Apple recebe três vezes mais dinheiro da busca do Google que outras marcas

Processos mostram que porcentagem da Apple na divisão de receitas da pesquisa do Google é de 36%, contra 12% de fabricantes que usam Android

Giovanni Santa Rosa
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Marca da Apple
Apple (Imagem: Vitor Pádua / Tecnoblog)

O Google divide com fabricantes o dinheiro arrecadado com buscas feitas em computadores e celulares. A fatia, porém, não é igual para todo mundo. Enquanto a Apple recebe 36% dessa grana, as outras empresas chegam a, no máximo, 12%. Ou seja, a cada dólar que o Google recebe com este serviço, a fabricante do iPhone leva para casa três vezes mais que suas concorrentes.

Essas informações surgiram durante dois processos separados contra o Google. Um deles é o processo movido pelo Departamento de Justiça dos EUA, sob acusação de monopólio no mercado de buscas online.

Aplicativo do Google para Android (imagem: Emerson Alecrim/Tecnoblog)
Aplicativo do Google para Android (imagem: Emerson Alecrim/Tecnoblog)

O outro é o processo movido pela Epic Games, distribuidora do game Fortnite. A acusação também de monopólio, mas na distribuição de apps, por meio de sua Play Store, que equipa a maioria dos aparelhos com Android.

Nas audiências do processo do Departamento de Justiça, uma testemunha revelou que o Google dá a Apple 36% das receitas obtidas com as buscas no navegador Safari, padrão em iPhones, iPads e Macs. Sundar Pichai, CEO do Google, confirmou a informação posteriormente.

No processo movido pela Epic, documentos mostraram que o Google também oferece a fabricantes de aparelhos Android uma porcentagem das receitas obtidas com as pesquisas. Há vários níveis de parceria, e no mais alto deles, a fatia é de 12%.

Apple Maps foi sinal de alerta

Nós já sabíamos que a Apple recebe do Google uma quantia total muito maior do que outras fabricantes, até por ser uma das principais marcas de celulares e computadores do mundo. A novidade está nas porcentagens.

Elas mostram Google está muito mais interessado nos clientes da Apple do que das outras fabricantes, o bastante para dar o triplo de cada dólar recebido. O Ars Technica sugere que isso tem a ver com a própria capacidade da Apple de oferecer seus próprios serviços.

Apple Maps no iPhone (imagem: reprodução/Apple)
Apple Maps no iPhone (imagem: reprodução/Apple)

Há alguns anos, a marca da maçã trocou o Google Maps por uma solução própria, o Apple Maps. Executivos do Google contaram, durante as audiências, que o tráfego de dados móveis em seu serviço de mapas teve uma queda de 60% quando o concorrente foi lançado. Essa seria a referência para estimar o impacto de um buscador próprio da Apple.

Google também paga para ser o buscador padrão

Além da divisão da receita, o Google também paga quantias altas às fabricantes para seu serviço de pesquisa vir configurado nos produtos.

Anteriormente, o processo do Departamento de Justiça já tinha descoberto que o Google gastou US$ 26,3 bilhões em 2021 para ser definido como buscador padrão em aparelhos de diversas fabricantes. Desse dinheiro, uma quantia entre US$ 18 bilhões e US$ 20 bilhões vai para a Apple.

Com informações: Ars Technica

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Giovanni Santa Rosa

Giovanni Santa Rosa

Repórter

Giovanni Santa Rosa é formado em jornalismo pela ECA-USP e cobre ciência e tecnologia desde 2012. Foi editor-assistente do Gizmodo Brasil e escreveu para o UOL Tilt e para o Jornal da USP. Cobriu o Snapdragon Tech Summit, em Maui (EUA), o Fórum Internacional de Software Livre, em Porto Alegre (RS), e a Campus Party, em São Paulo (SP). Atualmente, é autor no Tecnoblog.

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