Review MacBook Air (Retina, 2018): a atualização que ele merecia
Notebook ultrafino da Apple ganhou tela de alta resolução, Touch ID e teclado atualizado
Notebook ultrafino da Apple ganhou tela de alta resolução, Touch ID e teclado atualizado
O MacBook Air foi o primeiro Mac que eu comprei, em meados de 2013. Desde aquela época, ele não recebia nenhuma grande atualização: as poucas mudanças se resumiam a uma nova geração de processador e mais opções de armazenamento. Mas, no final de 2018, quando muitos pensavam que a linha estava morta, o ultrafino da Apple ganhou uma renovação de respeito.
O novo modelo traz o leitor de impressões digitais Touch ID no teclado com mecanismo borboleta e teclas mais baixas. Além disso, ele recebeu uma tela Retina de 13 polegadas como a do MacBook Pro, um trackpad ainda maior e uma carcaça de alumínio reciclado mais fina que a do antecessor, mantendo a bateria de 12 horas e a portabilidade que sempre marcou o MacBook Air.
No Brasil, quem quiser um precisa gastar pelo menos R$ 10.399. Será que esse laptop é bom mesmo? Eu estou utilizando o novo MacBook Air como meu computador principal há um mês e conto minhas impressões nos próximos minutos.
O design do MacBook Air mudou, mas a Apple manteve o formato de cunha, que começa com 1,5 cm e vai afinando até chegar aos 4 mm, o que é menos que a espessura do seu celular. Em conjunto com o peso de apenas 1,25 kg, o resultado é um notebook para levar para qualquer lugar e nem perceber que ele está na mochila. Eu sou um grande fã de ultraportáteis e, na cobertura da CES 2019, em Las Vegas, agradeci bastante por não precisar transportar um trambolhão nas costas.
E o que mudou por fora? Ele tem novas opções de cores, incluindo o dourado, também presente no MacBook de 12 polegadas; está com alto-falantes mais potentes em volta do teclado; e abandona as tecnologias legadas, como as portas USB tradicionais, o conector de energia MagSafe e o leitor de cartões de memória, que já haviam desaparecido no MacBook Pro.
É claro que existem vantagens no USB-C, como a possibilidade de recarregar a bateria em qualquer porta, usar uma power bank comum para estender a autonomia e fazer tudo ao mesmo tempo na mesma entrada — o mesmo cabo que liga o MacBook Air a um monitor externo pode servir para alimentar o notebook, por exemplo. Só que a vida real é bem diferente de eletrônicos com USB-C em todo lugar, então a transição é muito dolorida (e cara).
No meu trabalho, eu tenho que usar um adaptador de cartão SD para transferir as fotos da minha câmera; plugar um hub com portas USB-A para ligar um microfone condensador; e de vez em quando conectar algum pen drive fornecido em alguma coletiva de imprensa, que com certeza não vai ser USB-C. E a remoção do MagSafe em todos os MacBooks é um retrocesso: era ótimo saber que um notebook de R$ 10, 20 ou 30 mil não sairia voando da mesa se algum estabanado tropeçasse no cabo de força.
A maior novidade do MacBook Air é a tela Retina de 13,3 polegadas — é a primeira vez que a Apple coloca uma tela de alta definição na linha. A resolução passou de 1440×900 para 2560×1600 pixels e tem excelente qualidade de imagem. A definição é impecável, sendo quase impossível enxergar pixels individuais a olho nu. As cores também agradam e o ângulo de visão do painel não deixa a desejar em nenhum momento.
A única crítica com relação à nova tela é que o brilho máximo é menor que o do MacBook Pro. Ainda assim, é algo que não deve afetar a experiência de ninguém e só pode ser percebido ao comparar os dois notebooks lado a lado. E, claro, a Apple não garante que o display IPS LCD do MacBook Air suporta o espectro de cores DCI-P3, então não é desta vez que os profissionais de imagem ganharam uma opção mais portátil.
Outro avanço no MacBook Air está no som. O modelo antigo tinha alto-falantes escondidos embaixo do teclado, com qualidade ok. Na nova geração, a Apple colocou os speakers nas laterais. A promessa é que o volume aumentou 25% e os graves estão duas vezes mais potentes. Eu não tenho como fazer uma comparação com o MacBook Air antigo, mas a qualidade é parecida com a do MacBook Pro, com ótimo nível de áudio e bom alcance dinâmico para um ultrafino.
O teclado do novo MacBook Air é o mesmo dos outros Macs recentes, com botões retroiluminados, mecanismo borboleta e padrão americano, sem cedilha. A digitação é bastante confortável e precisa: mesmo quem vem de um teclado tradicional, com teclas mais altas, não deve gastar muito tempo se adaptando. Ele não tem a Touch Bar do MacBook Pro, o que também significa que a tecla Esc está sempre ali, fisicamente e pronta para ser apertada a qualquer momento.
A Apple trouxe o leitor de impressões digitais Touch ID integrado ao botão liga/desliga, permitindo fazer pagamentos com o Apple Pay sem precisar digitar senhas — mas a quantidade de sites que suportam a tecnologia no Brasil é muito pequena. Ainda assim, ele é rápido, preciso e funciona bem para logar rapidamente no macOS, autorizar uma compra na Mac App Store, abrir o gerenciador de senhas 1Password e usar outros aplicativos compatíveis.
E o trackpad, que é um grande ponto forte nos MacBooks, continua muito bom e teve um aumento de 20% na área. Os gestos multitouch para dar zoom, abrir o Mission Control ou mostrar o desktop sempre são reconhecidos com bastante precisão. Como ele tem suporte ao Force Touch, dá para executar ações diferentes ao pressionar o trackpad com mais força — mas nada que você já não pudesse fazer em outros Macs de outras formas.
Por dentro, o MacBook Air tem um Core i5 dual-core de oitava geração, até 16 GB de RAM e até 1,5 TB de SSD. Diferentemente do modelo antigo, não é possível fazer upgrade no processador, pelo menos no momento em que eu escrevi este review. Isso é um problema se considerarmos que a concorrência já vem oferecendo nos ultrafinos um Core i7 quad-core que, dentro do ecossistema da Apple, ainda fica restrito aos MacBooks Pro.
O desempenho é bom para qualquer tarefa que não seja rodar um jogo pesado ou renderizar um vídeo. Gamers naturalmente já não comprariam nenhum Mac. Profissionais que executam tarefas intensas ainda vão precisar abrir mão da portabilidade e desembolsar mais dinheiro em um MacBook Pro de 15 polegadas.
Como o armazenamento é em memória flash, todos os aplicativos abrem instantaneamente e não há engasgos no dia a dia. A GPU integrada da Intel faz um bom trabalho em manter as animações do sistema operacional fluidas, diferente do que ocorre no MacBook de 12 polegadas com Core m. E a estabilidade do macOS também conta pontos a favor: estou há exatamente 27 dias, 6 horas e 57 minutos sem desligar o notebook, e nada estranho está acontecendo.
Se o MacBook Air não é o notebook mais potente do mundo, a eficiência merece destaque. Apesar de ser uma máquina bem fina, com espaço limitado, a bateria não decepciona e consegue durar um dia de trabalho. Nos meus testes, com brilho em 70% e utilizando principalmente Slack, Ulysses, iTunes e Safari (com cinco abas abertas, em média), a autonomia variou entre 7h e 10h30min longe da tomada.
Antes de concluir, eu preciso passar a recomendação padrão de qualquer review de notebook ultrafino: você quer poder de processamento, números gigantes, placa de vídeo dedicada e rodar Crysis no talo? Então você não quer um notebook ultrafino. Entra aqui e procura um review de notebook gamer que fatalmente vai custar metade do preço. Pronto? Ok, vamos prosseguir.
O novo MacBook Air é um excelente computador, mas perde apelo no mercado brasileiro por causa do preço e da própria linha de notebooks da Apple. O modelo que eu testei, com 8 GB de RAM e 256 GB de espaço, números que considero o mínimo aceitável para um usuário médio hoje em dia, custa R$ 11.999. Um MacBook Pro com a mesma quantidade de memória e armazenamento é vendido por R$ 16.199.
Existe uma diferença de preço aqui, mas que não é tão absurda para o público que tem poder aquisitivo para comprar um notebook desse porte. Por R$ 4,2 mil a mais, o MacBook Pro tem uma tela mais brilhante e precisa, quatro portas USB-C com Thunderbolt 3 em vez de apenas duas, um processador que oferece o dobro de desempenho e uma GPU mais potente, além de detalhes como a Touch Bar, que você pode ou não fazer questão.
A maior vantagem do MacBook Air, que era a portabilidade, deixou de fazer tanto sentido porque o MacBook Pro também se tornou muito leve com o tempo: hoje, ele pesa só 120 gramas a mais. A bateria é pior, claro. Mas, com a chegada do USB-C, eu não consigo imaginar um cenário em que você realmente fique mais de 5 horas sem acesso a absolutamente nenhuma fonte de energia.
No mundo do Windows, a concorrência também cobra caro, mas oferece mais poder de fogo. A Dell vende o XPS 13 com 8 GB de RAM e 256 GB de SSD por R$ 10.449, mas com Core i7 quad-core. O Lenovo ThinkPad X1 Carbon, com a mesma configuração, sai por R$ 15.999. O menos caro (e provavelmente o ultrafino de melhor custo-benefício) é o Samsung Style S51, que traz os mesmos números por R$ 7.999.
Já para quem gosta de macOS, a minha recomendação seria enfiar o pé na jaca e partir direto para o MacBook Pro. Sim, o MacBook Air ganhou uma atualização de respeito — e eu tenho muito apreço pela bateria de longuíssima duração e pelo design extremamente fino dele. Mas o laptop mais profissional da Apple ainda oferece mais vantagens entre os notebooks ultrafinos, ultraportáteis e ultracaros.
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