Reino Unido quer brechas na criptografia do WhatsApp após atentado
O ataque terrorista em Londres, na semana passada, reabriu uma velha discussão sobre a criptografia dos aplicativos de mensagens. O governo do Reino Unido quer abrir uma brecha na proteção do WhatsApp (ou seja, um backdoor) para monitorar os usuários e evitar que o mensageiro seja utilizado como meio de comunicação por terroristas.
A secretária de assuntos internos do Reino Unido, Amber Rudd, declarou à BBC que o fato do WhatsApp criptografar as mensagens de ponta a ponta, impedindo que o governo britânico consiga acessá-las, é completamente inaceitável, e que precisa “garantir que o serviço de inteligência consiga lidar com situações como a criptografia do WhatsApp”.
E o WhatsApp pode não ser o único a ser pressionado para adicionar um backdoor: “Precisamos ter certeza de que aplicativos como o WhatsApp, e há muitos outros parecidos com ele, não forneçam um lugar secreto para que terroristas se comuniquem uns com os outros”, diz Rudd.
Com a criptografia de ponta a ponta do WhatsApp, o conteúdo da mensagem é protegido antes de ser enviado pelo usuário e somente é descriptografado no aparelho do destinatário. Em tese, nem o Facebook pode ler o que é trocado pelos usuários. O Telegram também possui criptografia, embora seja opcional, e o Signal, que foi criado justamente com foco em privacidade, vem ganhando recursos e adeptos.
O problema de criar um backdoor no WhatsApp é que isso é apenas um paliativo: além de ferir a privacidade das mais de 1 bilhão de pessoas que utilizam o aplicativo, nada impede que os terroristas migrem para outros serviços. Por outro lado, o Reino Unido é mais um país que briga contra a criptografia — no Brasil, o WhatsApp já foi bloqueado por não fornecer informações à justiça; o mensageiro sempre reafirma que não pode divulgar dados que não possui.