Arm: dona de licenças usadas por Apple, Samsung e Qualcomm vai abrir capital

Arm detém tecnologias usadas na maioria dos chips de smartphones no mercado; controle da empresa pode prejudicar ou beneficiar fabricantes

Giovanni Santa Rosa
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Estande da Arm em evento (imagem: divulgação/Arm)
Estande da Arm em evento (imagem: divulgação/Arm)

A Arm é a empresa responsável pela arquitetura dos chips usados por grande parte das fabricantes de smartphones e outros dispositivos móveis. A empresa começou nesta segunda-feira (21) o processo para abrir seu capital na bolsa de valores Nasdaq.

A companhia registrou o formulário F-1, exigido para que suas ações sejam listadas em uma bolsa de valores dos EUA. Se tudo der certo, os papéis receberam o símbolo “ARM” para negociação.

Em 2023, ela teve US$ 2,68 bilhões de receitas, com lucro líquido de US$ 524 milhões. A empresa, porém, não estimou o preço de suas ações. Analistas acreditam que a Arm pode valer US$ 40 bilhões.

Por que a Arm é importante

A Arm é uma parte importante dos processadores usados hoje no mundo, mas ela mesma não fabrica nada.

A empresa licencia um conjunto de instruções simplificadas, que serve de base para sua arquitetura. Esta arquitetura gasta menos energia, e por isso é interessante para aparelhos que dependem de baterias, como celulares, tablets e alguns notebooks.

Nos últimos anos, ela passou a vender designs de chips mais completos e, consequentemente, mais lucrativos.

Por isso, a oferta pública inicial (IPO) é importante. Entre as empresas que produzem ou projetam chips com a arquitetura Arm, estão Qualcomm, Samsung, Apple, MediaTek, Nvidia, Texas Instruments, NXP, Broadcom, HiSilicon e Unisoc.

Qualcomm Snapdragon 8 Gen 2
Qualcomm Snapdragon 8 Gen 2 (Imagem: Giovanni Santa Rosa / Tecnoblog)

As linhas Snapdragon (Qualcomm), Exynos (Samsung) e Apple Silicon, só para citar algumas, usam arquitetura Arm.

Algumas dessas empresas podem sair prejudicadas ou beneficiadas, dependendo de quem assumir o controle da Arm. Segundo a Reuters, muitos dos clientes da empresa estão considerando comprar uma fatia das suas ações.

Aparentemente, porém, nada vai mudar por enquanto. A Fast Company observa o SoftBank comprou uma fatia de 25% da Arm que estava nas mãos do Vision Fund (que também é controlado pelo SoftBank). Portanto, é bastante possível que o grupo japonês continue no controle da empresa.

Nvidia já tentou comprar a empresa, mas foi barrada

A companhia foi fundada no Reino Unido em 1990, como uma joint-venture entre a Apple, a Acorn e a VSLI. Em 1998, ela foi listada na Nasdaq e na Bolsa de Valores de Londres.

Em 2016, o grupo japonês SoftBank adquiriu a empresa por US$ 32 bilhões e fechou seu capital.

Nvidia na BGS 2018 (imagem: Facebook/Nvidia)
Nvidia na BGS 2018 (imagem: Facebook/Nvidia)

Em 2020, a Nvidia anunciou a compra da Arm por US$ 40 bilhões de dólares, mas o negócio enfrentou oposição de outras empresas, como Qualcomm, Google e Microsoft, e de autoridades antitruste. Em 2022, a Nvidia desistiu do negócio.

Com informações: Reuters, Fast Company, CNBC

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Giovanni Santa Rosa

Giovanni Santa Rosa

Repórter

Giovanni Santa Rosa é formado em jornalismo pela ECA-USP e cobre ciência e tecnologia desde 2012. Foi editor-assistente do Gizmodo Brasil e escreveu para o UOL Tilt e para o Jornal da USP. Cobriu o Snapdragon Tech Summit, em Maui (EUA), o Fórum Internacional de Software Livre, em Porto Alegre (RS), e a Campus Party, em São Paulo (SP). Atualmente, é autor no Tecnoblog.

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