Review Notebook Lenovo ThinkPad E14: um clássico moderno
Lenovo ThinkPad E14 tem chip AMD Ryzen 3 4300U e segue tradição da linha: acabamento robusto e TrackPoint marcam presença
Lenovo ThinkPad E14 tem chip AMD Ryzen 3 4300U e segue tradição da linha: acabamento robusto e TrackPoint marcam presença
Quando você comprou um notebook pela última vez, cogitou escolher um modelo ThinkPad? Se a resposta for positiva, é provável que você já tenha trabalhado com um equipamento do tipo e gostado da experiência. Sim, trabalhado: estamos falando de laptops pensados originalmente para uso corporativo. O Lenovo ThinkPad E14 Gen 2 é uma das opções da linha.
A versão testada pelo Tecnoblog traz processador AMD Ryzen 3 4300U, 8 GB de RAM, SSD de 256 GB e tela LCD de 14 polegadas. O modelo conta também com as características típicas da família ThinkPad: construção robusta e o icônico TrackPoint, o botão vermelho no meio do teclado que muita gente não sabe para que serve.
Como é usar um notebook de uma linha tão clássica? O TrackPoint faz alguma diferença? Vale a pena comprar o ThinkPad E14 para estudos ou uso pessoal? É o que vai descobrir a partir de agora.
O Tecnoblog é um veículo jornalístico independente que ajuda as pessoas a tomarem sua próxima decisão de compra desde 2005. Nossas análises não têm intenção publicitária, por isso ressaltam os pontos positivos e negativos de cada produto. Nenhuma empresa pagou, revisou ou teve acesso antecipado a este conteúdo.
O Lenovo ThinkPad E14 foi fornecido pela AMD por empréstimo e será devolvido à empresa após os testes. Para mais informações, acesse tecnoblog.net/etica.
É fácil identificar um notebook ThinkPad. Com raras exceções, todos eles têm visual predominantemente preto, design que prioriza linhas retas e o botãozinho vermelho no teclado, a característica mais marcante da linha. O ThinkPad E14 não é exceção.
Não é exceção porque a Lenovo se esforça para manter a tradição. Até os modelos mais ousados, a exemplo do ThinkPad X1 Yoga, são baseados nessas características. Elas são mantidas desde 1992, quando a IBM lançou o primeiro ThinkPad.
Em 2005, a Lenovo comprou a divisão de PCs da IBM, mas não promoveu nenhuma mudança agressiva na linha: até hoje, os notebooks ThinkPad são baseados no conceito original, que previa um design tão simples quanto uma caixa de charutos ou de “bentô, uma espécie de marmita japonesa.
Há quem considere o design base da linha ThinkPad muito datado. O próprio E14 não tem um visual dos mais atraentes. Mas precisamos levar em conta que, nessa linha, a Lenovo prioriza a robustez, não a estética.
No E14, esse aspecto é perceptível logo no primeiro contato com o equipamento. O modelo tem uma tampa traseira de metal e corpo de plástico rígido. Graças a essa combinação, o laptop apresenta bastante resistência a arranhões ou quedas, apesar de não ser inquebrável.
Levemos em conta também que, apesar de preservar os elementos tradicionais de design, a Lenovo sempre implementa um detalhe diferente aqui, outro ali. Por exemplo: na tampa do laptop, o pingo no ‘i’ em ThinkPad é um LED vermelho que acende quando o notebook está em uso ou pisca quando ele está em modo descanso.
Não pense que o estilo clássico do ThinkPad E14 implica em tecnologia defasada. Na conectividade, por exemplo, o modelo traz um conjunto de portas baseado nos padrões atuais.
O lado esquerdo abriga a conexão para fones e microfone, uma porta HDMI 2.0, uma porta USB-A (tradicional) e uma porta USB-C que também serve para recarga da bateria. No lado direito encontramos um slot para trava Kensington, outra porta USB-A e uma porta Ethernet (característica cada vez mais rara em notebooks).
Mas eu acho pouco. Na minha opinião, o E14 deveria ter pelo menos mais uma porta USB e um leitor de microSD.
Ah, o equipamento também tem Bluetooth 5.1 e Wi-Fi 6. Ambos os padrões funcionaram a contento aqui.
A tela do ThinkPad E14 testado aqui consiste em um painel TN LCD (e não WVA LCD, como informado originalmente). Como o nome do modelo sugere, o componente tem 14 polegadas de tamanho. Como a resolução é de 1920×1080 pixels, a experiência de uso da tela acaba sendo boa.
Boa, não ótima. Esse é um daqueles painéis que fazem áreas escuras na tela assumirem tons esbranquiçados quando vistos de ângulos variados. Além disso, a coloração é um tanto desbotada e o brilho máximo não é dos mais altos: apenas 220 nits.
Você consegue preencher planilhas ou ler textos em páginas web, por exemplo, com conforto aqui. Mas assistir a vídeos em tela cheia pode fazer com que você tenha que ajustar a altura da tela para amenizar as variações de contraste.
Com resolução de 720p, a webcam também não impressiona, mas cumpre o seu dever. Se o ambiente tiver boas condições de iluminação, ela vai permitir que você apareça com nitidez em reuniões no Zoom, por exemplo.
Um detalhe interessante: a câmera conta com uma espécie de trava chamada ThinkShutter que bloqueia a lente quando arrastada para o lado. É um excelente recurso para quem quer garantir a privacidade, mas sem ter que tampar a webcam com fita adesiva para isso.
Para um notebook de uso corporativo, o ThinkPad E14 tem um som agradável. O modelo é equipado com um par de alto-falantes Harman Kardon com Dolby Audio. O volume máximo não é dos mais altos, mas garante a diversão por ser claro e não distorcer.
O teclado do E14 tem clique um pouco mais firme do que outros notebooks que já testei por aqui. Mas isso não o torna menos confortável. Além disso, o plástico que compõe as teclas parece ser mais resistente às marcas de desgaste que surgem com o tempo. Parece.
Soma pontos o fato de a Lenovo vender o laptop no Brasil no padrão ABNT2 e ter LEDs que apontam quando as teclas que desabilitam o microfone ou o áudio estão ativadas. Também há LEDs para o CapsLock e o FnLock.
Há um outro LED no lado direito, este circulando o botão de liga / desliga. Ele também abriga o leitor de impressões digitais, que é surpreendentemente rápido: um simples toque nele faz o Windows ser desbloqueado quase que no mesmo instante.
Mas falta LED nas demais teclas. Retroiluminação continua sendo uma característica de laptops mais avançados. Anseio pelo dia em que esse recurso será padrão em notebooks intermediários como este.
Provavelmente, o touchpad é o componente mais simples do notebook. Além de não seguir a tendência atual de ser amplo, ele tem uma superfície fosca que, às vezes, exige que você faça um gesto mais extenso do que o esperado para mover o cursor até o ponto desejado.
De todo modo, o E14 oferece uma alternativa: o emblemático TrackPoint (ou pointing stick), que está presente desde os primórdios da linha ThinkPad e raramente aparece em laptops de outros fabricantes.
Localizado entre as teclas ‘G’, ‘H’ e ‘B’, o TrackPoint é um recurso “oito ou 80”: ou você gosta ou odeia. Eu faço parte do primeiro grupo por um simples motivo: dá para mover o cursor na tela sem tirar as mãos do teclado.
Mas admito que as primeiras horas de uso do TrackPoint não são muito animadoras: o componente requer uma curva de aprendizagem relativamente extensa.
Isso porque o TrackPoint funciona como um minúsculo joystick. Para mover o cursor na tela, você precisa apenas pressionar o botão para a direção desejada.
Mas existe um detalhe importante: a velocidade com a qual esse movimento é feito depende da força que você exerce sobre o TrackPoint. Quanto mais pressão você colocar ali, mas rapidamente o cursor se moverá.
É nesse ponto que muita gente se atrapalha e passa a odiar o TrackPoint. Requer tempo, mas se você dominar esse modo de funcionamento, provavelmente conseguirá gostar do recurso.
Reparou que logo acima do touchpad há três botões físicos? Eles complementam o TrackPoint. Os botões identificados com a linha vermelha funcionam como clique esquerdo e clique direito, enquanto que o botão central, quando pressionado junto com o TrackPoint, faz rolagem de tela.
Repito: dominar tudo isso demanda algum tempo, mas, depois que você aprende, tende a simpatizar com o emblemático botãozinho vermelho.
A linha ThinkPad E14 pode ser equipada com chips Intel e AMD. Neste review, analisamos a versão que traz o AMD Ryzen 3 4300U. Trata-se de um processador com quatro núcleos, a mesma quantidade de threads e TDP de apenas 15 W, detalhe que indica que o consumo de energia é bastante moderado aqui.
O hardware inclui ainda 8 GB de memória DDR4 soldados à placa-mãe e SSD NVMe de 256 GB, além de GPU Radeon de cinco núcleos integrada ao processador.
Com esse conjunto, o E14 dá conta das tarefas mais comuns. Reprodução de vídeo (inclusive em tela cheia), edição de textos e planilhas, manipulação de imagens e navegação na web foram exemplos de atividades executadas sem nenhum tipo de problema aqui.
Você pode rodar alguns jogos, mas este é mesmo um notebook para trabalho ou estudos. Prova disso é que Asphalt 9: Legends até ficou jogável aqui, mas dá para perceber uma redução de taxa de frames nas cenas mais movimentadas.
Um detalhe digno de nota é que, mesmo com atividades pesadas, o ThinkPad E14 esquenta pouco. E isso nos leva ao aspecto da autonomia. Como já deve ter ficado claro, o Ryzen 3 4300U foi desenvolvido para não castigar a bateria. E não castiga mesmo.
O componente tem três células que totalizam 45 Wh. Para os testes, rodei um filme de duas horas na Netflix com brilho máximo na tela, fiquei quase uma hora no YouTube na mesma condição, usei Chrome por 1h30min, joguei Asphalt 9: Legends por 20 minutos e ouvi Spotify por uma hora via alto-falantes.
Após esses testes, a carga da bateria caiu de 100% para aproximar 15%. Dá para estimar que a autonomia do componente gira em torno de sete horas com uso moderado, média que não é ruim. O tempo de recarga de 5% para 100% foi de 1h15min com o notebook desligado. Muito bom!
Tudo isso rodou com o Windows 10 Pro que, aliás, não é acompanhado de trial de antivírus. De software pré-instalado pela fabricante encontramos apenas o Lenovo Vantage, que dá acesso a informações sobre o sistema e a configurações rápidas.
A própria Lenovo diz que o ThinkPad E14 é “ideal para profissionais em movimento”. Mas isso não significa que o modelo é limitado ao ambiente corporativo. Usuários domésticos também podem comprá-lo. A versão mostrada aqui tem preço de R$ 4.669 no site da companhia (valor conferido na data de publicação deste review).
Um tanto caro, né? Mas isso tem relação com os aumentos de preços de notebooks (e outros produtos) que temos experimentado no Brasil. De todo modo, se você conseguir algum desconto pelo E14 ou, no pior dos cenários, não encontrar uma alternativa com valor melhor, saiba que, tecnicamente, não estará fazendo um negócio ruim.
Mas isso se você se interessar por um notebook com acabamento robusto, simpatizar com o TrackPoint e considerar satisfatória uma bateria com média de sete horas de autonomia.
É verdade que, apesar de não ser ruim, a tela poderia ter um pouco mais de qualidade. Além disso, o laptop poderia vir com teclado retroiluminado e pelo menos mais uma porta USB.
Por outro lado, o desempenho consistente do chip Ryzen 3 para aplicações cotidianas, a rapidez do leitor de impressões digitais, a boa sonoridade dos alto-falantes e a webcam decente compensam essas limitações.
No fim das contas, o E14 é fiel à proposta que torna a linha ThinkPad bem aceita no mercado há tanto tempo: ser pau para toda obra.