Lenovo ThinkPad Edge é um bom computador, com tela respeitável

Rafael Silva
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• Atualizado há 11 meses

Lançado no Brasil no mês passado, o Edge da Lenovo (05782JP) faz parte da linha de modelos mais famosa da empresa, a ThinkPad. Na verdade essa linha nem era originalmente da Lenovo, mas estava no pacote quando a empresa comprou o direito de explorar o setor ThinkPad da IBM em 2004. A diferença é que os chineses da Lenovo conseguiram dar um ar de sofisticação à linha com o passar do tempo.

Prova disso é o fato do Edge estrear no Brasil ao lado de modelos como o T410 e W510, dois laptops com configurações respeitáveis. Mas o Edge se sustenta sozinho sem precisar do nome ThinkPad para alavancar ou provoca risos dos seus irmãos mais velhos? Testei uma unidade do produto por duas semanas e deixo abaixo as minhas conclusões.

Design e conectores

Apesar de ser um notebook primariamente voltado para o mercado corporativo, o ThinkPad Edge recebeu um design interessante e elegante, que não vemos hoje em dia nas empresas. A tela de 14,1 polegadas é de LED e sua placa de vídeo integrada da Intel suporta uma resolução máxima meio diferente da que estamos acostumados, de 1366×768 pixels.

Já nos conectores, o Edge conta com uma saída VGA, uma HDMI, Ethernet, um leitor de cartão de memória 6 em 1 e quatro USBs espalhadas nas laterais e traseira do notebook. Uma dessas portas é integrada com uma SATA, o que economiza espaço e é bem conveniente. O notebook ainda conta com uma webcam embutida e leitor de impressão digital. O microfone ao lado da webcam não tem uma qualidade muito boa, mas isso já é de praxe em microfones integrados. Ele também conta com duas saídas de ventilação e um slot Kensington de segurança.

Segundo a Lenovo, o notebook também tem conectividade Bluetooth, mas não consegui ativá-la ou sequer notar a presença dela no gerenciador de dispositivos do Windows. A unidade do Edge cedida pela Lenovo deve ter a nova versão de Bluetooth: o BT invisível. Infelizmente, essa também é a versão que não funciona.

Hardware

O ThinkPad Edge vem com um processador Intel Core i5 M430 com 2,27 GHz de clock. O suficiente tanto para tarefas básicas, como edição de textos e planilhas, como também para exibição de um vídeo em alta definição. Um arquivo em .mkv (Skavurzka! Matroska!) com 1920×1080 pixels de resolução foi reproduzido sem nenhuma perda perceptível de frame. O processador acompanha 4 GB de memória RAM, uma placa de vídeo Intel HD BR-1004, um disco rígido IDE de 320 GB e leitor/gravador de DVD.

Apesar da interface IDE ter sido escolhida para esse tipo de notebook, os demais itens de hardware como memória e processador compensam a baixa velocidade de gravação de dados. A configuração não é a melhor para games, mas ainda assim decidi fazer dois testes de benchmark no Edge, cujos resultados estão mais abaixo.

Teclado e touchpad multitouch

O teclado do Edge é incrivelmente macio. Um dos melhores para digitar que já usei. Ele peca em um aspecto, no entanto: as teclas dedicadas. Eu uso muito as teclas de função, desde a F1 até a F12, mas no caso do Edge elas dão lugar a funções específicas como regular volume do áudio e brilho na tela ou dar play e pause numa música. Para usar uma tecla de função é preciso apertar junto a tecla Fn, o que mata o propósito do atalho.

Outra particularidade que não me agrada nos notebooks da Lenovo é a presença de tanto um touchpad como o de um trackpoint. Esse botãozinho vermelho no meio do teclado meio que incomoda ao digitar, mas talvez seja um problema só meu.

Já o touchpad multitouch funciona como mágica, provavelmente do jeito que a Apple (que tem a patente da tecnologia multitouch) gostaria. Efeitos como o pinch-to-zoom, rolagem com dois dedos e rotacionar imagens dão um toque especial ao Edge, principalmente para quem não gosta muito de carregar um mouse para todo lado.

Bateria

Se for configurado corretamente (leia-se ajustar o brilho da tela e tempo de inatividade), a bateria pode deixar o notebook ligado por até 4 horas, segundo o indicador da própria Lenovo. Eu, no entanto, não consegui tirar mais de 3 horas e 20 minutos com atividades rotineiras (como digitação de texto e navegação web), um tempo aceitável e que pode ser prolongado se o Wi-Fi estiver desligado. A bateria leva pouco mais de 3 horas e 40 minutos para ser completamente carregada.

Windows e programas de personalização

Instalado no Edge veio um Windows 7 Professional de 64 bits. Assim que o liguei na rede, baixei todas as atualizações disponíveis para o sistema. Afinal, queria que todas as correções possíveis fossem instaladas para que ele funcionasse da melhor forma e eu pudesse analisá-lo de maneira justa. Depois da atualização, uma pequena surpresa apareceu no canto inferior direito.

Yep. Por algum motivo, a Lenovo mandou um notebook com um Windows 7 que não é original. Mas veja bem, não estou dizendo que todos os ThinkPad Edges virão com um sistema pirata, apenas observei que a versão para testes parece ser menos genuína do que eu esperava. Ou talvez tenha sido tão reinstalada que a Microsoft bloqueou a ativação pela internet, deixando disponível apenas a opção de ativar pelo telefone. Darei o benefício da dúvida aqui.

Já na área de programas de personalização, a Lenovo não mediu esforços. Instalou toda a sorte de software para controlar qualquer parte eletrônica do Edge. Duvida?

Por um lado isso é bom, visto que você tem mais controle sobre os componentes do computador. Por outro, são muitos programas, cada um pedindo várias vezes inúmeras permissões para executar uma função diferente. Isso chega a ser cansativo de gerenciar e irrita com o passar do tempo.

Um dos programas úteis, no entanto, é o programa de proteção contra quedas. Ele tem a capacidade de detectar se o notebook sofreu uma queda e desativar seu sistema por um tempo pré-determinado caso isso aconteça. Isso pode prevenir que dados sejam gravados corrompidos no HD. Bem útil para alguém desastrado como eu.

Ele também conta com um programa da Intel que cria uma rede sem fio para conexão de até cinco gadgets, o que pode ser extremamente interessante no momento de compartilhar uma conexão cabeada.

Benchmark

Esse não é um notebook com alta performance, mas ainda assim fiz uns testes de benchmark só para desencargo de consciência. O primeiro (que na verdade eu refiz) foi o do próprio Windows 7, para determinar a capacidade dele.

Também rodei o Street Fighter 4 Benchmark e BlackBox 2.0, dois ótimos indicadores da capacidade gráfica e velocidade de um computador. Os resultados estão logo abaixo.

Black Box 2.0:

Street Fighter 4 Benchmark:

Conclusão

Como um notebook, o Edge não se destacaria muito se não fosse da linha ThinkPad. As escolhas da Lenovo em relação à hardware fazem sentido em alguns pontos mas deixa a desejar em outros. Porém, como um todo, o Edge é um bom computador, com tela de LED respeitável, um processador que dá conta do recado e que tem um preço de mercado condizente com o que entrega: R$ 2.999,00. A Lenovo também vende uma versão de R$ 2.599,00 do Edge que tem algumas pequenas alterações como a quantidade de espaço no HD e memória, mas o processador é o mesmo.

Ele só peca pela quantidade excessiva de programas de personalização da Lenovo, cada um com uma função diferente. Mas isso é facilmente resolvido com um programa de limpeza, caso o usuário não veja tanta vantagem em algum desses programas.

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Rafael Silva

Rafael Silva

Ex-autor

Rafael Silva estudou Tecnologia de Redes de Computadores e mora em São Paulo. Como redator, produziu textos sobre smartphones, games, notícias e tecnologia, além de participar dos primeiros podcasts do Tecnoblog. Foi redator no B9 e atualmente é analista de redes sociais no Greenpeace, onde desenvolve estratégias de engajamento, produz roteiros e apresenta o podcast “As Árvores Somos Nozes”.

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