Review Moto G7 Play: quase perfeito para um básico
Simples e robusto, Moto G7 Play é um bom intermediário de entrada, mas memória RAM pode ser um gargalo
Simples e robusto, Moto G7 Play é um bom intermediário de entrada, mas memória RAM pode ser um gargalo
O Moto G7 Play é um dos quatro smartphones da sétima geração de intermediários da Motorola. Lançado em fevereiro de 2019, ele veio para ser a opção mais simples e, consequentemente, mais barata (ou menos cara) entre eles: seu preço oficial é de R$ 999.
Por esse valor, o modelo oferece tela HD+ de 5,7 polegadas, processador Snapdragon 632, 32 GB para armazenamento de dados e bateria de 3.000 mAh. Para um intermediário básico, a configuração não parece ruim, mas uma limitação importante salta aos olhos: o aparelho conta com apenas 2 GB de RAM.
Será que o Moto G7 Play tem bom desempenho com essa ficha técnica? A bateria dura bastante? As câmeras convencem? Eu usei o smartphone por alguns dias e conto as minhas impressões sobre ele a partir de agora.
Comparando com todos os modelos da linha Moto G7, o acabamento do G7 Play é o que mais me agradou. Em vez da superfície com aspecto brilhante que caracteriza os demais, a gente encontra aqui uma traseira plástica robusta e que, portanto, não transmite a sensação de fragilidade que eu tive como o Moto G7 Power. Para completar, a superfície é texturizada com microrranhuras que dão muita segurança para a pegada.
Por ter uma tela relativamente pequena para os padrões de hoje, o Moto G7 Play acaba sendo fisicamente menor que seus irmãos. Não que isso seja ruim. Eu simpatizo bastante com smartphones compactos por conta da praticidade que eles oferecem — cabem facilmente no bolso da calça, são confortáveis de se usar com apenas uma mão e por aí vai.
O já batido calombo na traseira incomoda um pouco, ainda que ele não seja muito pronunciado. Para os mais detalhistas, o “queixo” ali na frente que a Motorola insiste em preencher com a sua marca também perturba. Tudo bem que o Moto G7 Play não foi feito para ser bonito, mas esses detalhes quebram a harmonia do design.
Ponto positivo para a porta USB-C na parte inferior — ainda é comum encontrar micro-USB em smartphones básicos —, para a entrada de fones de ouvido na superior e para a gaveta de chips na lateral esquerda, que não é híbrida: você pode inserir nela dois SIM cards e um microSD de até 256 GB.
Com 5,7 polegadas, a tela do Moto G7 Play é um painel IPS LCD que exibe cores fortes e tem pouca perda de tonalidade quando visualizada sob ângulos variados. Uma resolução maior é sempre desejada, mas os 1512×720 pixels (HD+) que encontramos aqui dão conta do recado: a definição não é prejudicada a ponto de você identificar pixels facilmente, por exemplo.
Já o brilho máximo não é dos mais fortes. Dá para enxergar o conteúdo do visor na rua durante um dia ensolarado, mas talvez você tenha que forçar um pouco os olhos para isso. O ajuste automático de brilho até que funciona bem, mas é um tanto demorado.
Mas, provavelmente, o que mais vai incomodar é o aproveitamento do espaço frontal (ou a falta de). As bordas ao redor da tela são generosas, principalmente na parte inferior. Já o notch é daquele tipo mais avantajado — no Moto G7 e no Moto G7 Plus, o entalhe tem formato de gota.
Além de câmera frontal, sensores e flash LED, o notch abriga a única saída de áudio do aparelho. Para chamadas ela é suficiente. Para som externo, é bom não ter grandes expectativas: o áudio até sai com alguma clareza, mas o volume não é muito alto e pode ficar excessivamente estridente em certos momentos. Fones de ouvido são mandatórios aqui.
O Moto G7 Play vem com o Android 9 Pie e uma interface pouco modificada pela Motorola. Gosto disso. Primeiro porque o software fica bastante estável. Segundo porque os poucos recursos colocados pela fabricante são, de modo geral, muito úteis.
Falo especialmente do Moto Ações, que permite configurar vários gestos, a exemplo do já clássico modo que aciona a lanterna quando o celular é agitado duas vezes seguidas. O meu preferido é o “Navegação em um toque”, que cria uma barra virtual na parte inferior da tela para substituir com gestos os botões do Android — abra o app usado anteriormente deslizando a barrinha para a direita, por exemplo.
Também gosto do Moto Tela. Ele exibe notificações na tela de bloqueio, permitindo inclusive que você interaja com algumas delas, além de trazer a opção “Tela alerta”, que mantém a tela ligada enquanto você estiver para ela.
São detalhes pequenos, mas que podem mesmo ser úteis. Falando em utilidade, vale destacar que, por vir com o Android 9 Pie, o G7 Play conta com o “Bem-estar digital”, ferramenta que mostra em gráficos quanto tempo você gasta em cada aplicativo e permite configurar períodos de silêncio para as notificações.
Na traseira, o Moto G7 Play traz uma única câmera de 13 megapixels e abertura f/2,0. Ela não faz fotos de encher os olhos, mas os resultados são bastante satisfatórios para um celular que não tenta ser mais do que mediano. Com condições de luz favoráveis, as imagens geradas com ela mostram definição decente, pouco ruído e cores fortes.
O HDR vem configurado como automático e vale a pena deixá-lo assim. O modo consegue clarear bem áreas de sobra, ainda que, ocasionalmente, faça a saturação passar um pouco do ponto.
Em smartphones intermediários, é comum que fotos registradas à noite ou em ambientes com iluminação baixa tenham bastante ruído ou perda expressiva de nitidez. Não é diferente no G7 Play. Você até pode regular alguns parâmetros para amenizar o problema, mas vai ser difícil escapar da granulação e da definição fortemente reduzida.
Já á câmera frontal conta com 8 megapixels, abertura f/2,2 e flash LED. As selfies feitas com ela até têm alguma deficiência de nitidez aqui e ali, mas o problema é discreto quando as condições de luz ajudam.
Vale dizer que ambas as câmeras têm um modo retrato, mas com o desfoque do fundo sendo feito por software. O problema disso é que, vez ou outra, detalhes como orelhas e cabelos também acabam sendo desfocados, te obrigando a tentar de novo com ângulos ou distâncias diferentes até conseguir uma foto convincente.
O Snapdragon 632 é um bom processador intermediário. No Moto G7 Play, ele executou todos os aplicativos que eu testei sem apresentar travamentos ou fechamentos inesperados. O problema é a memória RAM: os 2 GB disponíveis são suficientes para as tarefas cotidianas, mas funcionam no limite, digamos assim.
Para você ter noção, no multitarefa, não é difícil notar certa letargia ao alternar entre os apps abertos, ainda que discretamente. De igual forma, você pode perceber alguma demora na abertura de aplicativos.
Tirando isso, o G7 Play consegue trabalhar bem. Até jogos exigentes como Breakneck e Asphalt 9: Legends ele rodou, embora com configurações gráficas medianas — no máximo, a taxa de frames fica bastante irregular.
Mesmo assim, tem um detalhe que me preocupa: não é incomum que, com o passar do tempo, o desempenho geral do smartphone caia, razão pela qual não consegui me desvencilhar da incômoda sensação de que a falta de mais memória RAM vai ser sentida após alguns meses de uso.
A bateria se comporta bem, mas tem 3.000 mAh, por isso, não espere milagres. Ela vai permitir que você termine o dia com uns 30% de carga, desde que sob uso moderado. Para testá-la, rodei o seguinte: Netflix com brilho máximo na tela por quase duas horas, meia hora de YouTube, cerca de 20 minutos de Breakneck, outros 20 minutos de Asphalt 9: Legends, uma hora de Chrome e redes sociais, Spotify por uma hora via alto-falante e uma chamada de 10 minutos.
São os testes que eu sempre faço. Comecei pela manhã, com 100% de carga, e fui executando os apps no decorrer do dia. Por volta das 22:00, ainda havia cerca de 25% de carga. Não chega a ser ruim, mas também não impressiona.
O tempo de recarga de 10% para 100% foi de 1h45min com o carregador que acompanha o aparelho. Embora o Moto G7 Play tenha suporte a recarga rápida, a Motorola não incluiu um carregador TurboPower na embalagem do produto.
O Moto G7 Play é um smartphone do tipo “pau pra toda obra”. Ele não é excepcional em nenhum quesito, mas dá conta das tarefas às quais é submetido. A tela exibe cores com vivacidade (apesar de faltar um pouco de brilho), as câmeras fazem fotos suficientemente boas para as redes sociais, por exemplo, a bateria tem autonomia aceitável e o acabamento é robusto, sem contar que o aparelho pode ser uma boa pedida para quem procura um celular compacto.
Ou não, pois existe uma limitação importante: a memória RAM. Se o Moto G7 Play correspondesse aos padrões atuais, ou seja, tivesse 4 GB de RAM, seria um celular com ótima relação custo-benefício — ou o básico perfeito. Com metade disso, ele acaba tendo um potencial relativamente alto de frustrar quem possui um perfil de uso mais avançado.
Não que a unidade testada aqui tenha tido desempenho ruim, mas dá para perceber que ela não é tão ágil assim no multitarefa. Isso faz do G7 Play uma opção para usuários que só precisam do básico.
Só que um smartphone básico não vale os R$ 999 sugeridos pela Motorola, portanto, fica valendo aquela recomendação que quase sempre aparece nos reviews do Tecnoblog: espere os preços baixarem. Por uns R$ 800 já dá para conversar. Se for para desembolsar o valor oficial ou algo próximo, hoje, eu pensaria em um smartphone como o Multilaser MS80X, aparelho se saiu bem nos nossos testes.