Review Galaxy A7 (2016): o smartphone que tenta ser topo de linha
Até no preço: com tela de 5,5 polegadas, câmera de 13 megapixels, 3 GB de RAM e 16 GB para armazenamento interno, modelo foi lançado no Brasil por R$ 2.499.
Até no preço: com tela de 5,5 polegadas, câmera de 13 megapixels, 3 GB de RAM e 16 GB para armazenamento interno, modelo foi lançado no Brasil por R$ 2.499.
Smartphones intermediários, mas com acabamento premium. Esse é o jeito mais justo de resumir os aparelhos Samsung Galaxy A ou, pelo menos, o modelo Galaxy A7, o carro-chefe da linha. Será?
Para confirmar, eu passei as duas últimas semanas testando a versão 2016 do aparelho, que chegou ao Brasil no final de janeiro. Na comparação com o modelo 2015, o atual Galaxy A7 mantém os cuidados com o acabamento, mas traz novo processador (Exynos 7580 com oito núcleos), mais memória RAM (3 GB) e um recurso extra deveras relevante: leitor de impressões digitais.
Na primeira olhada, o conjunto de hardware e o apelo estético conferem ao smartphone um ar de sofisticação digno de topo de linha, não de intermediário. O preço só colabora com essa impressão: o modelo chegou por aqui custando R$ 2.499 (ui!). Mas é o uso diário que vai nos dizer a que veio o novo Galaxy A7. Sem mais delongas, vamos às impressões que os testes deixaram.
Em termos de visual, a Samsung parece ter se preocupado em deixar o Galaxy A7 parecido com o Galaxy S6 — esse sim um topo de linha, como você sabe. O efeito dessa estratégia é este: esteticamente, o Galaxy A7 não possui nada de novo, mas atrai os olhares.
As laterais têm moldura de metal com linhas que dão um aspecto de sobriedade ao modelo. Já a traseira é recoberta por um vidro cujo brilho transmite sensação de requinte — até meu reflexo ali ficou bonito :B
Já na área frontal, a Samsung manteve a tradição de deixar os botões do sistema fixados logo abaixo da tela. O botão Home, físico, também está ali, é claro. Você pode até não gostar dele, mas no Galaxy A7 o componente tem outra função: acomodar o sensor de impressões digitais. Falo desse recurso mais à frente.
Talvez você tenha observado que os fabricantes vêm se esforçando para deixar os smartphones cada vez mais finos. Só que, para a maioria dos mortais, esse não é um aspecto muito importante: se espessura menor implica em bateria com menos capacidade, não há problema nenhum em deixar o smartphone mais “gordinho”, correto?
Parece que a Samsung se deu conta disso. O Galaxy S7 é mais grosso que o Galaxy S6. No Galaxy A7 ocorre o mesmo: a versão 2016 tem 7,3 milímetros de espessura; a primeira geração veio com 6,3 milímetros.
Mesmo assim, a câmera aparece como um “calombo” na traseira. Não gosto disso. Parece que só de deixar o smartphone sobre a mesa fará a lente ser riscada, embora a moldura em volta do componente impeça o contato direto com a superfície.
Esse é um detalhe bem tolerável, felizmente. O que pode incomodar mesmo ali na traseira são as manchas: se por um lado o vidro contribui para deixar o Galaxy A7 bonitão, por outro atrai marcas de dedos com vontade. Ao menos a versão dourada, a que usei nos testes, tem uma tonalidade que consegue amenizar razoavelmente bem esse efeito.
Eu não sou de usar capinha no smartphone, não. Mas no Galaxy A7 eu faria questão de ter esse acessório. O aparelho é confortável, eu percebi isso logos nos primeiros contatos. Porém, esse conforto não colabora com a pegada: a traseira envidraçada e as laterais de metal deixam o modelo bem bonito, como eu já disse, mas pecam na aderência — foi uma aventura segurá-lo apenas com uma mão estando em pé no metrô.
O Galaxy A7 tem tela Super AMOLED de 5,5 polegadas com resolução de 1920×1080 pixels (401 ppi) e proteção Gorilla Glass 4. O componente é o mesmo da primeira geração do modelo. Mas não era mesmo necessário mudar: o visor faz bonito em vários aspectos.
Os níveis de brilho são bastante intensos, tanto que você consegue enxergar as informações da tela com relativa facilidade até sob incidência direta de luz solar. Essa característica ajuda a tirar fotos boas quando você está curtindo um dia ensolarado na praia, por exemplo.
Por causa do AMOLED, as cores são bem vivas, mas sem excesso de saturação. Além disso, o contraste é bem perceptível. A visualização a partir de ângulos variados também não é nenhum problema: você não precisa ficar bem em frente da tela para enxergar adequadamente fotos e vídeos, por exemplo.
Definitivamente, não é a tela que assumira o papel de ponto fraco do Galaxy A7.
A câmera traseira do Galaxy A7 não é a melhor que a Samsung já pôs em um smartphone, mas também não é (tão) ruim. Além dos 13 megapixels, o componente possui estabilizador óptico e abertura f/1,9, características que, segundo a companhia, ajudam na tomada de fotos com qualidade aceitável mesmo em ambientes com pouca iluminação.
Bom, isso depende das circunstâncias. Em ambientes com bastante luz, as fotos saem com baixo nível ruído e pouco efeito de pós-processamento. Só que dá para notar perda de detalhes, principalmente perto das extremidades das imagens.
Quando há pouca iluminação, de fato, dá para tirar fotos aceitáveis, especialmente se você ativar o modo noturno. Os ruídos aparecerão com mais intensidade, como esperado, mas você correrá menos risco de fazer fotos tremidas.
O que me incomodou mesmo é que, não raramente, a câmera parece errar na hora de “dosar” as cores. Às vezes a imagem sai com excesso de branco, deixando um céu azulado, por exemplo, parecendo estar coberto de nuvens — nos exemplos abaixo, não havia tanta brancura assim na “vida real”.
Um modo HDR automático provavelmente conseguiria eliminar ao menos parte do problema. Mas o recurso não existe no Galaxy A7. Se você quiser fazer fotos com HDR, terá que ativar esse modo manualmente.
Um pequeno truque que vale a pena destacar: se você quiser acionar a câmera rapidamente para dar aquele flagrante, não precisará desbloquear o aparelho; basta dar dois cliques seguidos no botão físico abaixo da tela. Ótimo quebra-galho!
Sim, a câmera frontal também está presente e segue aquilo que podemos considerar o mínimo para os padrões de hoje: o sensor tem 5 megapixels (e também vem com abertura f/1,9, vale dizer). Você vai conseguir realizar boas selfies com essa câmera, podendo inclusive aplicar alguns efeitos de embelezamento nelas.
Só não espere qualidade excepcional nas imagens. Em relação a esse aspecto, aquele problema do excesso de branco também pode se manifestar. Algumas fotos saem com tonalidade aceitável. Outras apresentam um incômodo efeito de desbotamento.
Quem sabe uma atualização de software não ajude a pelo menos amenizar o problema?
Olha, eu espero que essa atualização saia logo. Apesar de ter sido lançado por aqui neste ano, o Galaxy A7 vem de fábrica com o Android 5.1 Lollipop. O pessoal da Samsung confirmou que um update para o Android 6.0 Marshmallow está nos planos, mas não falou em prazos.
Sim, sim, a interface é a TouchWiz. No Galaxy A7, ela não tem nenhuma grande novidade. A gente não precisa mais fazer o sinal da cruz quando se depara com essa interface, pelo menos. Ela já não é aquela coisa carregada e instável de antes. Por outro lado, a TouchWiz deixa a sensação de que poderia ser um pouco mais otimizada e ter menos customizações — ou customizações mais refinadas.
O Galaxy S7 já vem com o Android Marshmallow e, nele, dá para perceber que a Samsung trabalhou nesses aspectos. Torço para que o mesmo ocorra na atualização do sistema para o Galaxy A7.
Tem gente que prefere instalar tudo por conta própria, mas, a exemplo de outros aparelhos Galaxy, o A7 vem com um conjunto até que generoso de aplicativos: os principais apps do Google estão lá, assim como calculadora, player de vídeo, agenda, cliente de email, rádio FM, gravador de voz, bloco de notas e ferramentas do Microsoft Office, olha só.
Demos de jogos e aplicativos provavelmente inúteis não estão presentes (com uma ou outra exceção, como o app Recarga Certa). Só é uma pena que a Samsung continue insistindo em oferecer mais de um app com a mesma função: para que um navegador próprio se o Chrome já vem instalado? Qual o sentido de um cliente de email se o app do Gmail funciona com outros serviços?
Bom, paciência.
Processador octa-core Exynos 7580 de 1,6 GHz, da própria Samsung, GPU Mali-T720, 3 GB de RAM e 16 GB para armazenamento de dados expansíveis com microSD de até 128 GB. Essa é a configuração básica do Galaxy A7 vendido no Brasil. Em alguns mercados, o modelo pode vir com chip Snapdragon 615 e GPU Adreno 405, devo dizer.
A unidade que eu testei se comportou bem em todos os testes. Em aplicativos de redes sociais, navegador web e player de vídeo, por exemplo, não notei nenhum travamento ou lentidão. Aplicações mais exigentes, como o game Asphalt 8: Airborne, rodaram igualmente bem, mas com configurações gráficas medianas. Dá para jogar com desenvoltura se os gráficos estiverem no nível máximo, mas você notará alguma queda na taxa de frames, especialmente em cenas com muitos elementos — a GPU Mali-T720 fica devendo um pouco.
Se você reparou bem nas fotos, deve ter notado que a saída de áudio do Galaxy A7 fica na parte inferior do aparelho, ao lado direito da porta USB. Essa posição não chega a ser ruim. Só tive problemas na hora de jogar Asphalt 8: Airborne: várias vezes eu girei o aparelho para fazer o carro virar nas curvas e acabei, com esse gesto, bloqueando a saída de áudio.
Nessas circunstâncias, o negócio é apelar para fones de ouvido, até porque a qualidade do alto-falante não é lá essas coisas: muitas vezes o som fica excessivamente agudo, principalmente com o volume alto. Usei fones Philips SHE8000/10 para os testes, que contam com bom reforço de graves. A experiência foi ótima, previsivelmente: som limpo, sem abafamentos ou distorções.
Só que a experiência fica ainda melhor se você ajustar as configurações de áudio do smartphone: ativando o SoundAlive+, o áudio parece ficar mais natural, como se estivesse sendo executado no ambiente; já a função Adapt Sound faz uma série de testes para prover a você ajustes personalizados e, consequentemente, mais interessantes. Funcionou bem comigo, especialmente com os fones que vieram com o aparelho, que são basicões.
E a bateria, como se sai? Como eu adiantei no início do review, o Galaxy A7 2016 é mais grosso que o seu antecessor. Mas isso não é problema, pelo contrário: o espaço interno maior permitiu à Samsung colocar no aparelho uma bateria de 3.300 mAh. O Galaxy A7 do ano passado vem com bateria de 2.600 mAh, só para podermos comparar.
Essa diferença faz… diferença. Para comprovar, realizei duas sequências de testes. Na primeira, ouvi música via alto-falante a partir do Google Play Music por uma hora, naveguei pela web e redes sociais também por uma hora, assisti ao filme Matrix via Netflix (2h06min) e tela com brilho no máximo, fiz cinco minutos de ligação e joguei Asphalt 8: Airborne por 30 minutos. Tudo isso fez a bateria sair de 100% para 59%.
O outro teste foi mais simples. Eu simplesmente fui usando o smartphone para as minhas atividades cotidianas, essencialmente, acessar email e redes sociais, ouvir música, usar o Google Maps e tirar fotos. Com essas atividades sendo realizadas várias vezes, só precisei realizar recarga no final do segundo dia.
Isso significa que, a não ser que você faça uso de aplicativos pesados com muita frequência, conseguirá deixar o Galaxy A7 um dia inteiro longe da tomada e ainda ter uma quantidade considerável de carga quando chegar em casa.
O único problema é o tempo de recarga: usando o carregador que acompanha o aparelho, o Galaxy A7 precisou de 2h39min para o nível de energia ir de 10% para 100%.
Ah, eu não esqueci do leitor de impressões digitais. É bastante provável que em um futuro não muito longe até os smartphones mais simples contem com esse recurso. Tomara. É uma maravilha desbloquear o aparelho sem digitar senhas ou desenhar na tela (e fazer pagamentos com o celular usando as digitais quando esse recurso estiver amplamente disponível).
No Galaxy A7, você pode registra até três dedos para fazer o desbloqueio do dispositivo com impressão digital. O reconhecimento costuma ser rápido. Só não digo que é perfeito porque, por duas vezes, o leitor não reconheceu as minhas impressões, me obrigando a digitar a senha reserva. Em ambas as situações, só consegui fazer o reconhecimento voltar a funcionar reiniciando o aparelho.
Pelo conjunto da obra, eu diria que o Galaxy A7 ocupa uma posição acima dos intermediários, mas abaixo dos high-end. Para facilitar, podemos imaginar o modelo como sendo um quase topo de linha. Mas o desafio aqui nem é definir a categoria do aparelho.
O Galaxy A7 se destaca pelo cuidado com o design, pela qualidade da tela, pela boa autonomia da bateria e pelo desempenho geral convincente — a GPU pode decepcionar um pouco, em compensação, os 3 GB de RAM deixam o smartphone estável.
A versão desatualizada do Android é um ponto negativo, mas esse é um problema que a Samsung consegue resolver com um pouco de boa vontade. O acabamento, apesar de bem trabalhado, não favorece muito a pegada, mas dá para relevar. Posso dizer o mesmo da câmera: faltou um pouco de capricho com ela (e não falo de mais megapixels), mas o resultado final dá para o gasto na maioria das vezes.
Colocando tudo na ponta do lápis, o saldo é positivo. Qual é o problema do Galaxy A7, então? O custo-benefício. Se a gente levar em consideração fatores como o valor do dólar e o fim dos benefícios fiscais para o segmento, o preço sugerido de R$ 2.499 não é, no instante inicial, tão agressivo para o bolso.
Mas se for para gastar mais de R$ 2 mil em um smartphone, compensa mais levar o topo de linha Galaxy S6, por exemplo. Apesar de já ter um sucessor, esse modelo continua sendo um ótimo dispositivo, sem contar que as suas especificações ganham em quase todos os quesitos na comparação com o Galaxy A7.
Se por alguma razão você preferir o Galaxy A7 2016, saiba que não estará levando um aparelho ruim, mas um dispositivo que não vale o preço proposto. Assim, faça questão de um bom desconto: em alguns varejistas online já é possível encontrá-lo por valores próximos a R$ 2 mil. Eu esperaria por um desconto ainda maior, mas para quem tem certa urgência, com essa faixa já dá para começar a pensar no assunto.