrica.

Se o telefone está resolvido, outra questão é como fica a internet nas regiões sem fibra ótica. O site da companhia dedicado à migração não diz nada a esse respeito.

Nesses casos, parece que a empresa não está assim tão interessada em dar alternativas.

Migração a contragosto

É o que relata o leitor Sidney, que enviou um e-mail para o Tecnoblog.

Ele conta que na região onde mora, em Salvador/BA, ainda não há fibra da Oi. A empresa começou a notificar os clientes sobre o desligamento da rede de cobre e a migração para o WLL, sem explicar como ficará o funcionamento da banda larga. Mas não é só isso.

Em alguns casos, o plano de voz aumentou muito de preço, e a empresa não dá alternativas a não ser encerrar o serviço ou fazer portabilidade para outra operadora. Quando a internet da Velox dá problema, a companhia diz que não pode encaminhar ninguém para consertar.

Loja da Oi em shopping. Foto: Divulgação
Loja da Oi (Imagem: Divulgação)

Nas regiões em que a fibra já chegou, a Oi também vem deixando de fornecer suporte para os produtos da rede de cobre. Clientes de Belo Horizonte relatam que a companhia tenta “empurrar” os serviços de fibra ótica em vez de consertar os problemas atuais, mesmo quando não há previsão de desligamento da antiga tecnologia.

No Reclame Aqui, também há casos de falta de reparo de clientes do Rio de Janeiro/RJ, Niterói/RJ, São João de Meriti/RJ e Magé/RJ.

Oi perde clientes de telefone fixo

Como você deve imaginar, cada vez menos gente se interessa por ter um telefone fixo. No caso da Oi, a companhia soma 8,8 milhões de linhas desse tipo. O número segue em queda desde 2008.

De acordo com os últimos dados financeiros da companhia, são 2,82 milhões de linhas fixas que ainda usam os fios metálicos.

Gráfico de linhas fixas da Oi
Gráfico de linhas fixas da Oi (Imagem: Reprodução/Anatel)

O Tecnoblog entrou em contato com a Oi para entender melhor o processo de migração e quais são as opções para internet em áreas onde ainda não há fibra ótica. A empresa enviou o seguinte posicionamento.

A Oi informa que os serviços de telefonia fixa vêm sendo drasticamente afetados pelos frequentes roubos e furtos de cabos, situação esta que até o momento não conseguiu ser combatida pelas autoridades de segurança no país. Este cenário é ainda agravado pela insustentabilidade dos serviços prestados em regime público da telefonia fixa, cujo número de clientes vem se reduzindo continuamente. Diante disso, a Oi vem substituindo o serviço de telefonia fixa baseado em cobre por uma tecnologia sem fio conhecida como WLL (Wireless Local Loop). A companhia vem comunicando previamente aos clientes nas regiões onde a oferta de WLL está sendo feita a possibilidade de troca de tecnologia, garantindo a manutenção do número de telefone, sem qualquer alteração do valor do serviço.

A Oi acrescenta que, assim como o WLL, no caso do telefone fixo, existem outras tecnologias que podem substituir outros serviços que são baseados na tecnologia de cobre.

Atualizado em 18/12 às 11h11 com o posicionamento da Oi

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Giovanni Santa Rosa

Giovanni Santa Rosa

Repórter

Giovanni Santa Rosa é formado em jornalismo pela ECA-USP e cobre ciência e tecnologia desde 2012. Foi editor-assistente do Gizmodo Brasil e escreveu para o UOL Tilt e para o Jornal da USP. Cobriu o Snapdragon Tech Summit, em Maui (EUA), o Fórum Internacional de Software Livre, em Porto Alegre (RS), e a Campus Party, em São Paulo (SP). Atualmente, é autor no Tecnoblog.

Lucas Braga

Lucas Braga

Repórter especializado em telecom

Lucas Braga é analista de sistemas que flerta seriamente com o jornalismo de tecnologia. Com mais de 10 anos de experiência na cobertura de telecomunicações, lida com assuntos que envolvem as principais operadoras do Brasil e entidades regulatórias. Seu gosto por viagens o tornou especialista em acumular milhas aéreas.

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