Ponte aérea Rio-SP recebe embarque por biometria facial no aeroporto
Com a nova ferramenta de biometria facial do governo, passageiros da ponte Rio-SP não vão precisar apresentar cartão de embarque ou documento com foto
Com a nova ferramenta de biometria facial do governo, passageiros da ponte Rio-SP não vão precisar apresentar cartão de embarque ou documento com foto
A partir desta terça-feira (15), a ponte aérea Rio-SP terá uma surpresa para passageiros que viajarem entre os aeroportos Santos Dumont (RJ) e Congonhas (SP): eles serão convidados a testarem a biometria de reconhecimento facial – a primeira no mundo a ser usada para o acesso às áreas de bordo. Os primeiros testes do embarque 100% digital foram em março.
A novidade faz parte do projeto do governo federal “Embarque + Seguro 100% Digital”. Com a biometria, o passageiro não vai precisar mais apresentar cartão de embarque ou documento de identificação. A tecnologia de ponta a ponta é fruto de uma parceria entre os Ministérios da Infraestrutura e da Economia, junto com o Serpro – braço de TI do governo federal.
A tecnologia de biometria facial já foi testada em outros aeroportos brasileiros, como o de Florianópolis (SC), Salvador (BA) e Belo Horizonte (Confins, MG).
“É a primeira vez que os testes são realizados simultaneamente em dois dos nossos aeroportos, estabelecendo assim, também de forma inédita, uma ponte aérea biométrica entre SP/RJ, que é a quinta de maior movimento do mundo”, afirma Marcelo Sampaio, o secretário-executivo do Ministério da Infraestrutura, em comunicado à imprensa. “Caminhamos para um embarque biométrico totalmente seguro em todos os aeroportos do país, eliminando por completo a necessidade de se apresentar qualquer tipo de documentação”, completou.
Gileno Barreto, presidente do Serpro, diz que a biometria facial deve agilizar a movimentação de embarque nos aeroportos:
“O Embarque + Seguro coloca o Brasil na vanguarda neste movimento do Governo Federal para a transformação digital do país e combina validação biométrica e análise de dados, garantindo uma conferência precisa, ágil e segura da identidade dos passageiros, que, assim, podem viajar com mais conforto e tranquilidade. A solução atende à Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) e tem por premissa a segurança no tratamento dos dados pessoais contra uso indevido ou não autorizado”
O comunicado do Serpro diz que a biometria será testada em passageiros da Azul Linhas Aéreas que voam entre Rio e São Paulo. Já a companhia aérea disse ao Tecnoblog: “O teste é realizado com todas as companhias aéreas e possui teste com a Azul pelo nosso estreito envolvimento com o projeto”.
A pessoa, caso tope participar do teste, recebe uma mensagem por celular que solicita seu CPF e uma foto. Um atendente da Azul então realiza o cadastro biométrico do passageiro, comparando os dados e a foto com bases do governo federal; e isso é feito usando um app do Serpro desenvolvido para a verificação.
A partir daí, o passageiro fica livre para acessar a área de embarque e o avião, passando por pontos de controle biométricos que verificam sua identidade por meio de câmeras.
O Ministério da Infraestrutura espera que o projeto traga mais segurança aos aeroportos brasileiros, porque “o reconhecimento facial permite a identificação precisa dos passageiros”. A partir da coleta de dados da biometria facial, o governo deve medir redução no tempo de filas e no acesso à salas de embarque e às aeronaves, além de custos operacionais.
O reconhecimento facial traz óbvias consequências à privacidade de usuários. O recurso já é utilizado no dia a dia de quem possui modelos de smartphones mais avançados; e ele é cada vez mais comum para logar aos aparelhos e acessar serviços. Para onde irão os dados dos passageiros? O que será feito com essa rede de informações?
Por enquanto, a assessoria da Infraero, agência responsável pela administração de aeroportos do Ministério da Infraestrutura, deixou claro que o Serpro desenvolveu a tecnologia.
A Azul Linhas Aéreas, que participa da testagem da biometria, disse ao Tecnoblog que os dados estão sob responsabilidade do Governo Federal.
Fernando Paiva, gerente da Divisão de Negócio Soluções Digitais de Infraestrutura para Transportes Terrestres e Aéreos do Serpro, explica ao Tecnoblog:
“Os dados são propriedade de seu titular, ou seja, do próprio cidadão. O Governo Federal é autorizado a apenas realizar o tratamento que permite o embarque por reconhecimento facial. Isso está expresso no Termo de Consentimento assinado pelo passageiro quando aceita participar do projeto-piloto. Os dados, conforme informado nesse documento, ficarão exclusivamente no Governo Federal, não serão compartilhados com terceiros e serão excluídos após o final do piloto.”
O executivo ainda afirmou que não há por enquanto estimativas de como o serviço de biometria vai agilizar filas de embarque e acesso aos aviões, mas o Serpro vai coletar os dados a partir da ferramenta. O governo federal planeja instalar o dispositivo de reconhecimento em todos o aeroportos onde ele já foi testado: em Salvador, Belo Horizonte e Florianópolis.
Atualizado em 17/06
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