Review BlackBerry Z10, a nova aposta da BlackBerry para conquistar usuários domésticos e corporativos

Novo smartphone da BlackBerry é rápido e possui teclado virtual eficiente.
Aparelho tem previsão de lançamento no Brasil para o primeiro semestre.

Paulo Higa
• Atualizado há 5 meses

A BlackBerry organizou hoje um evento para a imprensa em seu novo escritório na cidade de São Paulo para anunciar as novidades do BlackBerry 10. A fabricante canadense também apresentou os dois primeiros smartphones com o novo sistema, Z10 e Q10, que devem chegar ao Brasil neste primeiro semestre. Nós tivemos a oportunidade de brincar um pouco com o BlackBerry Z10, e aqui estão as primeiras impressões sobre o aparelho.

O Z10 tem uma construção bem bacana, com alumínio nas bordas e um plástico na tampa traseira com uma textura que ajuda o aparelho a não escorregar nas mãos. Não há botões na parte frontal: o sistema é totalmente controlado por gestos, assim como o MeeGo. É normal se sentir um pouco perdido no começo, mas bastam poucos minutos para se familiarizar com a interface do BlackBerry 10.

Ele possui uma tela de 4,2 polegadas com resolução de 1280×768 pixels que mostra gráficos muito bem definidos e vai de encontro à maioria dos Androids topo de linha, que costumam ter telas maiores. Isso deveria agradar a quem prefere aparelhos menores, mas as grandes bordas em torno da tela do Z10 não ajudam – ele tem quase o mesmo tamanho do meu Galaxy Nexus, com tela de 4,65 polegadas.

A tela de bloqueio do BlackBerry 10 mostra, além do relógio e do estado da rede, ícones com notificações de eventos, emails não lidos e contas em redes sociais. Para desbloquear o aparelho, basta deslizar o dedo de baixo para cima, o que revelará gradualmente a tela inicial. Também é possível fazer o gesto inverso: deslizando o dedo de cima para baixo, o aparelho entra numa espécie de “modo não perturbe”. Notificações e sons serão desativados e a tela exibirá apenas um relógio, junto com um seletor para configurar o alarme.

Após desbloquear o aparelho, a primeira impressão que se tem é que o Z10 é bem rápido. Tudo é bastante fluído, a abertura de aplicativos é instantânea e o aparelho não mostra sinais de lentidão mesmo após abrir mais de dez aplicativos – provavelmente devido à farta memória RAM, que é de 2 GB. A própria BlackBerry fez questão de destacar a fluidez durante a apresentação: segundo a fabricante, as animações foram desenvolvidas para rodarem constantemente a 60 quadros por segundo.

Como mostrado anteriormente pela BlackBerry, o sistema possui um menu em grade que mostra miniaturas dos aplicativos em execução no momento; o BlackBerry Hub, que está a um gesto de distância e centraliza suas contas de email, redes sociais, mensagens e eventos; e uma loja com mais de 70 mil aplicativos, que possui títulos desenvolvidos em HTML5, C++, Adobe Air e vários portados do Android.

Mas eu queria chegar no ponto que mais gostei no novo BlackBerry: o teclado. A ex-RIM é conhecida por desenvolver ótimos teclados físicos para seus aparelhos. E ela também conseguiu fazer um teclado virtual muito, mas muito bom.

Assim como o SwiftKey, o teclado do BlackBerry Z10 vai aprendendo seu vocabulário à medida que você escreve. A previsão de palavras se mostrou bastante eficiente, pelo menos nos poucos minutos que testei o aparelho, e tem um estilo próprio: as sugestões aparecem em cima de cada tecla e, para aceitá-las, basta deslizar o dedo para cima na tecla correspondente. Para apagar uma palavra inteira, é só deslizar o dedo da direita para a esquerda.

De acordo com a BlackBerry, o teclado consegue aprender com os erros do usuário e deve beneficiar quem tem dedos grandes e aperta teclas erradas com frequência. Se você constantemente aperta a tecla S em vez da tecla A, por exemplo, ele usará esse fato para melhorar o corretor automático. Ah, e nada de ficar entrando nas configurações do sistema para alterar idiomas: o teclado do BlackBerry sabe em qual língua você está escrevendo e sugere as palavras no idioma correto.

Então é isso: a BlackBerry trabalhou duro e conseguiu construir um bom smartphone. Resta saber se isso será suficiente num mercado tão competitivo como o atual – o Android está melhor a cada versão, o iOS tem um ecossistema de qualidade indiscutível, a Microsoft está investindo pesado para promover o Windows Phone, e novos sistemas, como o Ubuntu e o Firefox OS, estão chegando com tudo.

O Z10 ainda está em processo de homologação na Anatel e a BlackBerry brasileira não tem unidades de teste disponíveis no momento, mas nós publicaremos um review detalhado assim que possível – falta testar muita coisa, como a câmera (que foi muito criticada em várias análises), o desempenho no dia-a-dia, detalhes do software e, claro, a autonomia. A BlackBerry diz que a bateria é suficiente para aguentar “um dia inteiro de uso contínuo”, mas nós sabemos que isso não significa muita coisa.


Os executivos pareciam bem animados com o aparelho e mostraram que não estão interessados apenas nos usuários corporativos, mas também nos usuários domésticos. Diferentemente das versões anteriores do BlackBerry, não será mais necessário contratar um plano específico na sua operadora; até um chip pré-pago comprado por R$ 5 na estação do Metrô vai funcionar normalmente nos novos aparelhos.

Ainda não há uma data de lançamento definida no Brasil, mas a BlackBerry pretende colocá-lo nas lojas neste primeiro semestre. O Z10 terá compatibilidade com o 4G brasileiro e será vendido tanto no varejo quanto nas operadoras, por um valor não revelado – a empresa se limita a dizer que ele é um aparelho high-end e terá preço “competitivo”. Espere algo por volta dos R$ 2 mil, portanto.

O BlackBerry Q10, modelo com teclado físico, quase não foi citado na apresentação e ainda não foi lançado em nenhum país, mas ele também será vendido no Brasil.

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Paulo Higa

Paulo Higa

Ex-editor executivo

Paulo Higa é jornalista com MBA em Gestão pela FGV e uma década de experiência na cobertura de tecnologia. No Tecnoblog, atuou como editor-executivo e head de operações entre 2012 e 2023. Viajou para mais de 10 países para acompanhar eventos da indústria e já publicou 400 reviews de celulares, TVs e computadores. Foi coapresentador do Tecnocast e usa a desculpa de ser maratonista para testar wearables que ainda nem chegaram ao Brasil.