Anatel aprova atrasos para 5G após lockdown da China dificultar entregas

Conselho-diretor da agência aceita recomendação da área técnica e posterga prazos em 60 dias; medida afeta faixa de 3,5 GHz, principal espectro do 5G no Brasil

Lucas Braga
• Atualizado há 11 meses

O edital do leilão do 5G estipulava que as operadoras que comprassem a frequência de 3,5 GHz precisariam ativar a tecnologia em todas as capitais até julho de 2022. Isso deve atrasar: a agência autorizou um novo prazo para que Claro, TIM e Vivo iniciem o serviço.

O adiamento já foi uma recomendação da Entidade Administradora da Faixa de 3,5 GHz e do Gaispi, grupos que coordenam a limpeza da faixa de 3,5 GHz. O conselho-diretor da agência aprovou a proposta, que concede um prazo adicional de 60 dias.

As frequências de 3,5 GHz serão liberadas somente a partir de 29 de agosto, e a obrigação de ativar o 5G Standalone se estende até 29 de setembro. No entanto, a proposta do Gaispi prevê a possibilidade de antecipação da liberação de uso da frequência em áreas determinadas.

Para que o 5G efetivamente chegue ao Brasil, é necessário que a frequência de 3,5 GHz seja liberada. Parte do espectro pode causar interferências na TV aberta via satélite, que atualmente utiliza a Banda C e será migrada para a Banda Ku.

O edital da Anatel estabelece que as operadoras instalem pelo menos uma estação rádio-base (antena) com 5G na frequência de 3,5 GHz para cada 100 mil habitantes nas capitais brasileiras. A densidade dos equipamentos aumenta com o passar dos anos: até 2029, as teles deverão levar uma antena para cada 15 mil habitantes nos municípios com mais de 30 mil habitantes.

Lockdown da China interferiu na chegada do 5G ao Brasil

O adiamento dos prazos do 5G tem motivo: a indústria não conseguiu entregar equipamentos para mitigar interferências nas estações satelitais. A Entidade Administradora da Faixa de 3,5 GHz diz que houve impacto do lockdown na China, escassez de semicondutores, limitações do transporte aéreo e demora no desembaraço aduaneiro.

A limpeza da faixa de 3,5 GHz inclui a troca de decodificadores e antenas parabólicas dos usuários da TV aberta via satélite. Os equipamentos serão fornecidos de forma gratuita para famílias inscritas no CadÚnico, que abrange beneficiários de programas sociais do governo.

Teles usam outras faixas enquanto 3,5 GHz não chega

Enquanto a frequência de 3,5 GHz não fica disponível, as operadoras brasileiras se aventuram com a faixa de 2,3 GHz ou com o 5G DSS, que compartilha o espectro das tecnologias anteriores.

A Vivo já iniciou o 5G na frequência de 2,3 GHz. A cobertura atinge a cidade de Brasília, Rio de Janeiro e São Paulo, mas no formato Non-Standalone — diferente do exigido pela Anatel para a faixa de 3,5 GHz. O 5G DSS também está presente em algumas capitais.

A Claro está mais avançada no 5G DSS: de acordo com o site da operadora, o serviço está presente em 54 cidades brasileiras. A tele também ativou o 5G Non-Standalone em 2,3 GHz em São Paulo e Brasília.

Em abril, a TIM ativou uma rede 5G Standalone na frequência de 2,3 GHz em áreas de Curitiba (PR). A operadora também possui 5G DSS em algumas capitais.

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Lucas Braga

Lucas Braga

Repórter especializado em telecom

Lucas Braga é analista de sistemas que flerta seriamente com o jornalismo de tecnologia. Com mais de 10 anos de experiência na cobertura de telecomunicações, lida com assuntos que envolvem as principais operadoras do Brasil e entidades regulatórias. Seu gosto por viagens o tornou especialista em acumular milhas aéreas.