CEO da Microsoft diz que Bing é pior que Google e está em “ciclo vicioso”

Para Satya Nadella, Bing é pior porque tem menos usuários e menos buscas, resultando em menos dados para melhorar a própria ferramenta

Giovanni Santa Rosa

Você já tentou usar o Bing? O que achou? Quase certeza que sua resposta é que o Google é melhor. Pois saiba que tem alguém bem importante que concorda com você: Satya Nadella, CEO da Microsoft. Ele declarou isso à Justiça dos EUA, durante um processo do governo contra o Google por suposto monopólio.

Para Nadella, o Google é melhor porque é o mais usado. O mesmo vale para o Bing, com sinal trocado: ele é pior porque menos gente usa. Pode parecer contraintuitivo, mas a lógica dele é realmente essa.

Satya Nadella em evento da Microsoft sobre Linux
Satya Nadella em evento da Microsoft sobre Linux (imagem: Divulgação/Microsoft)

O executivo considera que o Bing está em um ciclo vicioso. Como ele tem menos usuários, obtém menos dados sobre o que as pessoas buscam e quais são os resultados mais acessados. Assim, entrega resultados piores, o que faz com que menos gente use. Com menos gente usando, o buscador tem menos dados e… você entendeu onde isso vai parar.

Bing queria se tornar o buscador do iPhone

Um ponto crucial seria conseguir se tornar o buscador padrão do iPhone. Nadella diz que estava preparado para perder US$ 15 bilhões por ano em um acordo com a Apple. Para o CEO, o acordo do Google com a marca da maçã é um “acordo fantástico, simplesmente oligopolístico”.

“Os padrões são a única coisa que importa em termos de mudar o comportamento do usuário”, declarou o executivo.

Nadella ainda disse que é “besteira” essa história de que é fácil trocar o padrão. “Você acorda de manhã, escova os dentes e faz uma busca no Google. Com esse nível de formação de hábitos, a única maneira de mudar é mudar o [buscador] padrão.”

Google pode dominar também a IA

Uma das saídas para aumentar a popularidade do Bing foi colocar ferramentas de inteligência artificial no buscador. A Microsoft é uma das maiores investidoras da OpenAI e acoplou tecnologias como o GPT e o Dall-E à sua ferramenta de busca.

Isso vai ser suficiente para mudar o mercado? Nadella se mostrou menos empolgado que nos últimos meses.

Ele considera que os buscadores dependem dos sites que criam conteúdo. Com o crescimento dos sistemas de IA, plataformas e editores estão ficando mais preocupados com a tecnologia e como sua produção é usada para treinar esses modelos.

Uma possibilidade é que eles comecem a assinar acordos de exclusividade com o Google, o que poderia esmagar a concorrência.

Aqui vale uma ressalva: Nadella estava testemunhando em um processo do Departamento de Justiça dos EUA contra o Google, que é um de seus maiores concorrentes. Faz sentido que ele estivesse pintando o Google como um grande vilão. Em outras ocasiões, o tom foi bem menos pessimista.

Em uma entrevista em fevereiro, por exemplo, o CEO disse que a gigante das buscas vai ter que mostrar que sabe dançar, e que ele ficaria contente se as pessoas soubessem que foi a Microsoft que colocou o Google para dançar.

Com informações: The Verge, The Wall Street Journal

Leia | Como ativar a busca do Google no Microsoft Edge

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Giovanni Santa Rosa

Giovanni Santa Rosa

Repórter

Giovanni Santa Rosa é formado em jornalismo pela ECA-USP e cobre ciência e tecnologia desde 2012. Foi editor-assistente do Gizmodo Brasil e escreveu para o UOL Tilt e para o Jornal da USP. Cobriu o Snapdragon Tech Summit, em Maui (EUA), o Fórum Internacional de Software Livre, em Porto Alegre (RS), e a Campus Party, em São Paulo (SP). Atualmente, é autor no Tecnoblog.