Apple ganha 36% da grana obtida pelo Google com buscas no iPhone
Testemunha de julgamento sobre monopólio do Google deixou escapar informação sigilosa; Apple fatura com buscas em seus dispositivos
Testemunha de julgamento sobre monopólio do Google deixou escapar informação sigilosa; Apple fatura com buscas em seus dispositivos
Para manter o Google como buscador padrão nos dispositivos da Apple (iPhones, iPads e Macs), a Alphabet paga 36% do valor arrecadado nas pesquisas feitas através do navegador Safari. Essa parte do acordo entre as duas empresas foi revelada acidentalmente durante o julgamento de monopólio do Google. A informação era mantida em sigilo pela Alphabet (dona do Google) sob a justificativa de manter a sua competitividade com a concorrência e clientes.
O Google é o buscador padrão do Safari, navegador da Apple, desde 2002 (5 anos antes do lançamento do primeiro iPhone). Todo cliente da empresa da maçã, seja o proprietário de um iPad, um Mac ou iPhone, tem o Safari instalado nativamente no seu dispositivo. O Google paga até US$ 20 bilhões por essa exclusividade do seu buscador.
Porém, aprofundando na explicação, 36% da receita do Google com anúncios no Safari também “retorna” para a Apple. Ou seja, exemplificando, cada vez que um usuário pesquisa algo pelo Google no Safari, ele está “ajudando” a Apple a ganhar mais dinheiro no acordo.
Em outro momento do julgamento, foi revelado que o termo “iPhone” é um dos mais lucrativos de anúncios do Google. Por mais que os dados sejam de 2018 (e com iPhone 8 em alta), os smartphones da Apple seguem entre os eletrônicos mais desejados pelos consumidores.
Assim, pagar pela palavra-chave “iPhone” segue compensando para as lojas e principalmente para o Google — que fatura com os cliques nos anúncios. Ao pesquisar pelo smartphone no Google você recebe um carrossel com oito anúncios no topo da tela, seguido do link pago da página da Apple.
Vale lembrar que o termo “iPhone” é relevante mesmo que o usuário não busque pelo modelo mais atual. Com o lançamento de uma versão mais recente, consumidores podem buscar pelos iPhones anteriores — tanto que o carrossel da imagem não mostra o novo iPhone 15.
No fim, é o Yin e Yang do lucro entre Google e Apple: eu te pago ali, depois você paga me paga aqui. Mas agora que todo mundo sabe que a Alphabet paga 36% das receitas no Safari, outras clientes (cof cof Samsung) podem querer uma mudança de contrato.
Com informações: Bloomberg, Bloomberg Law e Ars Technica