Review Apple TV 2, uma set-top box simplória
Filmes e músicas via streaming direto dos servidores da Apple.
No final do ano passado a Apple estreou no Brasil a sua loja de conteúdo e trouxe com ela a segunda versão da sua já conhecida set-top box, a Apple TV. Ela chega, então, trazendo suporte a muito do que ela já oferece lá fora, embora em quantidade bastante limitada devido ao licenciamento de filmes no Brasil.
![apple-tv-rev-hero](https://files.tecnoblog.net/wp-content/uploads/2012/01/apple-tv-rev-hero.jpg)
Mas além da loja da Apple, ela também inclui conectividade ao Netflix, YouTube, Vimeo, suporte ao protocolo de streaming AirPlay e outras opções de conteúdo em vídeo para serem exibidos numa tela bem maior do que a de um iPhone, iPad ou de um iPod Touch. Isso é o bastante para justificar a sua compra? Passei uma semana testando a Apple TV e você confere aí abaixo o que achei.
Design e saídas
![apple-tv-rev-mao](https://files.tecnoblog.net/wp-content/uploads/2012/01/apple-tv-rev-mao.jpg)
A set-top box da Apple tem um design simples que, no caso desse gadget em questão, se destaca apenas quando é segurada na mão. Quando está apoiado em um móvel junto à TV, o gadget se mistura bem com o resto dos aparelhos. Cantos arredondados, saídas na traseira, símbolo na parte de cima e LED indicador na parte da frente.
![apple-tv-rev-traseira](https://files.tecnoblog.net/wp-content/uploads/2012/01/apple-tv-rev-traseira.jpg)
Na traseira, aliás, estão a saída HDMI, a Ethernet, a microUSB, a saída Óptica e a entrada de energia. Além delas, o gadget vem também com suporte a redes WiFi 802.11n e não tem armazenamento interno. Ah e a porta microUSB não serve para nada oficial, apenas para diagnóstico por uma assistência autorizada da Apple ou jailbreak.
![apple-tv-rev-contr](https://files.tecnoblog.net/wp-content/uploads/2012/01/apple-tv-rev-contr.jpg)
O controle minimalista segue o mesmo design, com dois botões pretos e uma clickwheel parecida com a dos iPods só que não é sensível ao toque. Apesar de ter algum estilo, ele é pequeno e extremamente fácil de perder. Ter um sofá com aberturas é o requerimento mínimo para que isso aconteça mais cedo ou mais tarde, invariavelmente.
Configuração e interface
Ao ligar a Apple TV você precisa ter duas coisas já preparadas: uma conta ativa em alguma loja da Apple (preferencialmente a brasileira) e muita paciência. Enquanto que a maioria das set-top boxes têm um controle cheio de botões e com descrições bem detalhadas das funções, aqui só há o botão de play/pause, o de menu e o direcional. Felizmente não precisei adivinhar o que cada um faz na tela porque o manual é bem descritivo.
Não ache, porém, que você vai tirá-la da caixa e já conectar à TV. A Apple não envia um cabo HDMI com o gadget, você precisa comprá-lo separado. Por um lado é um bom meio de economizar os 50 reais que o cabo oficial da empresa da maçã custa, mas por outro, não enviar nenhum cabo para conexão à TV em um aparelho especificamente com esse fim é bem estranho.
A interface inicial da Apple TV é bem simples de navegar. Ela vem com uma faixa horizontal com as opções de Filmes, Música, Internet, Computadores e Ajustes. Acima da faixa ficam detalhes de cada opção quando selecionada e abaixo dela ficam as sub-opções de cada uma.
Para quem tem um gadget com iOS e uma tela, o aplicativo Remote facilita imensamente o uso da Apple TV em um ambiente em que ela está conectada na mesma rede que a set-top box. Mas ainda assim, é necessário ativar o Home sharing (compartilhamento familiar) com a mesma Apple ID do aplicativo antes de poder usá-lo. Ou seja: ao menos uma vez será necessário usar o controle remoto para digitar um endereço de e-mail e senha.
Por mais que existam pequenas irritações, a palavra-chave que traduz a interface da Apple TV é simplicidade. Simples de navegar, simples de se encontrar o que você quer. Uma boa sacada da interface é a aba “Recentes” que aparece na hora de digitar um login. Você pode recorrer a ela se o seu e-mail do Netflix for o mesmo da Apple ID, por exemplo. Ou se você busca sempre por um mesmo seriado.
Alugando e assistindo conteúdo
A Apple TV vem com suporte nativo à loja Brasileira de conteúdo da Apple, então mesmo que você tenha uma conta na loja americana vai ter que usar uma outra se quiser adquirir conteúdo por ela. O aluguel de conteúdo é bem fácil: você busca na opção de filmes por qual vídeo quer assistir, seleciona a opção de alugar e paga os 5 dólares (se for em HD) para ter a chance de assisti-lo. Não existe a opção de comprar conteúdo, talvez pelo fato de que não há armazenamento interno na Apple TV. Mas seria interesante oferecer a compra para posterior download em um computador, não?
O preço é um pouco caro, mas a qualidade do streaming foi ótima. A Apple TV faz um buffer razoável do vídeo antes de dar o play nele. Obviamente, por uma conexão cabeada o tempo entre o buffer e o play foi menor, mas ainda assim não notei diferença depois que o vídeo começou a tocar. Durante o playback de qualquer vídeo, aliás, um toque no botão para baixo do controle muda a barra de avanço rápido e te permite pular para outro capítulo, o que é bacana para quem está acostumado com DVDs. O vídeo em alta definição só vai até 720p e nesse ponto achei que poderia ser melhor.
Apesar de não ter uma opção de compra de vídeo, você pode comprar no iTunes e usar o AirPlay (falo dele logo abaixo) para tocar algum conteúdo da loja da Apple sem problemas, desde que tenha feito o login no compartilhamento familiar, já que o conteúdo é protegido por DRM.
Uma coisa que gostaria de destacar aqui são as legendas em branco com um genial contorno preto, que serve para impedir que elas sumam quando a tela exibe algo branco. Uma tecnologia aparentemente difícil de implementar nos cinemas do Brasil, por mais que eles faturem milhões e milhões de dólares todos os anos.
AirPlay
O AirPlay é um protocolo proprietário da Apple que permite que conteúdos em dispositivos da empresa sejam tocados em caixas de som com suporte a ele e na Apple TV. Em dispositivos iOS, mesmo que você não tenha configurado o Home Sharing, ao tocar um vídeo ou música será mostrada a opção de mudar a saída do conteúdo para a Apple TV.
![apple-tv-rev-airplay2](https://files.tecnoblog.net/wp-content/uploads/2012/01/apple-tv-rev-airplay2.jpg)
Uma das vantagens de usar o AirPlay em dispositivos móveis é poder executar outras operações enquanto o vídeo está tocando. Obviamente isso acaba com a bateria um pouco mais rápido, mas considerando que você estaria usando a Apple TV em casa, tomadas não devem ser problema.
![apple-tv-rev-airplay1](https://files.tecnoblog.net/wp-content/uploads/2012/01/apple-tv-rev-airplay1.jpg)
No seu computador de preferência, seja ele um PC com Windows ou Mac, a opção de AirPlay também deve aparecer no canto inferior direito do iTunes assim que você ligar a função de Home Sharing. Basta selecionar a Apple TV como saída e tocar algum vídeo ou música.
Esse protocolo facilita bastante o playback multimídia, mas o fato de que não há suporte de outros codecs no ecossistema da Apple acaba limitando também a funcionalidade do Apple TV. Apenas mpeg4 e h.264, em termos de vídeo, são aceitos.
Outro detalhe é que se você não quiser deixar o AirPlay ativado para qualquer pessoa, é possível configurar uma senha para o protocolo nas configurações da set-top box.
Extras
A Apple TV foi feita para tocar vídeo, mas como extra, há uma opção de música embutida também. E na opção Internet, a Apple TV mostra outros serviços de streaming suportados no dispositivo.
O streaming de música pelo iCloud está disponível apenas para quem tem a assinatura do iTunes Match. Mas ela é um pouco redundante, considerando que você pode apenas ligar o Home Sharing e dar play na música pelo iTunes.
Fazer login no Netflix foi simples, já que eu usei o aplicativo Remote. No menu são oferecidas as mesmas opções em uma interface até semelhante à aquela disponível na web. Você pode buscar um vídeo, ver sugestões, continuar a lista de assistidos recentemente e até acessar a fila instantânea, que não está habilitado na versão brasileira do Netflix mas com um script do Greasemonkey pelo Firefox você consegue ter acesso à ele, basta buscar.
Ainda existem opções como assistir vídeos do YouTube, Vimeo e outros sites. Os vídeos exibidos no YouTube tocaram sem problemas, preferencialmente em HD (se o vídeo foi enviado para o site com essa resolução). Para alguns é necessário ter um login, como o MLB.tv.
Pontos positivos
- Streaming rápido;
- Preço razoável;
- Conteúdo recente.
Pontos negativos
- Falta de armazenamento interno;
- Controle minimalista;
- Conteúdo em até 720p, no máximo.
Conclusão
A Apple TV chegou tarde no Brasil e, por isso, ela não entrega o bastante para justificar sua compra em um mercado com várias TVs inteligentes. Ela tem suporte à loja de vídeos da Apple, mas o resto das funcionalidades que ela oferece, como Netflix e suporte a playback de vídeos em computadores remotos, estão integradas em vários modelos de Smart TVs hoje em dia, como da Samsung, LG e outras. E ela ainda não conta com armazenamento interno ou suporte a outros codecs além dos aprovados pela Apple, o que é um pouco irritante.
Há, no entanto, um nicho em que ela se encaixa perfeitamente: o das TVs antigas. Existem modelos de diversas fabricantes (também da LG e Samsung) que hoje em dia não oferecem conectividade à internet ou a serviços de streaming e, quando oferecem, fazem de modo limitado, tanto pela falta de poder de processamento da TV quanto para incentivar a compra de novos modelos. A meu ver, a Apple TV é um gadget que complementa bem essas TVs. E por R$ 399,00 (cabo HDMI não incluso), eu acho que vale a pena.
E sim, o jailbreak da Apple TV habilita bastante coisa extra, mas trata-se de um processo não-oficial, não-sancionado e que nem sempre funciona para todo mundo. Portanto, assim como nós evitamos levar em consideração o root e o jailbreak nos reviews de aparelhos com iOS e Android, ele também será ignorado aqui.
Já para os donos de uma televisão recente, comprar uma Apple TV é um pouco redundante, quase quanto usar tanto um cinto e suspensórios para segurar uma calça. Por enquanto, com o pouco conteúdo oferecido na loja, vale mais a pena usar um dos serviços integrados na TV ou comprar uma set-top box com mais opções, como um WD TV Live. Embora custe um pouco mais, eles suportam mais codecs e contam com armazenamento interno.