Anatel quer destinar faixa de 6 GHz para Wi-Fi mais rápido

Anatel estuda destinar 1.200 MHz de espectro para Wi-Fi 6E; Huawei, Nokia e Ericsson defendem uso da faixa de 6 GHz para 5G

Lucas Braga
• Atualizado há 3 anos
Archer C80 da T-Link utiliza tecnologia Wi-Fi 5
Wi-Fi poderá ter mais espectro em breve (Imagem: Reprodução/TP-Link)

A Anatel apresentou nesta quinta-feira (10) a proposta para destinar integralmente a faixa de 6 GHz para o Wi-Fi 6E, que compreende 1.200 MHz de espectro e pode deixar as redes sem fio domésticas mais rápidas. A medida não agrada fornecedoras de equipamentos para operadoras móveis, que queriam parte do espectro para uso com 5G.

O relator do assunto, Emmanoel Campelo, aponta para um crescimento do Wi-Fi nos próximos anos: atualmente, a tecnologia está presente em 80% dos domicílios brasileiros com banda larga. Ele estima que o Wi-Fi irá atender offload (uso complementar) de 71% das redes móveis 5G em 2022, e projeta aumento de 500% no número de redes sem fio até 2023.

O conselheiro ainda diz que outros países como Estados Unidos e Canadá já destinaram as frequências de 5.925 MHz a 7.125 MHz para o Wi-Fi, e que a medida permite o uso do 5G não licenciado num futuro. Por outro lado, a União Europeia dividiu a faixa e destinou 500 MHz para utilização com tecnologias de telefonia móvel.

O assunto segue para consulta pública. A área técnica da Anatel irá avaliar as contribuições da sociedade e enviará o texto final para posterior aprovação do Conselho Diretor.

Fornecedoras querem parte da faixa para 5G

A proposta da Anatel não agrada todo o mercado. Uma carta enviada por Ericsson, Huawei, Nokia, ZTE e GSMA defende a destinação da faixa de 6.425 MHz a 7.125 MHz, o que representa mais da metade do espectro estudado pela agência.

As fornecedoras afirmam que a faixa de 6 GHz “permitiria à indústria móvel suportar casos de uso de 5G inovadores que requerem alta confiabilidade, conectividade de baixa latência (…) e segurança ponta a ponta” para banda larga móvel e fixa.

O documento ainda diz que “devido às características da banda larga fixa no Brasil, o país não se beneficiará muito com os 1.200 MHz de espectro adicional não licenciado”.

Oi defende uso de 6 GHz para Wi-Fi

Do outro lado, a Oi se manisfestou a favor da destinação integral da faixa de 6 GHz para o Wi-Fi. Esse posicionamento condiz com o momento da empresa, que irá se desfazer da unidade de telefonia móvel em breve.

A empresa argumenta que a tecnologia Wi-Fi é atualmente responsável por algo em torno de 50% de todo o tráfego de dados em smartphones, e garante que todos os celulares com 5G já terão suporte ao Wi-Fi 6 (que é diferente do Wi-Fi 6E).

Além disso, a Oi afirma que a atribuição da faixa de 6 GHz a serviços de telefonia “exigirá níveis de potência bastante superiores” em relação a dispositivos Wi-Fi convencionais, e que isso poderia atrapalhar “uma ampla utilização em função da convivência dos serviços existentes na mesma faixa”.

As demais operadoras não enviaram nenhuma manifestação à Anatel durante o processo sobre a faixa de 6 GHz.

Com informações: Anatel

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Lucas Braga

Lucas Braga

Repórter especializado em telecom

Lucas Braga é analista de sistemas que flerta seriamente com o jornalismo de tecnologia. Com mais de 10 anos de experiência na cobertura de telecomunicações, lida com assuntos que envolvem as principais operadoras do Brasil e entidades regulatórias. Seu gosto por viagens o tornou especialista em acumular milhas aéreas.