Google anuncia que demitirá 12 mil por mudança de cenário econômico

Alphabet é mais uma Big Tech a anunciar demissão em massa desde 2022; na quarta-feira, Microsoft divulgou layoff de 10 mil empregados

Felipe Freitas
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• Atualizado há 8 meses
Google (Imagem: Pawel Czerwinski/Unsplash)
Google (Imagem: Pawel Czerwinski/Unsplash)

A Alphabet, empresa dona do Google, anunciou nesta sexta-feira (20) que irá demitir 12 mil funcionários em todo o mundo. Na carta aos empregados, Sundar Pichai, CEO do Google, explica que a mudança da realidade econômica não condiz com a quantidade de empregados de hoje. Agora, das grandes empresas de tecnologia, somente a Apple não realizou um layoff.

De acordo com o TechCrunch, o número de funcionários que serão cortados representa 6% da força de trabalho da Alphabet. No comunicado, Pichai explica que os futuros ex-empregados nos Estados Unidos serão os primeiros a receberem as suas cartas de demissão. A demora em comunicar os funcionários nos outros países se deve ao tempo para adequar as propostas com base nas leis locais.

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Na carta aos funcionários, Pichai explica que o grande crescimento e alta taxa de contratação do Google nos últimos dois anos, alavancados pelo crescimento do home office com a pandemia, é diferente da realidade econômica atual. O problema afeta praticamente toda big tech desde então, somado é claro com os outros fatores da economia global — como a Guerra da Rússia contra a Ucrânia e a cansativa escassez de chips, apenas para citar alguns.

Pichai também destaca que a empresa tem uma “grande oportunidade” na sua frente graças a sua missão, valores dos produtos e serviços e primeiros investimentos em IA. “Para conquistar isso completamente, precisamos fazer escolhas difíceis”, diz o CEO do Google. Pichai diz que a empresa eliminará as funções que não estão alinhadas com as principais prioridades da companhia. Ele informa também que os cortes acontecerão por toda a Alphabet e em diferentes níveis de cargos — em outras palavras, gerentes e diretores podem passar pelo facão.

No comunicado, Pichai também explica todos os benefícios e compensações que serão pagos aos funcionários vítimas do “passaralho”. Entre eles está seis meses de plano de saúde, suporte para empregados imigrantes e pagamentos de bônus e férias restantes de 2022.

Sundar Pichai (CEO) no Google I/O 2022 (imagem: divulgação/Google)
Sundar Pichai revelou layoff em comunicado no site da empresa (Imagem: Divulgação/Google)

“Realidade econômica atual” bateu em todo mundo

Mas, o que quer dizer essa diferença de realidade econômica atual? Quando as medidas restritivas para conter o Covid surgiram, as pessoas passaram a comprar mais eletrônicos para trabalhar de casa. Por consequência, com mais tempo livre dentro de casa, a internet era o principal entretenimento.

Como mostrar anúncio é a praia do Google, a soma entre home office e lockdown fez com que os ads atingissem mais pessoas. Um ponto para o crescimento. O YouTube também passou a ocupar mais espaço como conteúdo. Porém, com o aumento da vacinação e redução dos casos de Covid-19, as pessoas voltaram a socializar saindo de casa — não no metaverso.

Falando em metaverso, o efeito foi similar nas empresas de Mark Zuckerberg — com o agravo de investir forte no metaverso e mudanças de política de anúncios na Apple, que também afetou o Google e praticamente todas as empresas.

"Eles não sabem que no Horizon Worlds a Meta não está em crise" (Imagem: Vitor Pádua/Tecnoblog)
“Eles não sabem que no Horizon Worlds a Meta não está em crise” (Imagem: Vitor Pádua/Tecnoblog)

Nos primeiros meses de pandemia, as pessoas também investiram mais em eletrônicos, assistentes virtuais, TVs, robôs aspiradores e outros eletrodomésticos. Ao ficar mais em casa, as pessoas buscavam praticidade e cuidar mais do “seu cantinho”. Aqui a Amazon e Alexa brilharam. Mas chegou um momento que isso parou porque os preços subiram e poucos trocam uma TV de 2 anos. Sobre os saltos nos preços, meu monitor de R$ 400 em maio de 2020 pulou para R$ 800 em 2021.

Ainda nos eletrônicos e home office, na quarta-feira a Microsoft anunciou o seu passaralho de 10 mil funcionários. Parecido com o caso da Amazon, quase ninguém vai trocar um PC/notebook comprado em 2020 para trabalhar de casa e usar para entretenimento. Todas as outras empresas citadas também fizeram demissões em massa.  

No momento, apenas a Apple não realizou um layoff — vamos ficar de olho. O caso do Twitter, que demitiu 50% dos funcionários não é totalmente um reflexo dessa estagnação das big techs. Antes mesmo de Elon Musk comprar a rede social e cortar 3.700 empregados, já se falava em demissão em massa na empresa.

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Felipe Freitas

Felipe Freitas

Repórter

Felipe Freitas é jornalista graduado pela UFSC, interessado em tecnologia e suas aplicações para um mundo melhor. Na cobertura tech desde 2021 e micreiro desde 1998, quando seu pai trouxe um PC para casa pela primeira vez. Passou pelo Adrenaline/Mundo Conectado. Participou da confecção de reviews de smartphones e outros aparelhos.

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