Apple embolsa até US$ 20 bilhões do Google a cada ano

Departamento de Justiça dos EUA abriu processo contra gigante da internet por supostas práticas anticompetitivas. Estimativa foi divulgada por firma de investimentos.

Thássius Veloso
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Logotipo da Apple
Apple mantém acordo com Google (Imagem: Vitor Pádua / Tecnoblog)

Toda vez que um usuário de iPhone usa as ferramentas nativas para pesquisar na web, os resultados que surgem na tela são fornecidos pelo Google. Isso tem um preço: entre US$ 18 e US$ 20 bilhões por ano, de acordo com a firma de gestão de fortunas Bernstein. As empresas envolvidas não divulgam os números exatos, mas analistas fazem estimativas sobre o lucrativo negócio para a Apple.

O montante equivale a algo entre R$ 90 e R$ 100 bilhões anuais, conforme o câmbio de hoje. No entanto, pode ser que a Apple não veja mais a cor do dinheiro, a depender de um processo que corre na Justiça dos Estados Unidos.

Verdadeira fortuna

A Bernstein estima que o valor de quase US$ 20 bilhões está previsto no Information Services Agreement (ISA), ou Acordo de Serviços de Informação em bom português, um contrato sigiloso mantido entre as partes. Ele corresponderia a algo entre 14% e 16% do lucro operacional anual da Apple, de acordo com o jornal inglês The Register, que divulgou a análise.

O Departamento de Justiça dos Estados Unidos aposta num número menor, de cerca de US$ 10 bilhões em repasses do Google para a Apple a cada ano. Daria por volta de R$ 50,4 bilhões. No entanto, a estimativa provém de fontes terceiras e não das próprias companhias.

Mão segurando smartphone
Busca nativa do iPhone utiliza serviços do Google (Imagem: Thássius Veloso/Tecnoblog)

Autoridades americanas podem acabar com o acordo

Neste momento, corre nos Estados Unidos um importante processo judicial do Departamento de Justiça contra o Google por uso da posição dominante. A empresa teria se aproveitado disso para monopolizar os mercados de busca e de publicidade online em resultados de busca.

Os autos do processo mencionam a integração do iPhone com o Google como um dos principais exemplos de comportamento anticompetitivo do Google. Ao fechar acordos com empresas parceiras, o gigante da internet não deixaria margem para o surgimento de buscadores concorrentes (para tristeza do CEO da Microsoft, Satya Nadella). Ao menos este é o entendimento dos promotores.

Samsung e Firefox

A eventual decisão de acabar com acordos similares pode afetar a Samsung e a Mozilla. O Google é o buscador padrão dos smartphones fabricados pela companhia sul-coreana, bem como do navegador de internet oficial dos smartphones Galaxy, entre outros produtos da marca.

Ao fazer uma pesquisa no Firefox, o consumidor também cai numa página do Google caso não tenha modificado os ajustes do navegador multiplataforma. Este acordo também rende dinheiro para a Mozilla.

De acordo com a Bernstein, a Apple teria oportunidade de lançar um buscador rival do Google caso os contratos atuais fossem encerrados. Outra possibilidade seria de os produtos da Apple passarem a oferecer uma tela para que o usuário escolha o navegador.

Ícones de Edge, Firefox, Chrome, Opera e Brave lado a lado
Vários navegadores foram afetados (Imagem: Denny Müller/Unsplash)

Algo similar acontece com o Windows na Europa, em que o consumidor determina o navegador padrão do sistema. No entanto, diversos estudos já demonstraram que este tipo de mecanismo traz pouco impacto. Na verdade, os clientes acabam clicando e escolhendo os serviços que já conhecem e utilizam.

Com informações: The Register

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Thássius Veloso

Editor

Thássius Veloso é jornalista especializado em tecnologia e editor do Tecnoblog. Desde 2008, participa das principais feiras de eletrônicos, TI e inovação. Também atua como comentarista da GloboNews, palestrante, mediador e apresentador de eventos. Tem passagem pela CBN e pelo TechTudo. Já apareceu no Jornal Nacional, da TV Globo, e publicou artigos na Galileu e no jornal O Globo. Ganhou o Prêmio Especialistas em duas ocasiões e foi indicado diversas vezes ao Prêmio Comunique-se.

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