As especificações do 5G: latência de 4 ms e velocidade de até 20 Gb/s

Até a velocidade mínima do 5G é animadora

Lucas Braga
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• Atualizado há 11 meses

Muito se fala sobre o próximo passo da internet móvel, mas ainda não havia nada muito concreto no rumo da tecnologia 5G. Isso mudou nesta sexta-feira (24): a União Internacional de Telecomunicações (ITU, na sigla em inglês) anunciou um esboço do que o 5G pode se tornar. A especificação deve ser finalizada até o final do ano, mas o que já foi divulgado é bem animador.

Eis os principais pontos da especificação anunciada:

Velocidade

A especificação inicial exige que o 5G tenha velocidade de, pelo menos, 20 Gb/s de download e 10 Gb/s de upload em cada estação rádio-base. Isso não significa que você atingirá sempre essa velocidade em seus dispositivos, mas ter toda essa banda disponível assegura qualidade quando muitos usuários utilizarem a mesma torre.

Na prática, as especificações indicam velocidades individuais mínimas de 100 Mb/s de download e 50 Mb/s de upload, o que pode não empolgar tanto à primeira vista, já que isso é possível em redes LTE Advanced. Ainda assim, já é muita coisa: você provavelmente nunca nem viu de perto essa velocidade em seu celular no Brasil. E veja só: é a velocidade mínima!

Latência

Se em velocidade individual o 5G não parece impressionar tanto, a latência me faz desejar a tecnologia para ontem: em circunstâncias ideais, a latência máxima do usuário até a torre será de 4 ms — a especificação de LTE determina 20 ms. Para aplicações de comunicação de baixíssima latência, o valor pode cair para 1 ms.

Capacidade

Um dos pontos mais ousados do rascunho é que o 5G deve suportar pelo menos 1 milhão de dispositivos conectados por quilômetro quadrado. Caso isso seja concretizado, provavelmente não teríamos mais problemas ao usar o celular em locais com grande concentração de pessoas — o Carnaval está aí, e se eu fosse você não apostaria no 4G funcionando no meio do bloco. O objetivo é suportar o crescente número de dispositivos da internet das coisas.

Algo interessante é que o 5G também funcionará melhor quando em movimento: a especificação promete funcionamento de 0 a 500 km/h, útil para manter a conexão em deslocamentos em rodovias e em trens de alta velocidade.

Frequência

Para o funcionamento pleno da tecnologia é preciso pelo menos 100 MHz de espectro livre, sendo possível escalar para 1 GHz quando possível.

O grande problema é que é praticamente impossível encontrar 100 MHz de espectro livre em frequências abaixo de 2,6 GHz — a mesma utilizada no 4G brasileiro, e que já é considerada alta. Com isso, frequências acima de 6 GHz deverão ser adotadas no 5G, mas é importante lembrar que, quanto maior a frequência, menor será a penetração de sinal.

Para cobrir com 5G de maneira satisfatória, as operadoras precisarão lidar com um novo desafio: levar as antenas para mais perto dos usuários. E isso envolve muito dinheiro.

Quando chega?

É importante lembrar que todas essas especificações estão em um rascunho da ITU. Isso significa que as especificações ainda não foram finalizadas, o que deve acontecer até o final do ano. Após tudo ser concluído, as fabricantes começarão a desenvolver os chips oficialmente compatíveis com o 5G, entre 2018 e 2020.

No Brasil, representantes da indústria de telecomunicações, governo federal e Anatel lançaram o Projeto 5G Brasil, que tem o objetivo de fomentar a discussão sobre a nova tecnologia e estabelecer a construção do ecossistema de quinta geração no país. Representes brasileiros tornarão-se aptos a participar de discussões internacionais que definem critérios de implementação da tecnologia no mundo.

Quem sabe em 2020 teremos um norte para o 5G no Brasil?

Com informações: Ars Technica

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Lucas Braga

Lucas Braga

Repórter especializado em telecom

Lucas Braga é analista de sistemas que flerta seriamente com o jornalismo de tecnologia. Com mais de 10 anos de experiência na cobertura de telecomunicações, lida com assuntos que envolvem as principais operadoras do Brasil e entidades regulatórias. Seu gosto por viagens o tornou especialista em acumular milhas aéreas.

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