Qualcomm, Google e Microsoft se opõem à venda da ARM para Nvidia

Qualcomm, Google e Microsoft temem que compra pela Nvidia faça ARM dificultar licenciamento de sua tecnologia

Emerson Alecrim
• Atualizado há 2 anos e 11 meses
Prédio da Qualcomm (imagem: André Fogaça/Tecnoblog)
Prédio da Qualcomm (imagem: André Fogaça/Tecnoblog)

A Nvidia anunciou a compra da ARM por US$ 40 bilhões em setembro de 2020, mas o negócio precisa passar pela aprovação de órgãos reguladores para ser concluído. Há empresas que esperam que o acordo não avance, porém. Entre elas estão Google, Microsoft e Qualcomm. Esta última procurou as entidades para demonstrar contrariedade ao negócio.

Manifestos de objeção foram enviados pela Qualcomm a entidades como a Comissão Federal de Comércio dos Estados Unidos (FTC, na sigla em inglês), a Comissão Europeia, a Autoridade de Concorrência e Mercados do Reino Unido (CMA) e a Administração Estatal de Regulamentação de Mercado da China (SAMR).

Nos documentos, a Qualcomm argumenta, basicamente, que a aquisição fará a Nvidia atuar como “guardiã” da tecnologia da ARM, o que poderia dificultar a sua adoção por outras companhias.

Se exagerada ou não, a reação da Qualcomm é compreensível. A companhia é líder em fornecimento de chips para celulares, tablets e afins. Essas unidades são baseadas na arquitetura ARM. Qualquer impedimento de acesso a essa tecnologia pode ser severamente prejudicial para as suas operações, consequentemente.

Sobre o Google e a Microsoft, a Bloomberg ouviu fontes que pediram anonimato que revelam que ambas também estão preocupadas com a compra da ARM pela Nvidia. Mas não ficou claro se as duas companhias enviaram documentos de objeção aos órgãos reguladores. Procuradas, nenhuma delas comentou o assunto.

Nvidia diz que manterá licenciamento

Desde que o negócio foi anunciado, a Nvidia tenta tranquilizar o mercado. A companhia explicou, mais de uma vez, que a ARM manterá o seu modelo de licenciamento de arquiteturas para empresas em todas as partes do mundo e que os acordos poderão até ser ampliados com a oferta de tecnologias da própria Nvidia.

O problema é que a Nvidia tem crescido de maneira tão agressiva no mercado que essa argumentação não convence outras empresas do setor de semicondutores.

Nvidia na BGS 2018 (imagem: Facebook/Nvidia)

Nvidia na BGS 2018 (imagem: Facebook/Nvidia)

A maior parte delas se beneficia de arquiteturas da ARM. Além da Qualcomm, MediaTek, NXP, Samsung e Apple estão entre elas, por exemplo — vale relembrar que o notável chip Apple M1 também é baseado em arquitetura ARM.

É por isso que o negócio é analisado com cuidado pelos órgãos competentes. A FTC, por exemplo, já está na fase de ouvir o que outras companhias do setor têm a informar a respeito. É o que explica o fato de a Qualcomm estar se manifestando agora.

As análises regulatórias ainda devem levar meses para serem concluídas.

Huawei também é contra

A Huawei é outra companhia que se manifestou contra o negócio, no ano passado. Mas a preocupação da gigante chinesa é diferente. A empresa teme que, ao ser assumida por uma companhia americana, a ARM (de origem britânica) passe a limitar acordos de licenciamento com a China em função da tensão comercial existente entre o país e os Estados Unidos.

Com informações: MacRumors, CNBC.

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Emerson Alecrim

Emerson Alecrim

Repórter

Emerson Alecrim cobre tecnologia desde 2001 e entrou para o Tecnoblog em 2013, se especializando na cobertura de temas como hardware, sistemas operacionais e negócios. Formado em ciência da computação, seguiu carreira em comunicação, sempre mantendo a tecnologia como base. Em 2022, foi reconhecido no Prêmio ESET de Segurança em Informação. Em 2023, foi reconhecido no Prêmio Especialistas, em eletroeletrônicos. Participa do Tecnocast, já passou pelo TechTudo e mantém o site Infowester.