YouTube vê Shorts prejudicando vídeos longos e afetando receita

Criado para competir com TikTok e Reels, Shorts começa a rivalizar com seu próprio criador; YouTube teme queda na receita de anúncios dos vídeos longos

Felipe Freitas
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YouTube criou Shorts para competir com TikTok e Instagram, mas não está saindo como o planejado (Imagem: Vitor Pádua/Tecnoblog)

O YouTube Shorts foi criado para o YouTube ganhar espaço no formato de vídeos curtos, conceito popularizado pelo TikTok e também um sucesso no Reels do Instagram. Entretanto, o “feitiço parece ter virado contra o feiticeiro”: o Google está preocupado com o Shorts concorrendo contra os vídeos longos, principal fonte de receita do YouTube.

Para explicar melhor a situação, o Shorts é — na verdade — um dos culpados dessa preocupação. O interesse do consumidor nos formatos de vídeos “rápidos” está crescendo, tirando espaço dos vídeos longos. E como o YouTube depende dos criadores de conteúdo e estes dependem das visualizações, eles estão focando as produções nos vídeos menores.

Vídeos curtos não combinam com receita do YouTube

O que eu vou escrever nesse parágrafo é bem óbvio (desculpa): os vídeos longos, formato “padrão” no YouTube, são a melhor forma do Google gerar receita. Normalmente, você abre um vídeo e recebe dois anúncios, mais um no meio do vídeo e mais dois no fim. Cinco anunciantes pagaram por isso, o Google lucrou e as estatísticas mostram que os cliques são altos — não à toa a empresa está numa batalha para acabar com bloqueadores de anúncio.

Fazer isso em um vídeo de 10 minutos (do qual é provável que 2 minutos serão um patrocinador do criador e ele pedindo curtida e sua inscrição) é fácil. O negócio é levar esse lucro para um vídeo que deve durar, no máximo, 60 segundos — apesar de que Shorts de até 45 segundos são mais eficientes.

YouTube Shorts (imagem: divulgação/YouTube)
Shorts é ferramenta do YouTube para vídeos de até 60 segundos (Imagem: Divulgação/YouTube)

Levando em conta o exemplo dos cinco anúncios em um vídeo longo, mesmo que todos eles permitam ser pulados, você tem 25 segundos de propaganda quando tudo que você quer é ver um vídeo de 60 segundos — no máximo. É, obviamente, inviável para o YouTube apenas “copiar e colar” seu formato de anúncios no Shorts.

No último resultado financeiro, o Google apresentou uma queda nas receitas de anúncios. Agora a empresa que lute para lidar com esses problemas: interesse do consumidor em vídeos curtos, seus criadores investindo no formato e como lucrar com isso.

Seria engraçado imaginar o YouTube encerrando o Shorts. Porém, é mais provável que ela continue investindo em estratégias para forçar o consumidor a assinar o YouTube Premium — talvez enchendo de anúncios enquanto você “rola” pelos Shorts, tal qual faz o TikTok.

Com informações: Financial Times e 9to5Google

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Felipe Freitas

Felipe Freitas

Repórter

Felipe Freitas é jornalista graduado pela UFSC, interessado em tecnologia e suas aplicações para um mundo melhor. Na cobertura tech desde 2021 e micreiro desde 1998, quando seu pai trouxe um PC para casa pela primeira vez. Passou pelo Adrenaline/Mundo Conectado. Participou da confecção de reviews de smartphones e outros aparelhos.

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