Firefox não vai ter recurso do Chrome que limita bloqueadores de anúncios

Firefox 109 introduz padrão Manifest V3 criado pelo Google, mas sem recurso que diminui poder de ação de bloqueadores de anúncios

Emerson Alecrim
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Firefox 109 traz novo botão de extensões (imagem: Nick Velazquez/Mozilla)
Firefox 109 traz novo botão de extensões (imagem: Nick Velazquez/Mozilla)

O Firefox 109 foi lançado nesta semana. A novidade chega com um novo botão de extensões e suporte ao polêmico Manifest V3, padrão que pode limitar a atuação de bloqueadores de anúncios. Ou não: a implementação feita pela Mozilla mantém vários recursos do Manifest V3, mas não inclui o mecanismo que interfere nos bloqueadores.

Mas o que é Manifest V3?

O Manifest V3 é um conjunto de funções e regras que muda a forma como extensões interagem com o navegador. Apesar de esse padrão ter sido desenvolvido pelo Google, ele pode ser implementado em outros navegadores, não só no Chrome.

Cabe ao manifesto indicar como e quais recursos do navegador uma extensão pode acessar. O Manifest V3 é visto como uma evolução importante do Manifest V2 por ser bastante focado em segurança.

A nova versão informa ao navegador que a extensão não pode carregar código de um servidor remoto, por exemplo. Essa limitação reduz as chances de contaminação por um malware.

Por que o Manifest V3 é tão polêmico?

Basicamente, porque o Manifest V3 revoga a API WebRequest, que permite à extensão interceptar solicitações oriundas de páginas web. Esse recurso é utilizado por bloqueadores de anúncios.

Em seu lugar, o Manifest V3 coloca a API declarativeNetRequest, que deixa a cargo do navegador o controle sobre o que bloquear.

Desde o início, esse movimento foi entendido por desenvolvedores do segmento como uma tentativa do Google de limitar o poder de ação dos bloqueadores de anúncios. Até porque a publicidade online é a principal fonte de receita da companhia.

O Google nega e, em contrapartida, ressalta que o Manifest V3 é um importante reforço da segurança. Apesar disso, a companhia adiou a migração do Manifest V2 para o V3, que deveria começar agora, em janeiro de 2023. Um novo cronograma deve ser apresentado até março.

O Manifest V3 é diferente no Firefox

O Manifest V3 foi desenvolvido com foco no Chrome. Mas a Mozilla explica que aderiu ao manifesto no Firefox para facilitar o trabalho dos desenvolvedores que disponibilizam extensões para ambos os navegadores. Sem isso, os desenvolvedores teriam que manter versões muito diferentes de suas extensões.

Botão de extensões do Firefox (imagem: divulgação/Mozilla)
Botão de extensões do Firefox (imagem: divulgação/Mozilla)

No entanto, a Mozilla entende que o Manifest V3 tem lacunas nos aspectos da segurança e privacidade. Por isso, a organização decidiu implementar o manifesto sem dar espaço para os mecanismos que, em seu entendimento, afetam esses fatores.

Sim, isso significa que o Firefox não limita a atuação dos bloqueadores de anúncio. A própria Mozilla afirma isso:

Esteja seguro de que, apesar dessas mudanças para a nova arquitetura de extensões do Chrome, a implementação do Manifest V3 no Firefox garante que os usuários possam acessar as mais efetivas ferramentas de privacidade disponíveis, como o uBlock Origin, e outras extensões para bloqueio de conteúdo e preservação da privacidade.

A Mozilla destaca ainda que bloqueadores de conteúdo (incluindo aí anúncios) são importantes não só para a privacidade, mas também para navegações mais rápidas.

O novo botão de extensões

O novo botão de extensões introduzido no Firefox 109 está posicionado à direita da barra de endereços. Seu objetivo não é apenas dar acesso rápido às extensões, mas também permitir que o usuário saiba quais recursos estão em uso. Assim, é possível gerenciar permissões e até remover extensões facilmente.

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Emerson Alecrim

Emerson Alecrim

Repórter

Emerson Alecrim cobre tecnologia desde 2001 e entrou para o Tecnoblog em 2013, se especializando na cobertura de temas como hardware, sistemas operacionais e negócios. Formado em ciência da computação, seguiu carreira em comunicação, sempre mantendo a tecnologia como base. Em 2022, foi reconhecido no Prêmio ESET de Segurança em Informação. Em 2023, foi reconhecido no Prêmio Especialistas, em eletroeletrônicos. Participa do Tecnocast, já passou pelo TechTudo e mantém o site Infowester.

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