Qualcomm vence ação e poderá manter licenciamentos bilionários
Qualcomm derrubou acusação de que cobrava valores abusivos em licenciamento de tecnologia para celulares
Qualcomm derrubou acusação de que cobrava valores abusivos em licenciamento de tecnologia para celulares
Além de vender chips, a Qualcomm fatura com licenciamento de tecnologias para smartphones. Movimentando bilhões de dólares todos os anos, esse negócio fez a companhia ser acusada de cobrar valores abusivos pelas licenças. Nada deve mudar, porém: um tribunal dos Estados Unidos considerou as acusações infundadas.
Embora a Qualcomm enfrente investigações antimonopólio pelo menos desde 2015, nos Estados Unidos, a companhia foi acusada de práticas anticompetitivas no começo de 2017.
Na ocasião, a Comissão Federal de Comércio (FTC, na sigla em inglês), órgão que regula práticas comerciais no país, argumentou que a companhia aproveita seu domínio de mercado para impor contratos abusivos a fabricantes de dispositivos móveis.
Esse domínio diz respeito a patentes pertencentes à Qualcomm que são consideradas essenciais à indústria. Basicamente, a FTC entende que, por estar nessa posição, a companhia abusa dos valores cobrados pelas patentes em vez de licenciá-las de “forma justa, razoável e não discriminatória”.
Além disso, a empresa foi acusada de cobrar uma espécie de “imposto” de fabricantes que trabalham com chips de outras marcas: se a empresa quisesse implementar tecnologias da Qualcomm junto a componentes de concorrentes, teria que pagar royalties adicionais por isso, de acordo com a FTC.
Em maio de 2019, um tribunal da Califórnia chegou a determinar que a Qualcomm refizesse acordos de licenciamento com fabricantes como Apple e Samsung por entender que os contratos vigentes até então cobravam taxas excessivamente altas.
É claro que a Qualcomm se defendeu. Entre os seus argumentos estão o de que o seu negócio de licenciamento beneficia toda a indústria ao permitir aprimoramentos nos smartphones e que não dificulta o acesso às suas tecnologias por companhias rivais, pois as taxas cobradas de fabricantes correspondem apenas a porcentagens sobre os preços de vendas de cada celular.
A Qualcomm também argumentou que as investigações antitruste enfrentadas em várias partes do mundo foram iniciadas a pedido de empresas que buscavam contratos mais vantajosos no licenciamento de tecnologia.
Pelo jeito, a argumentação surtiu efeito. A decisão mais recente, do Tribunal de Apelações do Nono Circuito, não só derrubou a ordem de renegociação como também invalidou a acusação de que a Qualcomm prejudica concorrentes com o tal “imposto”.
Ambas as partes foram procuradas para comentar assunto. A Qualcomm declarou que a decisão ressalta as enormes contribuições que a companhia faz ao setor. Por sua vez, a FTC declarou que a decisão é decepcionante e que estudará opções para recorrer.
De todo modo, esta já é considerada uma grande vitória para a Qualcomm: como o judiciário americano sinalizou que as tecnologias da empresa são importantes para o desenvolvimento da indústria, reverter a decisão parece uma possibilidade remota.
Com informações: Bloomberg.