Oi firma acordo com fundo e rejeita Claro, TIM e Vivo

Highline tem exclusividade para negociar Oi Móvel até agosto e apresentou proposta melhor que Claro, TIM e Vivo

Lucas Braga
• Atualizado há 2 anos e 11 meses

A proposta de Claro, TIM e Vivo pela Oi Móvel não foi a melhor: a Highline, empresa de infraestrutura controlada pelo fundo americano Colony Capital, apresentou uma oferta vinculante e fechou exclusividade nas negociações. Caso o negócio seja concretizado, os brasileiros continuarão com quatro operadoras móveis nacionais e os ativos não deverão ser fatiados.

Em fato relevante divulgado na última quarta-feira (22), a Oi cedeu exclusividade para a Highline negociar a UPI Ativos Móveis. Isso significa que a interessada tem o direito garantido de cobrir outras propostas recebidas no processo de compra, pelo menos até 3 de agosto.

O documento não divulga valores, mas a aceitação da Oi indica uma melhor proposta que a oferta vinculante oferecida por Claro, TIM e Vivo. Fontes do Telesíntese apontam que a Algar Telecom e o fundo de Cingapura também participam da operação conjunta.

Por outro lado, o Teletime apurou que a Algar está fora do negócio e afirma que a Highline quer comprar toda a infraestrutura da Oi, inclusive da rede fixa, para depois vender o espectro e clientes para outros grupos. Isso tornaria a companhia numa provedora de rede neutra.

A venda da unidade de telefonia móvel é importantíssima para a Oi, que encerraria o processo de recuperação judicial que se estende desde 2016. Capitalizada, a empresa colocaria em prática o plano estratégico com expansão da rede de fibra óptica. A Oi Móvel detém cerca de 16% de todas as linhas celulares no Brasil, com 36,6 milhões de clientes.

Claro, TIM e Vivo teriam de enfrentar Cade e Anatel

Ao divulgar a reestruturação, a Oi estabelece a venda do negócio móvel por pelo menos R$ 15 bilhões, salvo se a segunda melhor proposta tenha menor risco de execução com diferença no preço de até 5%. Uma possível venda para Claro, TIM e Vivo traria dificuldades para aprovações regulatórias por gerar concentração de mercado.

O setor já enfrentou uma fusão recente, com a compra da Nextel pela Claro. Na ocasião, o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) alertou que a redução do número de grandes operadoras de quatro para três traria preocupações para aumento de possibilidade de atuação coordenada, como um cartel.

Além disso, o fatiamento da Oi também implicaria na divisão do espectro. A Anatel estabelece que uma operadora acumule até 172,5 MHz nas frequências entre 1 GHz a 3 GHz, podendo estender no máximo em 5% mediante condicionamentos de ordem concorrencial.

A Oi possui entre 80 MHz e 95 MHz, dependendo da localidade. Por si só, a Claro possui mais de 110 MHz em qualquer região brasileira; a TIM tem entre 85 MHz e 110 MHz; já a Vivo chega a 120 MHz em alguns estados.

Quem é a Highline?

A Highline do Brasil se apresenta como uma desenvolvedora de soluções de infraestrutura para a indústria de telecomunicações. A empresa fornece projetos de construções de torres, rooftops (estruturas para antenas no topo de edifícios) e cobertura em ambientes internos, como prédios, shoppings e hospitais.

É a mesma empresa que também fez uma oferta vinculante pela UPI Torres da Oi. A operadora quer pelo menos R$ 1 bilhão pelas 657 torres móveis e 225 sites indoors. A Oi também deve vender data centers e participação da empresa de fibra.

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Lucas Braga

Lucas Braga

Repórter especializado em telecom

Lucas Braga é analista de sistemas que flerta seriamente com o jornalismo de tecnologia. Com mais de 10 anos de experiência na cobertura de telecomunicações, lida com assuntos que envolvem as principais operadoras do Brasil e entidades regulatórias. Seu gosto por viagens o tornou especialista em acumular milhas aéreas.