Nova falha em chips Intel e AMD permite roubo de chaves de criptografia

Vulnerabilidade Hertzbleed foi descoberta em processadores Intel e AMD e afeta a maioria dos chips das duas fabricantes

Bruno Ignacio
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Ilustração da falha Spectre (imagem: reprodução/AMD)
Nova vulnerabilidade Hertzbleed afeta processadores da Intel e AMD (imagem: reprodução/AMD)

Pesquisadores identificaram uma nova vulnerabilidade que afeta os chips da Intel e AMD. Batizada de “Hertzbleed”, a falha pode ser usada para roubar chaves de criptografia e outros dados que passam pelo processador. A escala do problema é outro ponto preocupante: estima-se que a maioria das CPUs das fabricantes seja afetada.

A vulnerabilidade foi inicialmente descoberta por uma equipe da própria Intel durante investigações internas. Mais tarde, um grupo de pesquisadores independentes das universidades do Texas, Washington e Illinois Urbana-Champaign também estudaram a Hertzbleed. Em uma postagem de blog, eles descreveram a brecha de segurança dos processadores.

Segundo os pesquisadores independentes, a Hertzbleed afeta a maioria das CPUs das fabricantes. Tanto a Intel quanto a AMD já reconheceram a existência da vulnerabilidade. A AMD não chegou a se manifestar sobre a escala do problema, mas a Intel confirmou que a falha engloba todos seus processadores.

Qual o perigo da vulnerabilidade Hertzbleed?

Em poucas palavras, a falha Hertzbleed permite ataques de canal lateral que podem roubar dados do computador, inclusive chaves de criptografia. Na prática, a vulnerabilidade pode ser usada para conseguir informações protegidas, que normalmente permanecem criptografadas e que só podem ser acessadas com um algoritmo criptográfico.

Isso ocorre por meio do rastreamento dos mecanismos de potência e impulso do processador. Assim, invasores podem observar a assinatura de energia de uma carga de trabalho de criptografia, como as chaves de criptografia.

Ataque hacker (imagem: Darwin Laganzon/Pixabay)
Hertzbleed pode ser usada para roubar chaves de criptografia (imagem: Darwin Laganzon/Pixabay)

Ao visualizar essas informações de energia geradas pelo processador, o invasor pode convertê-las em dados que podem permitir o roubo das chaves de criptografia. A parte mais preocupante é que todo esse processo não requer acesso físico. Na realidade, a vulnerabilidade pode ser explorada de maneira remota.

Problema pode afetar processadores de mais fabricantes

Vale destacar ainda que a Hertzbleed pode ser ainda maior do que imaginamos. Além dos chips AMD e Intel, que sabemos com toda a certeza que são afetados pela falha, outros processadores modernos devem sofrer do mesmo problema.

Conforme descrito pelos pesquisadores, a Hertzbleed rastreia os algoritmos de energia por trás da técnica Dynamic Voltage Frequency Scaling (DVFS). Ela é usada na maioria dos processadores modernos e, portanto, outras fabricantes, como ARM, provavelmente também são afetadas pela mesma vulnerabilidade. No entanto, até agora nenhuma outra empresa confirmou se a falha está presente em seus chips.

Hertzbleed é preocupante, mas difícil de explorar

Todas as informações constroem um cenário preocupante. A quantidade de chips afetados é gigantesca, afetando usuários de todo o mundo. Além disso, não há nenhuma solução rápida para resolver o problema.

Segurança cibernética
Segurança cibernética (Imagem: Pixabay/Pexels)

Mesmo assim, a Intel acredita ser altamente improvável que você ou qualquer um seja vítima de um ataque baseado na Hertzbleed. Em um guia de segurança para desenvolvedores, a fabricante explica que são necessárias várias horas, ou até mesmo dias, para se roubar uma chave criptográfica explorando essa falha.

Mesmo que alguém tente uma invasão desse tipo, é provável que o ataque nem seja bem-sucedido. Isso porque o processo requer recursos avançados de monitoramento de energia de alta resolução e que são difíceis de replicar fora de um ambiente de laboratório. A maioria dos hackers nem deve se interessar com o Hertzbleed, especialmente quando muitas outras vulnerabilidades são descobertas com frequência.

No ano passado, por exemplo, foram descobertas mais três variantes da conhecida falha Spectre, que afeta processadores da Intel e AMD. Na ocasião, pesquisadores descreveram que as novas vulnerabilidades podem superar a maioria das soluções já apresentadas. Ao explorar a Spectre, invasores podem induzir a execução especulativa de uma operação maliciosa, abrindo brechas para vazamento de dados.

Com informações: Ars Technica

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Bruno Ignacio

Bruno Ignacio

Ex-autor

Bruno Ignacio é jornalista formado pela Faculdade Cásper Líbero. Cobre tecnologia desde 2018 e se especializou na cobertura de criptomoedas e blockchain, após fazer um curso no MIT sobre o assunto. Passou pelo jornal japonês The Asahi Shimbun, onde cobriu política, economia e grandes eventos na América Latina. No Tecnoblog, foi autor entre 2021 e 2022. Já escreveu para o Portal do Bitcoin e nas horas vagas está maratonando Star Wars ou jogando Genshin Impact.

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