Windows 11, dois meses depois: o que melhorou e o que ainda está faltando

Bugs corrigidos, mudanças em opções de design criticadas pelos usuários e novos recursos chegando pouco a pouco marcaram o início do Windows 11

Giovanni Santa Rosa
• Atualizado há 1 ano e 5 meses
PC rodando Windows 11 (Imagem: Divulgação / Microsoft)
PC rodando Windows 11 (Imagem: Divulgação / Microsoft)

O Windows 11 está entre nós desde 4 de outubro de 2021. Neste segundo “mesversário”, o bebê da Microsoft apresentou alguns progressos, liberou novos recursos para PCs, e continua com bugs aqui e ali. E como está sendo usar a nova versão? Fizemos um balanço destes dois primeiros meses.

Alguns bugs foram corrigidos, mas outros continuam

Problemas acontecem no lançamento de qualquer sistema operacional, e com o Windows 11 a história não foi diferente.

Um dos defeitos mais drásticos afetou usuários dos processadores AMD Ryzen, que viram uma queda no desempenho de suas máquinas. Um primeiro update piorou o caso, mas uma correção posterior resolveu parcialmente a questão.

Outras partes do sistema também não saíram como o esperado nas primeiras semanas. Foi o caso da ferramenta de captura de imagem, que simplesmente não funcionava. Felizmente, era possível dar um jeitinho para corrigir o problema. Até a barra de tarefas da versão anterior teimou em continuar aparecendo após a atualização em alguns computadores.

O Windows é 11, mas a barra de tarefas é 10
O Windows é 11, mas a barra de tarefas é 10 (Imagem: Reddit/Mastermind1703)

Alguns problemas, porém, continuam sem solução. É o caso da lentidão em SSDs do tipo NVMe, que vem desde os tempos da versão preview e até agora continua sem solução.

Pessoalmente, o maior empecilho que encontrei no Windows 11 até agora é que o sistema volta do modo de espera muito lento e travando. Ainda que meu notebook não tenha SSD, o que poderia facilitar esse processo, era algo que eu não enfrentava no Windows 10.

Além disso, há probleminhas aqui e ali. Às vezes a seção de Widgets não aparece ao clicar, por exemplo, e ficou semanas sem oferecer opções de personalização. A área de controle de mídia não exibe corretamente o que estou ouvindo ou nem mesmo aparece em alguns momentos.

Novidades de software estão chegando aos poucos

O Windows 11 prometeu muita coisa nova no sistema, mas chegou com menos recursos que o prometido. A tendência é que essas ferramentas sejam disponibilizadas pouco a pouco nos próximos meses.

O recurso de colocar janelas lado a lado ganhou um upgrade, e agora é possível vê-las como um grupo na barra de tarefas. Na minha experiência, essa foi uma das melhores novidades, senão a melhor. Eu trabalho frequentemente com duas janelas posicionadas lado a lado, para poder consultar fontes em uma e escrever em outra, e o recurso me ajuda muito, já que fica muito mais prático para retomar minhas tarefas.

A previsão é que ele fique ainda melhor em breve. A Microsoft está testando colocar estes grupos também no Alt+Tab, facilitando o acesso rápido sem depender do mouse.

Nova versão do Windows 11 Insider Preview tem grupos de apps no Alt+Tab
Nova versão do Windows 11 Insider Preview tem grupos de apps no Alt+Tab (Imagem: Reprodução/Windows Latest)

E em tempos de reuniões remotas por conta de home office e pandemia, nada melhor do que facilitar o recurso de silenciar ou abrir o microfone. O Windows 11 deverá ganhar um ícone de microfone na barra de tarefas — assim, você tem acesso rápido ao recurso, independente da plataforma que esteja usando para fazer sua videoconferência. Por enquanto, porém, isso só está disponível nos canais para desenvolvedores e funciona apenas no Teams.

Aplicativo do Kindle para Android rodando no Windows 11
Aplicativo do Kindle para Android rodando no Windows 11 (Imagem: Divulgação/Microsoft)

Uma ausência notável foi o suporte para apps de Android. A Microsoft já tinha avisado que o recurso não estaria disponível no lançamento. Até agora, ele só chegou oficialmente a usuários da versão preview nos EUA.

A parceria com a Amazon, que ficará responsável pela distribuição dos apps através de sua Appstore, também é bastante limitada, com uma lista de 500 apps selecionados. E é lógico que os usuários já descobriram um jeitinho de fazer sideloading de arquivos APK.

Microsoft Store tem parceria com a Amazon Appstore para distribuir apps de Android
Microsoft Store tem parceria com a Amazon Appstore para distribuir apps de Android para Windows 11 (Imagem: Divulgação/Microsoft)

Melhorias a conta-gotas

O Windows 11 tem a ambiciosa proposta de unificar apps novos e antigos sob uma mesma linguagem visual. Isso não é uma tarefa tão simples quanto parece — o sistema já está aí há um bom tempo e é cheio de partes legadas de versões antigas. Pouco a pouco, porém, ele vai caminhando nesta direção.

O Bloco de Notas, por exemplo, é um destes dinossauros que vão ganhar uma roupinha nova em breve, com direito a modo escuro e melhorias na busca. Ele já está em testes com os participantes do Windows Insiders. Outro que deve ganhar modo escuro é o Paint.

Quem também receberá um tapa no visual é o Windows Media Player. Rebatizado como apenas Media Player, ele terá visual mais limpo e organizado e deve substituir o Groove, app padrão de música do Windows 11.

Media Player (imagem: divulgação/Microsoft)
Media Player para Windows 11 (imagem: divulgação/Microsoft)

O app Seu Telefone, que integra aparelhos Android ao sistema, vai ganhar cara nova. Os recursos são bem interessantes: chamadas diretamente do PC e opção de duplicar a tela do smartphone.

E por falar em visual, não dá para ignorar os emojis do sistema. A Microsoft havia anunciado que o sistema viria com carinhas em 3D, mas até agora, nada. A única novidade são os desenhos repaginados, com um aspecto mais próximo de um cartoon.

Novo painel de emojis
Novo painel de emojis do Windows 11 (Imagem: Reprodução/XDA Developers)

A Microsoft está ligada nas críticas

Fazer um sistema mais integrado e unificado é uma ideia interessante, mas o legado das versões antigas ainda é muito útil para uma parte dos usuários. Portanto, as mudanças não virão sem críticas. A empresa está inclusive ensaiando reverter muitas das novidades por terem sido mal-recebidas entre a comunidade.

É o caso da nova barra de tarefas. Ela ficou com um ar mais parecido com o do macOS, mas perdeu recursos: agora não é mais possível arrastar um arquivo para abri-lo com um programa fixado. Também não dá para mudar a posição dessa parte da interface para os lados.

Windows 11 não terá "arrastar e soltar" para barra de tarefas
Windows 11 não tem “arrastar e soltar” para barra de tarefas (Imagem: Reprodução/Windows Latest)

Essas duas limitações não me incomodaram até agora — eu trabalho basicamente no navegador, sem precisar abrir muitos arquivos em programas específicos, e minha barra de tarefas sempre ficou na parte inferior da tela. Muitos usuários, porém, reclamam. A Microsoft começou a testar a volta desses recursos, pelo menos.

Outra mudança que pode ser revertida é a do menu de contexto, que transformou algumas opções em botões na parte de cima da lista e escondeu outras. A Microsoft já está testando uma nova opção.

Uma coisa irritante, porém, já foi corrigida. A Microsoft vinha dificultando a mudança do navegador padrão. Para colocar o Edge, nenhum problema: só clicar em um botão no browser. Para escolher outro, porém, era preciso escolher o software desejado em um monte de extensões de arquivos. Felizmente, a empresa ouviu as críticas e simplificou o processo — como deveria ter sido desde o início.

Tela azul da morte
Tela azul da morte (Imagem: Reprodução/Windows)

Até mesmo a “tela azul da morte” pode voltar a ser… azul. A página de erro tinha trocado sua cor de fundo para preto, mas uma versão de testes devolveu a aparência clássica da temida blue screen of death.

Vamos torcer para não precisar vê-la tão cedo.

Com informações: Ars Technica.

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Giovanni Santa Rosa

Giovanni Santa Rosa

Repórter

Giovanni Santa Rosa é formado em jornalismo pela ECA-USP e cobre ciência e tecnologia desde 2012. Foi editor-assistente do Gizmodo Brasil e escreveu para o UOL Tilt e para o Jornal da USP. Cobriu o Snapdragon Tech Summit, em Maui (EUA), o Fórum Internacional de Software Livre, em Porto Alegre (RS), e a Campus Party, em São Paulo (SP). Atualmente, é autor no Tecnoblog.