Depois de todo o escândalo envolvendo as baterias explosivas do Galaxy Note 7, e de todos os esforços para recolher os milhões de aparelhos vendidos, eu imaginava que esse caso agora pertencia ao passado da Samsung. No entanto, a empresa vai trazer o smartphone de volta, ainda que de forma limitada.

Segundo a própria Samsung, algumas unidades do Note 7 voltarão ao mercado como smartphones recondicionados (refurbished). Isso provavelmente significa que eles passaram por uma análise e nenhum problema foi detectado.

Por enquanto, a empresa não revela muitos detalhes, e promete informar os países de lançamento no futuro. Ela diz apenas que a venda do Note 7 como um aparelho recondicionado ou de aluguel depende das autoridades regulatórias e das operadoras, e também da demanda local. Rumores dizem que ele será vendido na Índia, Vietnã e Coreia do Sul com o número de modelo SM-N935 e o codinome Grace R (Refurbished).

Eu fico preocupado com uma coisa: como a Samsung consegue garantir que o Note 7 não terá problemas de explosão novamente? Sim, ela deve ter realizado testes extensos para garantir a segurança dos aparelhos que voltarão como refurbished, mas ela também fez testes antes de lançar o Note 7 no ano passado – e obviamente eles não serviram de muita coisa.

Na verdade, segundo o New York Times, a Samsung pressionou centenas de funcionários a diagnosticar os smartphones explosivos enquanto eles ainda estavam no mercado, mas ninguém conseguia reproduzir o problema em laboratório.

Hoje, a Samsung sabe o que estava tornando o Note 7 tão explosivo. Ele era produzido com dois tipos de baterias, e ambas podiam sofrer curto-circuito por motivos diferentes.

Em uma delas, não havia espaço suficiente para os eletrodos se expandirem – algo que acontece à medida que a bateria é usada – o que facilitava a ocorrência de curtos-circuitos. No outro tipo de bateria, um defeito de fabricação criou “rebarbas” microscópicas que também aumentavam o risco de curto-circuito.

E no caso dos Note 7 que a Samsung considera perigosos? Bem, a empresa garante que alguns componentes – tais como semicondutores e módulos de câmera – serão destacados e utilizados para “produção de amostras de testes”. O restante será reciclado com a ajuda de empresas que removerão metais como cobre, níquel, ouro e prata.

A ideia é dar um rumo ecologicamente sustentável para os milhões de Note 7 que foram recolhidos após o recall. Em fevereiro, um evento da Samsung na feira MWC foi interrompido por um manifestante do Greenpeace, exigindo que a empresa reciclasse os componentes do smartphone.

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Escrito por

Felipe Ventura

Felipe Ventura

Ex-editor

Felipe Ventura fez graduação em Economia pela FEA-USP, e trabalha com jornalismo desde 2009. No Tecnoblog, atuou entre 2017 e 2023 como editor de notícias, ajudando a cobrir os principais fatos de tecnologia. Sua paixão pela comunicação começou em um estágio na editora Axel Springer na Alemanha. Foi repórter e editor-assistente no Gizmodo Brasil.

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