Figure 1 ajuda médicos a conversarem entre si para fazer diagnósticos

Considerado o "Instagram para médicos", Figure 1 também pode ser uma ferramenta de aprendizado

Jean Prado
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• Atualizado há 2 semanas

Considerado o “Instagram para médicos”, o Figure 1 anunciou nesta segunda-feira (27) que está disponível em português, o primeiro idioma a ser suportado depois do inglês. Dentro do Figure 1, médicos podem trocar experiências sobre casos clínicos e se ajudar em diagnósticos que eles demorariam mais para fazer sem a ajuda de outro colega.

Nós entrevistamos o Dr. Joshua Landy, fundador do Figure 1, em outubro. Dr. Landy me disse que ainda na época em que o aplicativo estava disponível em apenas três países (hoje são mais de 100), a movimentação de usuários brasileiros já era muito grande. Com base nessa atividade, o fundador imagina que o Brasil é uma ótima oportunidade de crescimento para o Figure 1 e diz não querer forçar os brasileiros a usá-lo em outra língua, ainda mais combinado com o jargão médico.

O aplicativo tem esse nome para combinar com o “Figura 1” ou o “Figura 2” que aparece na legenda de imagens em revistas médicas, lembrando as pessoas que são fotos de casos médicos. Quando um doutor ficar com dúvida em um diagnóstico ou quiser uma segunda opinião, ele pode publicar o caso — com a autorização do paciente e protegendo a privacidade do mesmo — e discutir com os colegas.

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Na tela acima, é possível ver que existem várias áreas de especialidade em que os médicos podem visitar ou publicar (também dá para segui-las), além da seção de mensagens privadas. O recurso de Paging (vídeo abaixo) permite que doutores acionem outros especialistas (como num beeper ou pager médico) e o algoritmo do Figure 1 direciona eles a um especialista licenciado para responder à pergunta. Eles demoram cerca de meia hora para responder.

Prezando pela segurança de não obter um diagnóstico falso ou de alguém que não é médico, o Figure 1 também verifica doutores (e enfermeiros) no Brasil, perante ao Conselho Federal de Medicina. Usuários podem se cadastrar como médicos, residentes, enfermeiros, dentistas, outros da área da saúde (anatomista, psicólogo, etc), estudantes e não-profissionais de medicina, como advogado ou jornalista.

Conheça o aplicativo: Por dentro do Figure 1, o Instagram para médicos

No meu cadastro, como jornalista, obviamente não era possível comentar em nenhum caso — só navegar pelo aplicativo. A abrangência de outras categorias além de médico, como a de estudante ou residente, é importante também para o aprendizado deles como profissionais. Segundo Dr. Landy, são os estudantes que passam a maior parte do tempo perguntando coisas, “assim como na vida real”.

"9 casos acionando radiologistas": especialistas podem ajudar médicos de outras áreas
“9 casos acionando radiologistas”: especialistas podem ajudar médicos de outras áreas

Segundo a assessoria de imprensa do Figure 1 no Brasil, a comunidade brasileira ficou mais evidente no aplicativo durante a epidemia do zika. Médicos brasileiros ativamente esclareciam casos e falavam sobre a diferença do zika em relação à dengue. “O aplicativo me auxiliou no diagnóstico diferencial de um caso de dengue, onde as outras suspeitas eram Zyka e Chykungunya”, diz Diego Tajes, estudante de medicina na Universidade de Taubaté que usa o Figure 1 em inglês há dois anos.

Caso você tenha se interessado, o Figure 1 pode ser baixado para Android e iOS — e aceita todas as profissões. Se você for um médico, pode pedir a verificação da sua conta para ter mais credibilidade ao comentar e discutir casos.

Atualizado em 27 de junho de 2016 às 11h00. Em um novo contato com o Dr. Landy, ele falou com exclusividade ao Tecnoblog sobre algumas questões envolvendo o lançamento do aplicativo no Brasil. Quando nós conversamos pela primeira vez, em outubro, ele já mencionava a intenção de lançar o aplicativo aqui, mas só chegou oito meses depois.

Dr. Joshua Landy continua trabalhando como médico intensivista apesar de ter fundado Figure 1.
Dr. Joshua Landy continua trabalhando como médico intensivista apesar de ter fundado Figure 1.

Segundo ele, lançar o aplicativo no Brasil requer muito mais que só uma tradução para o português. “Nós conversamos com nossos advogados especialistas em saúde na América Latina para ter certeza de que o aplicativo se encaixava com todas as regulações de privacidade e consentimento [médico] no Brasil”, disse ele.

Além disso, o doutor mencionou que há o fator da experiência de usuário, como suporte da comunidade e moderação dos posts. Dr. Landy reforçou que o aplicativo teve um crescimento orgânico significativo na América Latina.

Curioso pelo caso do Diego Tajes, citado acima, perguntei como ele acha que o aplicativo vai fazer diferença no Brasil. “A capacidade dos usuários brasileiros do Figure 1 ficaram particularmente evidentes nos primeirios dias da epidemia do vírus Zika. Em um caso, um médico de família explicou qual a diferença [de sintomas] entre Zika e Dengue”, esclareceu.

Ainda com exclusividade, Dr. Landy relevou alguns dados interessantes do Figure 1. Contando somente os profissionais de medicina (tirando os estudantes e outros cadastrados), o Figure 1 tem 1 milhão de usuários. Nesse âmbito, o Brasil é o sexto maior mercado (em número) no aplicativo, mas um dos mais ativos.

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Jean Prado

Jean Prado

Ex-autor

Jean Prado é jornalista de tecnologia e conta com certificados nas áreas de Ciência de Dados, Python e Ciências Políticas. É especialista em análise e visualização de dados, e foi autor do Tecnoblog entre 2015 e 2018. Atualmente integra a equipe do Greenpeace Brasil.

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