Review Galaxy Note 5: o sofisticado de tela grande
Samsung juntou os melhores componentes de hardware do mercado no mesmo smartphone.
Quinta geração do Galaxy Note tem preço sugerido de R$ 3.799 no Brasil.
Pouca gente realmente acreditava naquele estranho smartphone desengonçado com telão de 5,3 polegadas e canetinha stylus lançado em 2011 por um preço estratosférico. Mas deu certo. E a quinta geração do Galaxy Note, com display de 5,7 polegadas e acabamento sofisticado, chegou ao Brasil com o melhor hardware que a Samsung pode oferecer.
Com preço sugerido de R$ 3.799, o Galaxy Note 5 traz um dos melhores processadores da atualidade, uma câmera capaz de tirar fotos excelentes e um design caprichado de alumínio e vidro. Vale a pena comprar um? Eu usei o lançamento da Samsung como smartphone principal por uma semana e conto minhas impressões nos próximos parágrafos.
Design e tela
O Galaxy Note 5 é quase um Galaxy S6 Edge+ invertido. A curvatura nas laterais, presente no visor do Galaxy S6 Edge+, está na traseira do Galaxy Note 5, colaborando com a pegada do aparelho. Claro que ainda estamos falando de um smartphone gigante, com tela de 5,7 polegadas, que dificilmente será usado com apenas uma mão — mas a ergonomia está melhor que nas gerações anteriores.
Este é o primeiro Galaxy Note desde que a Samsung começou a usar materiais mais sofisticados nas carcaças dos aparelhos topo de linha. O Galaxy Note 5 possui bordas de alumínio e traseira de vidro, que passam ótima impressão. O vidro na traseira, protegido com Gorilla Glass 4, é um ímã de marcas de dedo, mas tem boa aderência e não faz o aparelho esquentar, como acontece em certos concorrentes.
Ele esbanja sensores: na parte frontal, você encontra os orifícios dos sensores de proximidade e luminosidade (no topo) e o leitor de impressões digitais (no botão de início), que te reconhece rapidamente, sem exigir o deslizamento do dedo, diferente do que ocorria nas gerações anteriores. Na traseira, vemos os sensores para medir batimentos cardíacos, nível de oxigenação no sangue e estresse.
Um ponto de polêmica no design do Galaxy Note 5 foi o compartimento da caneta S Pen. Quando inserida ao contrário, a caneta pode ficar presa e danificar permanentemente o mecanismo de ejeção. Isso foi previsto pela Samsung (há um aviso no manual de instruções), mas é uma falha de projeto; as gerações anteriores não permitiam a inserção ao contrário, e no meu entendimento todo design deve ser à prova de idiotas. Ou amigos bêbados. Ou crianças inocentes curiosas.
Além isso, eu não tive como deixar de notar que a ponta da S Pen fica visivelmente “desalinhada” quando está dentro do compartimento. É um descuido bobo no design, mas que julgo bastante relevante para um smartphone vendido por R$ 3.799 — todo capricho no acabamento é pouco.
Se a bonita tela curvada do Galaxy S6 Edge+ não está presente no Galaxy Note 5 (isso não faria muito sentido num aparelho com caneta), toda a qualidade do painel Super AMOLED da Samsung continua aqui. Ele traz possivelmente a melhor tela de smartphone da atualidade. Até eu, que costumo gostar mais das telas LCD por causa do branco mais intenso, estou preferindo o AMOLED dos sul-coreanos.
A resolução de 2560×1440 pixels dispensa comentários, o contraste impressiona (o preto real do AMOLED colabora nesse ponto) e o brilho é fortíssimo. Como de costume, a Samsung permite ajustar a saturação da tela nas configurações para agradar a gregos e troianos, mas você provavelmente não precisará mexer em nada.
Software
O mesmo software que acompanha outros topos de linha recentes da Samsung está no Galaxy Note 5, mas com a adição de funções que aproveitam a S Pen. Assim que você tira a caneta do compartimento, com a tela desligada, o aparelho se encarrega de abrir uma versão simplificada do S Note para permitir que você faça uma anotação rápida. E também há algumas outras funções:
- Lembrete de ação: para fazer uma anotação rápida, que será salva no S Note e pode ser exibida minimizada na tela inicial. É o post-it da geladeira dentro do celular;
- Seleção inteligente: salva na galeria um recorte do que estiver sendo mostrado na tela (na ferramenta de seleção inteligente, é possível até mesmo selecionar um ícone com precisão, como no “laço magnético” do Photoshop);
- Escrita na tela: tira uma screenshot e permite fazer rabiscos na imagem. Tem a mesma utilidade da ferramenta de desenho do Microsoft Edge (interprete como quiser).
Como o restante do software é o mesmo do Galaxy S6 Edge+, minhas impressões também são as mesmas. Se você já leu o review do outro aparelho gigante da Samsung, pule para o próximo tópico. Caso contrário, eis as mesmíssimas ideias:
A Samsung, que sempre foi muito criticada pela interface pesada e aplicativos de utilidade duvidosa incluídos no Android, tem mostrado que aprendeu com os erros desde o Galaxy S6, lançado em março. O Galaxy Note 5 ainda roda a famigerada TouchWiz e não vai agradar os que preferem o Android puro, mas o software dos sul-coreanos está mais refinado: não há aquele excesso de recursos inúteis que deixam o aparelho lento, e as interfaces são bem acabadas.
Como parte de uma parceria com a Microsoft, a Samsung integrou o pacote Office (composto por Word, Excel, PowerPoint e OneNote), além dos aplicativos Skype e OneDrive no Galaxy Note 5. Basta entrar com sua conta da Microsoft para receber 100 GB de espaço adicional por dois anos na nuvem da empresa — melhor do que nada, mas bateu saudades da antiga parceria com o Dropbox, onde é mais difícil obter armazenamento extra gratuitamente.
Entre as poucas adições da Samsung, temos:
- S Health: monitora a qualidade do sono, passos dados e calorias consumidas, além de servir como um hub para os sensores de batimentos cardíacos, oxigenação do sangue e estresse. Talvez você escolha não abandonar seu MyFitnessPal, RunKeeper, Sleep as Android e outros, mas é um software muito bem desenvolvido.
- SideSync: espelha a tela do Galaxy Note 5 no computador (Windows ou OS X), inclusive permitindo o compartilhamento de arquivos entre os dispositivos, tanto por Wi-Fi quanto por USB.
- Gravador de voz: tem um modo Entrevista, que usa os dois microfones (um na parte superior e outro na parte inferior do aparelho) para melhorar a qualidade da gravação; e um recurso chamado Nota de Voz, que converte fala em texto, com suporte ao português do Brasil.
- S Voice: a assistente de voz da Samsung, que pode ser ativada com um comando de voz mesmo quando o aparelho está em standby. Funciona bem, mas particularmente faz pouca diferença na minha rotina, assim como a Siri; é legal para brincar nos primeiros dias, mas como não é proativa como um Google Now, é fácil esquecer que existe.
Existem algumas funções escondidas nas configurações do sistema:
- Acelerador de download: aumenta a velocidade dos downloads ao usar conexões Wi-Fi e 4G simultaneamente para baixar um arquivo (pode não ser uma boa ideia ativar essa opção se você tem um plano de dados limitado);
- Ferramentas de gerenciamento de energia, como um modo de economia de bateria (que diminui o clock do processador e faz outras otimizações, ou simplesmente transforma seu smartphone num dumbphone para quando a situação estiver crítica e você não tiver um carregador por perto) e um painel que mostra os aplicativos que mais consumiram energia com a tela desligada;
- Modo Privado: protege com senha (ou impressão digital) as fotos, vídeos, gravações, músicas e outros arquivos que você deseja manter confidenciais.
Claro que nem tudo é uma maravilha. Por exemplo, não dá para entender a existência de um navegador próprio da Samsung, que não acrescenta nada novo, sendo que existe o Chrome. Além disso, ao deslizar a tela inicial para a esquerda, em vez de acessarmos o Google Now, há uma tela do Flipboard. O serviço é muito bom, mas o Google Now é mais útil (além de também mostrar notícias) e a integração com o Flipboard não está fluida; por várias vezes, a tela é recarregada do zero.
As modificações da Samsung também costumam impactar na performance. Embora as animações da interface estejam bastante suaves (é difícil fazer algo que fique travando com um hardware tão poderoso), o desempenho multitarefa é ruim devido ao modo agressivo com que o Android modificado da sul-coreana encerra os aplicativos em segundo plano, um problema que comentarei adiante.
Câmera
A Samsung vem se destacando bastante nas câmeras de smartphones. Eu diria que é a empresa que vem fazendo o melhor trabalho nos topos de linha atualmente.
No Galaxy S6, Galaxy S6 Edge, Galaxy S6 Edge+ e Galaxy Note 5, o aplicativo de câmera pode ser acionado rapidamente (pressione duas vezes o botão de início, inclusive com a tela bloqueada), o foco é preciso e a captura é instantânea — não há aqueles incômodos segundos para processar a foto, comum em vários outros Androids e Windows Phones.
Além do software, o hardware também é eficiente. O sensor de 16 megapixels (1/2,6 polegada) e a lente de abertura f/1,9 com estabilização óptica de imagem fazem um bom trabalho em conjunto com o pós-processamento equilibrado. Em boas condições de iluminação, a definição é excelente e não há ruído nas imagens. À noite, a câmera também possui desempenho acima da média.
Algumas fotos de exemplo:
O aplicativo de câmera é simples para o usuário comum e ao mesmo tempo bastante completo para quem gosta de fuçar em configurações avançadas — tem opções para salvar fotos em RAW, trocar o modo de medição de luminosidade (centro ponderado, matriz ou ponto), como nas câmeras mais avançadas, e ajustar a velocidade do obturador ou ponto de branco, por exemplo.
Para quem gosta de fotografar, não há como errar ao escolher um flagship da Samsung da geração atual.
Hardware e bateria
O Exynos 7420 continua sendo o melhor processador para smartphones Android. A CPU octa-core, composta por quatro núcleos Cortex-A57 de 2,1 GHz e quatro Cortex-A53 de 1,5 GHz, rende muito bem e não sofre dos problemas de estrangulamento térmico que tenho visto em alguns aparelhos com Snapdragon 810. E a Mali-T760MP8 roda bem qualquer jogo.
Apesar disso, o desempenho do Galaxy Note 5 é um misto de sensações. Qualquer aplicativo ou jogo que exija muito do processador vai se dar bem. No entanto, no dia a dia, é notável como o smartphone tem desempenho multitarefa limitado. Mesmo com 4 GB de RAM, é comum perceber aplicativos abertos recentemente sendo totalmente recarregados pelo sistema.
Essa matança agressiva de aplicativos em segundo plano é uma decisão da própria Samsung, com o objetivo de economizar RAM — existem até alguns hacks para melhorar o desempenho multitarefa, que consistem em editar um arquivo do sistema. Isso é ruim porque o hardware potente do Galaxy Note 5 acaba sendo subutilizado. Sem contar, claro, que reabrir um aplicativo do zero gasta mais tráfego de dados e processamento (e consequentemente bateria).
Ou seja, é um caso clássico de melhor hardware que não necessariamente tem o melhor desempenho. Para os interessados em números, aqui vão alguns resultados de benchmarks:
A bateria de 3.000 mAh do Galaxy Note 5 dá conta do recado. Eu não tive problemas para chegar até o final do dia com pelo menos 20% de carga na minha semana de testes. Até por causa do processador e tela mais gastões, a bateria não surpreende tanto quanto outros aparelhos com a mesma capacidade (como o Xperia C5 Ultra), mas oferece autonomia suficiente para a maioria dos usuários.
No dia de testes com uso intenso de dados móveis, tirei o smartphone da tomada às 8h40. Ouvi músicas por streaming no Spotify pelo 4G por cerca de duas horas e naveguei na internet, entre emails, redes sociais e páginas da web, por cerca de 1h50min, também no 4G. A tela ficou ligada por exatamente 2h06min, com brilho no automático. No final do dia, às 22h58, o aparelho chegou aos 20% de carga.
Conclusão
O Galaxy Note 5 junta os melhores componentes do mercado num aparelho só. O pacote oferecido pela Samsung é composto por uma das melhores telas, câmeras e processadores da atualidade. É um smartphone que eu teria, apesar de ser adepto dos displays menores.
Com preço sugerido de R$ 3.799, é claro que a Samsung não pensou muito na relação custo-benefício: o foco aqui é ter os melhores componentes para vender para quem tem dinheiro sobrando. Mesmo assim, não dá para desconsiderar os outros aparelhos da marca que custam bem menos e são igualmente bons.
Nunca é uma boa ideia comprar smartphone Android no lançamento, e o Galaxy S6 está aí para mostrar isso: com preço sugerido de R$ 3.299, ele já pode ser encontrado no varejo na faixa dos 2 mil reais, o que o torna um aparelho bem competitivo. E o hardware é basicamente o mesmo, a não ser pela tela menor e pelo gigabyte a menos de RAM — que, como você pode ter percebido, não faz tanta diferença com o gerenciamento agressivo de apps em segundo plano do software da Samsung.
Portanto, o Galaxy Note 5 pode não ser uma opção tão interessante focando no custo-benefício (ou, pelo menos, não enquanto ele estiver tão caro). Mas, se você quiser um bom smartphone de tela grande, esta é uma das melhores opções do mercado — e continuará sendo por bastante tempo. A Samsung fez um trabalho quase impecável.
Especificações técnicas
- Bateria: 3.000 mAh;
- Câmera: 16 megapixels (traseira) e 5 megapixels (frontal);
- Conectividade: 3G, 4G, Wi-Fi 802.11ac, GPS, GLONASS, Beidou, Bluetooth 4.2, USB 2.0, NFC;
- Dimensões: 153,2 x 76,1 x 7,6 mm;
- GPU: Mali-T760MP8;
- Memória externa: sem suporte a cartão microSD;
- Memória interna: 32 GB;
- Memória RAM: 4 GB;
- Peso: 171 gramas;
- Plataforma: Android 5.1.1 (Lollipop);
- Processador: octa-core Exynos 7420 de 2,1 GHz;
- Sensores: acelerômetro, proximidade, bússola, giroscópio, barômetro, oxímetro, batimentos cardíacos;
- Tela: Super AMOLED de 5,7 polegadas com resolução de 2560×1440 pixels e proteção Gorilla Glass 4.