Não há dúvidas de que o 5G é empolgante, prometendo velocidades mínimas de 100 Mb/s de download e 50 Mb/s de upload para cada usuário, além de menor latência. Esta semana, grandes empresas se reuniram na Mobile World Congress para mostrar como estão ansiosas por essa tecnologia – mas há um caminho árduo para torná-la realidade.
“O 5G vai ajudar a moldar a vida das pessoas”, disse Rajeev Suri, presidente da Nokia, durante a MWC. “O 5G conectará tudo e todos”, previu Tim Baxter, presidente da Samsung Electronics America. O hype pelo futuro da internet móvel é forte, e não é de agora. Em janeiro, o CEO da Qualcomm, Stephen Mollenkopf, disse na CES que “o 5G terá um impacto semelhante à introdução da eletricidade ou do automóvel”.
E essas empresas querem materializar o 5G o quanto antes. A Qualcomm acredita que o padrão estará totalmente definido em meados de 2018; ela já tem um modem compatível com essa tecnologia. A União Internacional de Telecomunicações só recentemente publicou seu primeiro rascunho de especificação 5G.
A Samsung vem testando tecnologias candidatas ao 5G há anos e, na MWC, já anunciou um roteador doméstico para conectar usuários a uma rede que ainda precisa ser construída. Ele está em testes pré-comerciais na Coreia do Sul, Japão e EUA.
A Intel tinha na MWC um protótipo de rede 5G com todo tipo de dispositivo conectado, desde um headset de realidade virtual até um carro conectado. A ideia é que o futuro das redes móveis vá “além do smartphone” (área em que a Intel não se saiu muito bem). E em janeiro, na CES, a Intel anunciou um modem 5G.
Enquanto isso, a ZTE surfou no hype apresentando o protótipo Gigabit como “o primeiro celular 5G“. Na verdade, não se trata de um celular – é uma tela conectada a uma placa de circuitos com chip Snapdragon 835 – e não se trata de 5G, e sim de agregação de canais 4G para entregar velocidades de até 1 Gb/s.
O 5G exige novos transmissores e usa frequências muito altas, o que cria um problema: o sinal atenua a certa distância das antenas. Mesmo usando tecnologias inteligentes, as estações rádio base precisarão ser abundantes. Por isso, a internet sem fio do amanhã deve ser bem cara.
Ainda assim, as operadoras estão se preparando. A americana Verizon vai testar neste ano um serviço de internet residencial 5G fixa nos EUA. Serão cerca de 500 participantes espalhados por onze cidades, usando tecnologia da Samsung e Ericsson. A AT&T também fará testes de sua rede “5G Evolution” ainda este ano. No Brasil, a Claro demonstrou no ano passado um sistema 5G criado junto à Ericsson, com throughput girando em torno de 4 Gb/s.
E as operadoras estão animadas também: a GSM Association estima que haverá 1 bilhão de conexões 5G até 2025. Mas isso é daqui a oito anos; ou seja, teremos que esperar algum tempo até que o hype de uma internet móvel mais rápida realmente se materialize.