Twitter completa 8 anos com números gigantes, olho nos brasileiros e preocupação com o Marco Civil
Faz um tempão: no dia 21 de março de 2006, o cofundador Jack Dorsey publicava o primeiro tweet para testar o novo serviço de microblog, na época chamado apenas de “twttr”, um nome assassino de vogais inspirado no Flickr. Oito anos depois, mais de 300 bilhões de tweets foram enviados. A empresa abriu o capital na bolsa de valores de Nova York, tem 2.700 funcionários em todo o mundo e possui não um, mas dois escritórios no Brasil.
Nesta semana, o Twitter fez uma coletiva de imprensa em São Paulo para comemorar os oito anos da rede social. A reunião também serviu para festejar o primeiro ano de operação do Twitter Brasil, que iniciou suas atividades em novembro de 2012. O Twitter divulgou alguns números gigantes sobre a operação da empresa e revelou o que está fazendo e o que deve fazer nos próximos meses para continuar crescendo.
Números gigantes
Primeiro, vamos aos números gigantes: o Twitter informou que possui mais de 241 milhões de usuários ativos por mês, sendo que 76% deles também acessam a rede social através de aplicativos para dispositivos móveis. Nesse caso, ser ativo não implica enviar tweets: o Twitter diz que 40% dos usuários não publicam nada, mas acompanham o que os outros dizem.
Quanto aos usuários e ao conteúdo, o Twitter tem:
- 300 bilhões de tweets enviados até hoje;
- 500 milhões de tweets enviados todos os dias;
- 241 milhões de usuários ativos por mês;
- 77% das contas são de usuários fora dos EUA;
- 400 milhões de visitantes únicos por mês no Twitter.com.
A empresa, cada vez maior, possui 2.700 funcionários em todo o mundo, sendo que:
- 50% deles são engenheiros;
- 1.500 trabalham na sede em San Francisco, na Califórnia;
- Por semana, são consumidos 1.440 ovos cozidos e 2.215 litros de café na sede;
- 40 trabalham nos escritórios de São Paulo e Rio de Janeiro.
Quando um evento importante está acontecendo, ou algo popular está sendo transmitido na TV, a atividade no Twitter naturalmente aumenta. Tanto que foram enviados mais de:
- 4,9 milhões de tweets sobre o Carnaval no Brasil;
- 2,5 milhões de tweets sobre Amor à Vida;
- 1 milhão de tweets na primeira semana do BBB 14;
- 200 mil tweets na final de The Voice Brasil;
- 1,7 milhão de tweets sobre o sorteio da Copa do Mundo;
- 24,9 milhões de tweets sobre o Super Bowl;
- 17,1 milhões de tweets sobre o Oscar até 10 minutos após o show.
Mais smartphones nas mãos dos brasileiros
Guilherme Ribenboim, diretor-geral do Twitter Brasil, diz que os brasileiros estão acessando cada vez mais a rede social através de dispositivos móveis. Na época em que o escritório da empresa foi aberto em São Paulo, apenas 40% dos brasileiros entravam no Twitter por meio dos aplicativos. Hoje, o índice está em 64,7%, o que é um número expressivo, mas ainda abaixo da média mundial, de 76%.
O aumento do acesso ao Twitter pelo smartphone foi atribuído à redução nos preços dos aparelhos após a desoneração fiscal concedida pelo governo e às parcerias com operadoras: Claro, Oi e TIM fizeram promoções para isentar os clientes do tráfego gasto no Twitter. A rede social não revela detalhes dos contratos, mas diz que há um interesse mútuo: o Twitter quer atrair mais usuários, enquanto as operadoras querem mais clientes usando serviços de dados.
No Brasil, um dos dispositivos mais usados para acessar o Twitter é o Galaxy Y, smartphone de entrada com especificações de hardware abaixo do ideal para oferecer uma experiência de uso decente. Ele não avançou além do Android 2.3 e é uma das principais fontes de comentários negativos em reviews de aplicativos no Google Play, geralmente de proprietários irritados que reclamam de lentidões e travamentos.
Pelo menos no Twitter, o Galaxy Y e outros aparelhos simples são acompanhados de perto: a empresa faz várias otimizações para que o aplicativo funcione com telas pequenas, pouco armazenamento e RAM limitada. “Nós priorizamos este tipo de plataforma quando estamos desenvolvendo novas funcionalidades na área de engenharia”, diz Rafael Dahis, gerente de produtos do Twitter.
Twitter como segunda tela
O Twitter é bastante usado para comentar sobre TV. Os milhões de tweets sobre programas da Globo e o tweet mais retweetado do mundo, que foi publicado durante a premiação do Oscar, reforçam essa afirmação. Daniel Carvalho, diretor de desenvolvimento de negócios para a América Latina, diz que 90% das conversas públicas sobre programas de TV acontecem no Twitter, “o maior sofá do mundo”, segundo ele.
Hoje, o Twitter funciona como segunda tela: muitas pessoas assistem TV e mantêm a rede social aberta no smartphone, tablet ou notebook. A rede social está querendo fazer parcerias com empresas de TV por assinatura para reforçar essa tendência. A indiana Airtel, por exemplo, já permite que os clientes acompanhem em tempo real tweets sobre o programa que estiver passando na TV.
Por meio de parcerias, o Twitter pode funcionar até mesmo como um medidor de audiência em tempo real. A foto abaixo mostra alguns dos programas e séries da TV norte-americana e a quantidade de menções que as atrações estão recebendo no Twitter:
No Brasil, o Twitter oferece sua plataforma para os canais de TV, citando como exemplo o programa Saia Justa, da GNT. Segundo Carlos Moreira, diretor-executivo de desenvolvimento de mercado, não há transação financeira na parceria. “É um trabalho de boas práticas e de criação. Nós sentamos com a direção dos grupos de mídia para entender as estratégias e com os diretores dos programas para entender os objetivos e táticas de cada programa. Isso é bom para todo mundo: é bom porque essa conversa já está acontecendo na plataforma e bom para os programas porque eles podem amplificar essa conversa, aumentando a audiência”.
Marco Civil: neutralidade da rede e guarda de dados no Brasil
Sobre o Marco Civil da Internet, projeto de lei para regulamentar a internet no Brasil que tem votação prevista para a próxima terça-feira (25), Ribenboim defende a neutralidade da rede. “O Twitter acredita que o usuário deva ser protegido e tenha totais de condições de acessar o que quiser, na hora que quiser, de uma maneira aberta e democrática, e que as empresas que fazem parte desse ecossistema possam estar protegidas para que elas possam prestar seus serviços”, diz o executivo.
Ribenboim demonstrou preocupação com a obrigatoriedade da guarda de dados em servidores no Brasil. “Temos o receio de que, caso exista essa obrigatoriedade, isso iniba a inovação. Não só para o Twitter, mas para todo o mercado brasileiro”. Para alívio do Twitter e das outras empresas de internet, essa proposta está sendo revista, uma vez que partidos da base aliada acreditam que isso significaria um controle excessivo da internet pelo governo.