Apple e Samsung são acusadas de dificultar acesso a peças para conserto

Kyle Weins, CEO e cofundador do iFixit, diz que Apple e Samsung proibiram fornecedores de vender chips e baterias ao mercado por meio de contrato

Pedro Knoth
• Atualizado há 2 anos e 11 meses
MacBook Pro (2020) com Apple M1 (Imagem: Paulo Higa/Tecnoblog)
MacBook Pro (2020) com Apple M1 (Imagem: Paulo Higa/Tecnoblog)

Em discurso à Comissão de Produtividade, que auxilia o governo da Austrália a tomar decisões econômicas, o CEO e cofundador do iFixit, Kyle Weins empresa que monta manuais de reparo de produtos de informática e tecnologia, disse que Apple, Samsung e Microsoft dificultam o acesso a peças e ferramentas de conserto de hardware.

Apple e Samsung dificultam revenda de peças ao mercado

Kyle Weins fundou a iFixit com o propósito de oferecer de graça caixas de ferramentas e manuais para que o próprio consumidor conserte seu hardware.

Nesta segunda-feira (19), Weins detalhou casos específicos em que duas fabricantes dificultaram o conserto de produtos. No inquérito sobre “Direito de Reparo” da Comissão de Produtividade, o CEO do iFixit disse que Apple e Samsung barram o acesso às partes avulsas de algumas linhas de aparelhos.

No caso da fabricante sul-coreana, Weins afirmou que uma das fornecedoras de bateria da companhia, a companhia alemã Varta, não consegue revender as baterias usadas na linha Galaxy Buds a terceiros devido a uma cláusula no contrato com a Samsung. “Isso é cada vez mais frequente” disse o executivo.

Samsung Galaxy Buds Pro (Imagem: Vitor Pádua/Tecnoblog)

Samsung Galaxy Buds Pro (Imagem: Vitor Pádua/Tecnoblog)

O MacBook Pro tem uma versão levemente modificada de um chip de carregamento que só funciona dentro do dispositivo da Apple. Novamente, o fornecedor do chip alega ter um contrato com a empresa que impede a revenda a terceiros, aponta Weins.

O executivo detalha que a operação da Apple na Califórnia negociou a reciclagem de partes avulsas com pouco tempo no mercado:

“A Apple da Califórnia para de oferecer serviços [de reparo] depois de 7 anos, e a Apple tem galpões cheios de partes avulsas que, em vez de venderem em marketplaces — em que alguém como eu com certeza teria comprado —, eles pagam uma empresa de reciclagem para destruí-las.”

CEO do iFixit propõe sistema de selo de reparabilidade

Para contornar o embargo de fabricantes à peças avulsas, um bom sistema, segundo Weins seria de cada país adotar um “selo de reparabilidade” para produtos de tecnologia.

O cofundador do iFixit apontou que uma pesquisa feita pela Samsung concluiu que 86% dos consumidores são capazes de trocar de aparelho se baseando na dificuldade de conserto; 8 em cada 10 podem abandonar a marca favorita em favor de um dispositivo que seja mais fácil de restaurar.

No começo do ano, o primeiro país a adotar esse tipo de selo que exige de fabricantes informações sobre o reparo de seus produtos foi a França. A Austrália também estuda adotar esse sistema de padronização.

No Brasil, o Código de Defesa do Consumidor (CDC) estabelece que o cliente tem o direito de pedir um reparo ao fabricante se o produto apresentar defeito dentro da garantia. A empresa tem 30 dias para consertá-lo. É possível  prorrogar o prazo para 180 dias, a depender do nível da restauração.

Com informações: ZDnet

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Pedro Knoth

Pedro Knoth

Ex-autor

Pedro Knoth é jornalista e cursa pós-graduação em jornalismo investigativo pelo IDP, de Brasília. Foi autor no Tecnoblog cobrindo assuntos relacionados à legislação, empresas de tecnologia, dados e finanças entre 2021 e 2022. É usuário ávido de iPhone e Mac, e também estuda Python.