O que são tags NFC e para que elas servem?

As etiquetas NFC expandiram uso da tecnologia de transmissão de dados para diversos setores, devido à sua versatilidade de tamanho, formato e aplicação

Emerson Alecrim Ana Marques
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Tag NFC (imagem: Vitor Pádua/Tecnoblog)
Tag NFC (imagem: Vitor Pádua/Tecnoblog)

Tags NFC (etiquetas) são dispositivos baseados em microchips que armazenam dados para identificação ou configuração dos objetos vinculados a elas. Uma pequena antena permite que essas informações sejam lidas ou gravadas por outros dispositivos via aproximação.

Os tipos de tag NFC variam em capacidade de armazenamento de dados e taxa de transmissão. Isso permite que as etiquetas sejam usadas para pagamentos, controle de acesso, compartilhamento de dados, identificação pessoal ou de animais, entre outras aplicações, sem que elas precisem de fonte de energia própria.

Descubra como as tags NFC funcionam, suas vantagens e limitações a seguir.

Como funciona uma tag NFC?

As tags NFC, também chamadas de etiquetas NFC, têm uma estrutura que permite armazenamento de dados e comunicação com outros dispositivos. Seus principais componentes são:

  • Microchip: é um pequeno chip que armazena dados sobre o objeto vinculado à tag NFC. A quantidade de memória disponível para isso varia conforme o tipo de etiqueta;
  • Antena: é um componente feito de alumínio, cobre ou outro tipo de metal que permite que a tag se comunique com leitores de NFC via aproximação;
  • Substrato: é a base na qual o microchip, a antena e demais componentes são fixados.
Estrutura básica de uma Tag NFC (imagem: Vitor Pádua/Tecnoblog)
Estrutura básica de uma Tag NFC (imagem: Vitor Pádua/Tecnoblog)

Cada etiqueta se comunica via conexão NFC (Near Field Communication) com frequência base de 13,56 MHz. É preciso aproximá-la de outro dispositivo para a comunicação ser iniciada. Geralmente, a distância entre os dois dispositivos deve ser inferior a 5 centímetros.

O processo é feito via indução magnética e começa quando um dispositivo emite sinal para ser captado pela tag NFC. Esse dispositivo pode ser um celular, um validador de catraca ou qualquer aparelho com fonte de energia própria capaz de gerar sinal por radiofrequência.

Normalmente, a tag NFC tem funcionamento passivo, ou seja, não é capaz de iniciar a conexão. Assim, a comunicação só é estabelecida quando a tag é aproximada do dispositivo emissor em uma distância suficiente para o sinal emitido por ele ser captado. Quando isso ocorre, dados podem ser lidos ou gravados no microchip.

Conexão entre um celular e uma tag NFC (imagem: Vitor Pádua/Tecnoblog)
Conexão entre um celular e uma tag NFC (imagem: Vitor Pádua/Tecnoblog)

Qual é a vida útil de uma tag NFC?

Uma tag NFC tem vida útil de dez anos, em média. Contudo, o tempo de duração do componente depende de fatores ambientais, como temperatura e umidade. Se a tag for protegida por plástico ou vidro, a tendência é a de que ela tenha boa resistência contra temperaturas extremas.

O tempo de vida útil também depende dos cuidados de conservação. Evitar que a etiqueta NFC seja molhada, dobrada ou pressionada com força faz o componente durar mais.

Quais são os tipos de tags NFC?

As tags NFC são classificadas em cinco tipos distintos, conforme a capacidade de armazenamento e a velocidade de transmissão de dados. São elas:

  • Tag NFC — Tipo 1: tem memória típica de 96 bytes, mas pode ser expandida para até 2 KB. Sua velocidade de transmissão é de até 106 Kb/s;
  • Tag NFC — Tipo 2: tem capacidade de armazenamento padrão de 48 bytes, mas pode chegar a 2 KB. Su taxa de transmissão de dados máxima é de 106 Kb/s;
  • Tag NFC — Tipo 3: tem armazenamento de dados típico de 2 KB e velocidade de comunicação de 212 Kb/s, mas pode chegar a 424 Kb/s. Tem custo de fabricação maior em relação aos tipos 1 e 2;
  • Tag NFC — Tipo 4: armazena até 32 KB na memória e tem taxa de transmissão de dados de 106, 212 ou 424 Kb/s. É mais caro que os tipos 1, 2 e 3;
  • Tag NFC — Tipo 5: tem velocidade de até 106 Kb/s e armazenamento típico de até 3,5 KB. Contudo, há documentos técnicos que descrevem variações com 32 ou 64 KB de memória.

O tipo de tag NFC mais apropriado depende da aplicação de destino. Uma tag que visa apenas identificar lotes de produtos em um estoque pode se beneficiar das tags tipo 1 ou 2. Para aplicações mais avançadas, que envolvem transações financeiras, por exemplo, as tags NFC tipo 4 ou 5 podem ser as mais apropriadas.

Tag NFCArmazenamento típicoTaxa de transmissão
Tipo 196 bytes106 Kb/s
Tipo 248 bytes106 Kb/s
Tipo 32 KB212 ou 424 Kb/s
Tipo 432 KB106, 212 ou 424 Kb/s
Tipo 53,5 KB106 Kb/s
Tipos de tags NFC; os parâmetros podem variar de acordo com o fabricante

Quais são as aplicações das tags NFC?

Os vários tipos e o custo de implementação relativamente baixo permitem que as tags NFC sejam usadas em aplicações como:

  • Controle de acesso: uma tag NFC pode ser usada como chave para abertura de portas ou portões com trava eletrônica;
  • Automação residencial: tags NFC podem ser usadas para tarefas como acionar dispositivos do lar, compartilhamento de senha do Wi-Fi, abertura ou fechamento de portas, e facilitar a conexão a dispositivos Bluetooth;
  • Identificação de animais: uma tag NFC pode conter dados sobre uma animal de estimação, como endereço do tutor, idade e histórico de vacinação;
  • Comércio: tags NFC podem ser usadas para identificar prateleiras, organizar estoques, identificar produtos de alto valor agregado, entre outras aplicações comerciais;
  • Hotelaria: hotéis ou pousadas podem usar tags NFC para controlar com mais praticidade o acesso de hóspedes às instalações locais, como restaurante, academia e lavanderia;
  • Serviços de saúde: tags NFC podem ser usadas para triagem de pacientes ou controle de medicamentos em hospitais, clínicas, laboratórios e postos de saúde;
  • Pagamento por aproximação: tags NFC podem ser alternativas a cartões de crédito ou celulares para pagamento de compras, estacionamento ou transporte público, por exemplo;
  • Ações personalizadas: tags NFC podem ser personalizadas por meio de aplicativos específicos para realizar ações definidas pelo usuário, como reduzir a iluminação da casa ou sincronizar o celular com alto-falantes.

Quais são as vantagens das tags NFC?

Entre os vários benefícios proporcionados pelas tags NFC estão:

  • Baixo custo: o custo de fabricação das tags NFC costuma ser baixo. Modelos mais simples, geralmente baseados no tipo 1 e com substrato de papel, têm preço por unidade na casa dos centavos;
  • Formato variável: tags NFC podem ter diferentes formatos e dimensões, o que facilita o uso da tecnologia em aplicações variadas;
  • Praticidade: tags NFC precisam apenas de aproximação para funcionar, o que torna o seu uso fácil até por pessoas pouco familiarizadas com a tecnologia;
  • Versatilidade: tags NFC podem ser oferecidas como chaveiros, adesivos, dispositivos vestíveis (como pulseiras) e outros objetos para atender a aplicações dos mais diversos tipos;
  • Durabilidade: tags NFC protegidas por plásticos e com componentes de boa qualidade podem ter vida útil de dez anos ou mais, aspecto que contribui para a sustentabilidade;
  • Não requer fonte de alimentação: tags NFC não precisam de uma fonte de energia própria, pois funcionam como dispositivos passivos, embora alguns modelos possam precisar de bateria, dependendo da aplicação.
Tags NFC podem ser menores que uma moeda (imagem: reprodução/NFC Forum)
Tags NFC podem ser menores que uma moeda (imagem: reprodução/NFC Forum)

Quais são as limitações das tags NFC?

As tags NFC têm algumas características que podem restringir a sua utilização, como:

  • Alcance limitado: a tag NFC precisa ficar muito próxima do dispositivo de contato, muitas vezes com distâncias inferiores a 5 centímetros;
  • Compatibilidade: uma tag NFC não funciona com dispositivos não compatíveis com a tecnologia, a exemplo de celulares de entrada;
  • Baixa capacidade de armazenamento: as tags NFC têm memórias de baixa capacidade, logo, não armazenam grandes volumes de dados;
  • Requer segurança complementar: a segurança das tags NFC depende dos mecanismos de proteção implementados na aplicação. Se não houver esse cuidado, as etiquetas podem ser usadas para fins maliciosos;
  • Risco de perda: tags NFC muito pequenas podem ser perdidas com facilidade, o que requer atenção do usuário.

É possível fazer uma cópia de uma tag NFC?

Sim. Normalmente, aplicações baseadas em tags NFC contam com chaves criptografadas e outros mecanismos de segurança que impedem a clonagem ou a captura de dados indevida das etiquetas, mas nem sempre é possível garantir a eficácia dessas proteções.

Contudo, a cópia de tags NFC não é um procedimento trivial, razão pela qual ações maliciosas envolvendo essa prática não são comuns.

Posso gravar dados em uma tag NFC?

Sim. É possível gravar dados em um tag com auxílio de um iPhone (iOS) ou um smartphone Android compatível com NFC. Em ambos os casos, é preciso usar um aplicativo próprio para o procedimento.

O NFC Tools é um exemplo de aplicativo pago com função de programar tag NFC. Com ele, é possível gravar links, número de telefone, endereço de email, entre outras informações. Após a ação desejada ser escolhida, o NFC Tools pedirá que a tag seja aproximada do celular para a gravação ser concluída. O processo dura poucos segundos.

NFC Tools é um aplicativo que lê e grava dados em tags (imagem: Emerson Alecrim/Tecnoblog)
NFC Tools é um aplicativo que lê e grava dados em tags (imagem: Emerson Alecrim/Tecnoblog)

AirTags são tags NFC?

AirTags são pequenos dispositivos desenvolvidos pela Apple para facilitar a localização de objetos vinculados a elas. O produto pode ser considerado uma tag NFC por ser compatível com a tecnologia, apesar de também contar com outros recursos.

Se um objeto acompanhado de AirTag for encontrado por uma pessoa, o dispositivo poderá ser lido via NFC em celulares Android ou em um iPhone para que as informações reveladas ajudem a localizar o proprietário. Esse modo de leitura de dados faz a AirTag funcionar como uma tag NFC.

Mas a principal utilidade de uma AirTag é criar uma rede sem fio via Bluetooth para se comunicar com dispositivos próximos (como iPhones e iPads) até a localização do objeto vinculado a ela ser determinada.

É possível usar AirTags para automatizar tarefas por meio do aplicativo Atalhos do iPhone, o que também as fazem funcionar como tags NFC, mas essa não é a função principal do produto.

Apple AirTag (Imagem: Darlan Helder/Tecnoblog)
Apple AirTag (imagem: Darlan Helder/Tecnoblog)

Tags NFC são melhores que QR Code?

As tags NFC são dispositivos que funcionam por aproximação física, enquanto um QR Code consiste em um código bidimensional que deve ser lido pelas câmeras de celulares e tablets. Em linhas gerais, tags NFC são melhores que o QR Code por suportarem uma quantidade de dados maior, o que amplia as aplicações possíveis.

Tags NFC também oferecem a vantagem de ter a segurança da aplicação reforçada com chaves criptográficas e outras proteções. O fato de a leitura da etiqueta NFC ser feita a uma distância normalmente inferior a 5 centímetros contribui para a segurança por dificultar interceptações de dados.

Porém, uma tag NFC requer leitores compatíveis para funcionar, o que exclui celulares não equipados com a tecnologia. Isso faz o QR Code ser mais interessante para aplicações que visam alcançar o maior número possível de usuários.

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Emerson Alecrim

Emerson Alecrim

Repórter

Emerson Alecrim cobre tecnologia desde 2001 e entrou para o Tecnoblog em 2013, se especializando na cobertura de temas como hardware, sistemas operacionais e negócios. Formado em ciência da computação, seguiu carreira em comunicação, sempre mantendo a tecnologia como base. Em 2022, foi reconhecido no Prêmio ESET de Segurança em Informação. Em 2023, foi reconhecido no Prêmio Especialistas, em eletroeletrônicos. Participa do Tecnocast, já passou pelo TechTudo e mantém o site Infowester.

Ana Marques

Ana Marques

Gerente de Conteúdo

Ana Marques é jornalista e cobre o universo de eletrônicos de consumo desde 2016. Já participou de eventos nacionais e internacionais da indústria de tecnologia a convite de empresas como Samsung, Motorola, LG e Xiaomi. Analisou celulares, tablets, fones de ouvido, notebooks e wearables, entre outros dispositivos. Ana entrou no Tecnoblog em 2020, como repórter, foi editora-assistente de Notícias e, em 2022, passou a integrar o time de estratégia do site, como Gerente de Conteúdo. Escreveu a coluna "Vida Digital" no site da revista Seleções (Reader's Digest). Trabalhou no TechTudo e no hub de conteúdo do Zoom/Buscapé.

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