Oi perde clientes e registra prejuízo de R$ 6,25 bilhões no 1º trimestre
Oi cresce no pós-pago e fibra óptica, mas alta é insuficiente para conter queda de receita na telefonia fixa e na internet por cobre
Oi cresce no pós-pago e fibra óptica, mas alta é insuficiente para conter queda de receita na telefonia fixa e na internet por cobre
Após um adiamento, a Oi finalmente divulgou o balanço financeiro do 1° trimestre de 2020: ela registrou queda na receita líquida e sofreu prejuízo líquido de R$ 6,2 bilhões. A operadora está focada na expansão da rede de fibra óptica e tem um plano para a venda de ativos, incluindo a divisão de telefonia celular.
Veja os destaques financeiros do 1° trimestre de 2020 e a comparação com o mesmo período de 2019:
Indicador | 1° trimestre de 2020 | 1° trimestre de 2019 | Diferença |
Lucro (Prejuízo) líquido consolidado | -R$ 6,25 bilhões | R$ 679 milhões | -1.021,4% |
Receita líquida total | R$ 4,7 bilhões | R$ 5,08 bilhões | -7,6% |
EBITDA de rotina (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) | R$ 1,48 bilhão | R$ 1,61 bilhão | -8,3% |
Margem EBITDA | 31,5% | 31,8% | +1,6 p.p |
Dívida líquida | R$ 18,13 bilhões | R$ 10,10 bilhões | +79,4% |
Capex (investimentos) | R$ 1,79 bilhão | R$ 1,72 bilhão | +4,0% |
Unidades Geradoras de Receita (acessos) | 52,65 milhões | 56,62 milhões | -7,0% |
O prejuízo líquido certamente chama atenção: a diferença em relação ao ano anterior ultrapassa a casa dos 1.000%. A Oi afirma que foi bastante impactada pela variação cambial no período.
No segmento residencial, a Oi teve redução em 12% na receita, com retração principalmente na banda larga xDSL/cobre (-26%) e TV DTH/via satélite (-6,4%). Ela perdeu 3,49 milhões de unidades geradoras no xDSL (-28%), enquanto a base de TV por satélite encolheu 16%.
Por outro lado, a receita de serviços entregue por fibra óptica cresceu 712%, atingindo R$ 194 milhões. O número ainda está longe de cobrir as perdas do cobre, mas a operadora terminou o trimestre com 1,7 milhões de acessos, dos quais a maioria são de internet via fibra óptica/FTTH (845 mil) e telefonia fixa (792 mil), além de 67 mil acessos IPTV.
No total, a Oi mantém 889 mil casas conectadas por fibra, contra 134 mil no ano anterior (+565%). A taxa de ocupação da rede é de 17%, e a operadora terminou o mês de abril com 5,99 milhões de domicílios home passed (casas atingidas pela cobertura de fibra).
Ainda que os números impressionem, a rede de fibra da Oi atinge apenas uma pequena parcela de sua cobertura. Nas primeiras 81 cidades com implementação de FTTH, ela registrou 12% na receita total de banda larga. Nos municípios sem fibra, a Oi teve queda de 14% na receita, grande parte perdida para operadoras regionais.
No comunicado ao mercado, a Oi informa que “reduziu os incentivos de vendas de serviços ligados ao cobre”. Na verdade, ela revelou anteriormente ao Tecnoblog que interrompeu a comercialização de banda larga na rede legada, com novos acessos de internet fixa apenas na fibra óptica.
A receita líquida de serviços móveis caiu 2,5% no comparativo anual. A operadora sofreu queda de 12,8% na receita do pré-pago e desconectou 9,8% da base de clientes; enquanto isso, o pós-pago cresceu 12,2% na receita e 20,6% nas unidades geradoras de receita.
Com planos agressivos, a Oi tem conseguido crescer a base pós-paga. Isso acaba gerando valor para a venda do braço móvel: ela estabeleceu preço mínimo de R$ 15 bilhões para 100% das ações da UPI Ativos Móveis. Claro, TIM e Vivo já demonstraram publicamente interesse na aquisição da Oi Móvel.
A Oi encerrou o período com cobertura 4G em 1.023 municípios, 3G em 1.650 cidades, e 2G em 3.498 municípios. Ela está fazendo lentamente o refarming da frequência de 1.800 MHz para o 4G, utilizada previamente pela rede 2G.
Além da divisão móvel estipulada em R$ 15 bilhões, a Oi deve formar outras três unidades para venda. Ela espera vender a UPI Torres por R$ 1 bilhão e 5 datacenters por R$ 325 milhões.
A criação da UPI InfraCo, responsável pelas redes FTTH e por contratos de atacado, deve atrair sócios para a operadora, que espera vender entre 25% a 51% do capital. Isso permitirá que a nova rede seja neutra e outros concorrentes consigam ofertar o serviço nas mesmas áreas cobertas pela Oi Fibra.
A operadora quer se posicionar como provedor de atacado, oferecendo soluções de fibras para cidades, provedores e torres de telefonia, já mirando na chegada do 5G no Brasil. No primeiro trimestre, a Oi firmou parceria com a Mob Telecom para operação conjunta em projetos de banda larga no modelo de franquias, permitindo reduzir custos de investimento.