Alphabet (Google) lucra US$ 15 bilhões no início de 2023, mas sente pressão

Alphabet registrou resultados financeiros satisfatórios no 1º trimestre de 2023, mas mercado de anúncios desacelerado e ChatGPT preocupam

Emerson Alecrim
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Escritório do Google em São Paulo (Imagem: Felipe Ventura/Tecnoblog)
Escritório do Google em São Paulo (Imagem: Felipe Ventura/Tecnoblog)

O ChatGPT apareceu como uma ameaça para o Google, mas não a ponto de afetar os resultados financeiros da Alphabet (a empresa-mãe). A companhia divulgou o balanço referente ao primeiro trimestre de 2023 na terça-feira (25). Os números não são ruins: US$ 69,8 bilhões de receita e US$ 15 bilhões de lucro líquido.

A receita aumentou 3% em relação ao primeiro trimestre de 2022 (US$ 68 bilhões). Por outro lado, o lucro líquido caiu 8% de (US$ 16,4 bilhões para US$ 15 bilhões) no mesmo comparativo.

Receitas próximas a US$ 70 bilhões vêm sendo registradas pela Alphabet há alguns trimestres. Geralmente, resultados estagnados não são apreciados pelos investidores. Mas, dadas as circunstâncias, essa situação têm o seu lado positivo.

Não confunda

Resultados medianos com publicidade

A Alphabet tem várias linhas de negócios, mas o setor de publicidade online continua sendo o que mais gera receita para a companhia. Contudo, há um temor de recessão rondando as empresas desde o ano passado, razão pela qual muitas delas diminuíram os investimentos com anúncios.

O Google ainda tem que disputar o mercado publicitário com as plataformas da Meta (Facebook e Instagram) e, principalmente, com o TikTok. O impacto disso é perceptível na receita de anúncios do YouTube, de US$ 6,7 bilhões. O número é 2,6% inferior na comparação ano a ano.

Esse cenário faz a receita de US$ 69,8 bilhões e o lucro líquido de US$ 15 bilhões serem satisfatórios.

12 mil funcionários demitidos

A desaceleração do negócio de anúncios coincide com uma decisão extrema. Em janeiro de 2023, o Google demitiu 12 mil funcionários, total equivalente a 6% de sua força de trabalho.

Como se tentasse amenizar o impacto de um número tão grande de demissões, a empresa apontou em seu relatório que a sua base de funcionários cresceu 16% na comparação ano a ano.

Mas demissões em massa nunca são eventos sem relação de causa e efeito. Ainda que a medida tenha gerado US$ 2,6 bilhões em encargos trabalhistas, a Alphabet vê esse movimento como crucial para a sua saúde financeira.

Ruth Porat, CFO da companhia, declarou aos investidores que, por causa do cenário econômico desafiador, “as perspectivas permanecem incertas” para os próximos meses. Em outras palavras, não há previsão de ganho de desempenho com publicidade online no curto prazo.

A divisão de nuvens teve lucro, mas…

Como observa a CNBC, a divisão Google Cloud registrou lucro pela primeira vez. Foram US$ 191 milhões no primeiro trimestre de 2023 contra o prejuízo de US$ 706 milhões no mesmo período do ano passado.

Mas note que esse número representa uma fatia minúscula do lucro líquido de US$ 15 bilhões que a Alphabet registrou no último trimestre.

Sundar Pichai (CEO) no Google I/O 2022 (imagem: divulgação/Google)
Sundar Pichai (CEO) no Google I/O 2022 (imagem: divulgação/Google)

Por mais que atue em várias frentes, a companhia ainda depende fortemente da publicidade online. Prova disso é que, dos US$ 69,8 bilhões de receita, US$ 54,5 bilhões vieram desse mercado.

Com esse setor desacelerado, os investidores não devem ter altas expectativas para os próximos trimestres.

A Alphabet ainda precisa enfrentar a pressão resultante do fenômeno ChatGPT. Não surpreende que Sundar Pichai, CEO da companhia, tenha enfatizado que o desenvolvimento de recursos de inteligência artificial vai ser acelerado.

De modo geral, os resultados financeiros do primeiro trimestre sugerem que o momento pode até não ser ruim para a Alphabet, mas que também não há clima para celebração.

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Emerson Alecrim

Emerson Alecrim

Repórter

Emerson Alecrim cobre tecnologia desde 2001 e entrou para o Tecnoblog em 2013, se especializando na cobertura de temas como hardware, sistemas operacionais e negócios. Formado em ciência da computação, seguiu carreira em comunicação, sempre mantendo a tecnologia como base. Em 2022, foi reconhecido no Prêmio ESET de Segurança em Informação. Em 2023, foi reconhecido no Prêmio Especialistas, em eletroeletrônicos. Participa do Tecnocast, já passou pelo TechTudo e mantém o site Infowester.

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