Google gastou US$ 26,3 bilhões em um ano para ser o buscador padrão

Processado sob acusação de monopólio, Google revela quantia paga a Apple, Mozilla, Samsung e outras empresas para vir configurado como motor de pesquisa dos produtos

Giovanni Santa Rosa
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Google (Imagem: Vitor Pádua / Tecnoblog)

O Google está sendo processado nos EUA sob acusação de deter o monopólio do mercado de pesquisas online. Um dos pontos cruciais do caso é o quanto a empresa gasta para que fabricantes e desenvolvedores usem sua busca como padrão. Este valor, durante muito tempo guardado em segredo e apenas estimado, agora foi revelado: em 2021, foram US$ 26,3 bilhões.

A cifra apareceu durante uma acareação do Departamento de Justiça dos EUA com Prabhakar Raghavan, chefe do departamento de buscas do Google. Na semana anterior, o juiz do caso, Amit Mehta, pediu que a quantia de dinheiro não fosse censurada, para que o caso se tornasse mais transparente.

O site The Verge colocou este número em perspectiva. A Alphabet, holding dona do Google, teve US$ 165 bilhões de receitas com publicidade nas buscas no ano passado. O setor de publicidade da empresa, incluindo o YouTube, teve US$ 90 bilhões de lucro. Ou seja, quase 30% do lucro vai para manter o Google como padrão.

Este dinheiro é pago a várias empresas, em contratos para que elas coloquem o Google como buscador padrão em seus produtos. É o caso da Apple com o Safari dos iPhones, iPads e Macs; a Mozilla com o Firefox; a Samsung com os navegadores dos dispositivos Galaxy; e assim por diante, com outros fabricantes, operadoras e plataformas.

A maior parte dos US$ 26,3 bilhões fica com a Apple. Os valores individuais não foram revelados, mas estima-se que a empresa da maçã fique com algo entre US$ 18 bilhões e US$ 20 bilhões.

Pagamentos prejudicam concorrência

Na linha de raciocínio da acusação, com contratos bilionários para ser o buscador padrão, o Google sufoca concorrentes e impede a inovação do mercado.

Satya Nadella, CEO da Microsoft, parece concordar: para ele, o Google tem a maioria dos usuários, o que permite obter mais dados sobre o que as pessoas procuram e acessam. Com esses dados, a empresa consegue dar resultados mais precisos, o que a torna um produto melhor.

O Bing, da Microsoft, estaria vivendo a situação oposta: ele tem poucos usuários, o que leva a um volume de buscas menor, gera poucos dados e não permite ajustar melhor os resultados da pesquisa, ficando para trás na corrida pelo mercado.

O Google, obviamente, diz que não é bem assim. Raghavan argumenta que a empresa tem, sim, concorrentes, ainda que de outro tipo. Ele aponta o TikTok, o ChatGPT, a Amazon e o Yelp.

O executivo já havia mencionado a rede social de vídeos curtos em outras ocasiões, e pesquisas já apontam que ela é usada como ferramenta para buscas por uma porção considerável dos jovens.

Além disso, o ChatGPT surgiu como um possível concorrente do Google, já que poderia, ao menos teoricamente, entregar informações resumidas, sem que o usuário precise acessar sites.

O julgamento está previsto para acabar em algumas semanas.

Com informações: The Verge

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Giovanni Santa Rosa

Giovanni Santa Rosa

Repórter

Giovanni Santa Rosa é formado em jornalismo pela ECA-USP e cobre ciência e tecnologia desde 2012. Foi editor-assistente do Gizmodo Brasil e escreveu para o UOL Tilt e para o Jornal da USP. Cobriu o Snapdragon Tech Summit, em Maui (EUA), o Fórum Internacional de Software Livre, em Porto Alegre (RS), e a Campus Party, em São Paulo (SP). Atualmente, é autor no Tecnoblog.

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