Alta executiva da Huawei é presa no Canadá a pedido dos EUA
Diretora financeira da Huawei e filha do fundador da companhia, Meng Wanzhou foi detida no Canadá; empresa teria violado sanções contra o Irã
Diretora financeira da Huawei e filha do fundador da companhia, Meng Wanzhou foi detida no Canadá; empresa teria violado sanções contra o Irã
Meng Wanzhou não era muito conhecida, mas tudo mudou recentemente, depois de ela ter sido presa por autoridades canadenses no sábado (1º), em Vancouver, apesar de a ocorrência ter sido divulgada só agora. Diretora financeira da Huawei e filha de Ren Zhengfei, fundador da companhia, a executiva foi detida a pedido dos Estados Unidos: o país acusa a Huawei de violar sanções aplicadas contra o Irã.
O efeito foi imediato: ações de diversas empresas asiáticas caíram e agora o mundo observa as tensões entre Estados Unidos e China reacenderem apenas algumas horas depois de Donald Trump e Xi Jinping, o presidente chinês, concordarem em estabelecer uma trégua na atual guerra comercial entre os dois países.
Não é de hoje o que governo norte-americano manifesta preocupação com a Huawei. Pelo menos desde 2012 os Estados Unidos acusam a empresa de praticar espionagem e executar outras ações que poderiam colocar em risco a segurança do país. A também chinesa ZTE sofre de acusações semelhantes.
De modo geral, existe a suspeita de que a Huawei usa a sua enorme penetração em mercados internacionais — para um dar exemplo, a empresa só perde para a Samsung em vendas globais de smartphones — para repassar informações sensíveis ao governo chinês capturadas por meio de seus produtos e serviços.
Com relação à prisão de Meng Wanzhou, diversos aspectos não estão claros, mas a informação mais forte até agora aponta que a operação foi motivada por, supostamente, a Huawei ter enviado produtos produzidos em território norte-americano ao Irã, prática que é proibida por conta de um conjunto de sanções comerciais aplicado pelos Estados Unidos.
As sanções estavam suspensas desde 2015, mas foram restabelecidas por Donald Trump há pouco tempo. A Huawei afirma, no entanto, que respeita todas as leis e sanções determinadas pela Organização das Nações Unidas (ONU), Estados Unidos e União Europeia, bem como as legislações dos países em que atua.
Em seu comunicado, a Huawei também afirma desconhecer irregularidades cometidas por Wanzhou e diz acreditar que Estados Unidos e Canadá chegarão a uma conclusão justa sobre o caso.
Já o governo da China classifica o episódio como uma violação de direitos humanos e afirma ter feito representações aos Estados Unidos e Canadá exigindo que os dois países forneçam esclarecimentos e liberem Meng Wanzhou para preservar os seus direitos.
Nascida em 1972, Wanzhou ocupa o cargo de diretora financeira da Huawei desde 2011 e é tida como um dos nomes mais importantes da liderança da Huawei, tanto que ela vem sendo cogitada para assumir o posto do pai na presidência da companhia: Ren Zhengfei tem 74 anos e, ainda que não tenha manifestado planos de se aposentar, certamente já prepara o caminho para uma sucessão.
De acordo com a própria Huawei, Meng Wanzhou foi detida enquanto fazia uma escala no aeroporto de Vancouver. Não demorou muito para a embaixada da China em Ottawa soltar um comunicado público pedindo que a executiva seja liberada. A embaixada também pede que Estados Unidos e Canadá corrijam os excessos que tiverem cometido com essa prisão.
Por sua vez, o governo canadense confirmou a detenção de Wanzhou e comunicou que os Estados Unidos solicitaram a extradição da executiva. Ela deverá passar por uma audiência entre esta quinta-feira (6) e amanhã. Até o momento, ambos os países têm se recusado a dar mais detalhes sobre o caso.
Com informações: TechCrunch, Globe and Mail, Engadget.