Facebook diz que não vai bloquear falas controversas de políticos
Enquanto admite erros da última eleição dos EUA, o Facebook afirma que não deve intervir em debates políticos
Enquanto admite erros da última eleição dos EUA, o Facebook afirma que não deve intervir em debates políticos
A próxima eleição presidencial dos Estados Unidos acontece em novembro de 2020, mas o Facebook já está demonstrando qual será o seu posicionamento no período. A empresa afirmou que não realizará checagem de fatos, nem será tão rígida com falas de políticos.
A declaração foi feita pelo vice-presidente de relações internacionais do Facebook, Nick Clegg. “Não é nosso papel intervir quando os políticos falam”, disse o executivo durante um discurso realizado em Washington, D.C. na terça-feira (24).
Clegg, que foi vice-primeiro-mininstro do Reino Unido entre 2010 e 2015, afirmou que a empresa não acredita ter o papel de mediar debates políticos e impedir que certos discursos cheguem aos eleitores e estejam sujeitos ao escrutínio público.
“É por isso que o Facebook isenta os políticos do nosso programa de checagem de fatos“, disse no blog da empresa. Essa política existe há um ano e impede publicações orgânicas ou patrocinadas de políticos de serem enviadas para agências de checagem.
A única exceção, de acordo com Clegg, é para publicações de políticos que incluam links, vídeos e fotos que já foram checados e desmentidos. Nesse caso, o conteúdo perde força no feed de notícias, passa a circular junto com a checagem e não pode ser usado em anúncios.
A empresa também afirmou que as publicações de políticos que violem suas regras não serão removidas automaticamente. Em vez disso, sua equipe analisará a situação e poderá manter o conteúdo no ar se o interesse público superar o risco de danos.
“A partir de agora, trataremos o discurso de políticos como um conteúdo de destaque que, como regra geral, deve ser visto e ouvido”, explicou Clegg sobre a chamada isenção de noticiabilidade. Segundo o executivo, ela não valerá para anúncios, que ainda deverão estar dentro das regras da rede social.
Para avaliar o interesse público, o Facebook irá considerar fatores próprios para cada país, como se há uma eleição em andamento e se o país tem uma imprensa livre. Por outro lado, ao avaliar o risco de dano, a companhia pretende analisar fatores como o potencial do conteúdo de incitar violência.
Em seu discurso, Clegg também apresentou o que tem sido feito para evitar interferência estrangeira em eleições. “Não é segredo que o Facebook cometeu erros em 2016 e que a Rússia tentou usar o Facebook para interferir na eleição, espalhando divisão e desinformação”, afirmou.
Segundo ele, a empresa removeu diversas contas falsas, que eram usadas para disseminar fake news. Além disso, aumentou sua equipe de moderação para 30 mil pessoas e investiu em inteligência artificial para impedir conteúdo nocivo na plataforma.
Para 2020, os deepfakes parecem ser um dos grandes desafios do Facebook. Clegg admitiu que a empresa deve fazer mais em casos de vídeos manipulados como o da presidente da Câmara dos Deputados dos EUA, Nancy Pelosi.
Ele lembrou a declaração de Mark Zuckerberg de que a empresa demorou para agir, o que fez muitas pessoas acharem que o vídeo com a imagem da parlamentar era real. Depois desse caso, a empresa anunciou um desafio para quem conseguir desenvolver métodos de identificar deepfakes.
“Precisamos e iremos melhorar a identificação de conteúdo levemente manipulado antes que ele se torne viral e forneça aos usuários informações muito mais contundentes quando o virem”, prometeu Clegg.
Com informações: Facebook, TechCrunch.